sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Vício da Leitura

Já li zilhões(menos: milhares) de livros, como minha mana diz, sou um rato de biblioteca!
Tudo começou na minha mais tenra infância, antes de eu entrar pra escola e ser alfabetizado; eu via meus pais, minha avó e meus tios entretidos com aqueles objetos de papel, prestando muita atenção e/ou rindo ao olhar aquilo. Isso atiçou minha curiosidade e ao demonstrar interêsse, minha avó me ensinou a folhear(sem rasgar) as revistas e livros.
Então eu olhava as figuras e em alguns casos conseguia entender a mensagem, porém na maioria das vezes não, pedi para minha avó me explicar o que eram aqueles sinaizinhos que vinham acompanhando a figura e ela me disse: são letras, que formam as palavras, quando você aprender a ler entenderá!
Pronto! Eu não aguentava a ansiedade de ir pra escola aprender a ler, e azarado, faço aniversário em janeiro, só entrei no colégio com sete anos completos!
Mas em compensação, assim que entendi o sistema b+a=ba, ficou fácil, pegava as revistas e ficava soletrando, devo ter sido um dos que aprendeu mais rápido naquela turma!
Daí virei um visitador silencioso, entrava nas casas dos tios e primos e fuçava até descobrir onde estavam os gibis, outras revistas e livros e me sentava a ler. Uma vez fui na Tia Cema, irmã da vó, entrei no quarto do primo Jair (Bilico), peguei as revistas novas e sentei na sala lendo, a tia sentou ao meu lado e conversou comigo a tarde toda, só foi descobrir que eu não estava ouvindo , quando fez uma pergunta e eu não respondi!
Tio Samuel (Samo, ou Samuca San para os japinhas)comprou uma enciclopédia Delta Larousse, que era na época o supra sumo do conhecimento, fui olhando (lembro das fotos das indias e nativas africanas nuas, foram as primeiras mulheres nuas que vi!) e lendo o que me interessava, do primeiro ao último volume, também lia todos os gibis que ele comprava.
Seu José era colecionador da Seleções do Readers Digest, revista escrita para o americano médio e também comprava e colecionava os livros condensados da mesma editora; muito da influência na forma de pensar dos Carvalho Fontoura, vem dessa revista.
Depois descobri a biblioteca, primeiro a do CEAP, depois a Biblioteca Pública Municipal. A do CEAP abandonei logo, pois na época, tinha poucos livros que me atraiam, já na Pública descobri o prazer de ler obras autorais, o primeiro foi, não poderia deixar de ser, Érico Veríssimo. Ali cultivei uma mania, como as obras estavam colocadas de forma organizada em balcões, lá pelas tantas decidi que ia ler a biblioteca toda e comecei pelo primeiro balcão, depois fui para o segundo e assim por diante; não lembro se cheguei a terminar meu empreendimento pois fui fazer o curso técnico em POA, mas li um monte, até aí eu estava no ginasial, mais ou menos como a 8ª série de hoje.
Em Porto Alegre, a biblioteca da escola, mais para os assuntos do curso (Técnico Mecânico) e a Biblioteca Pública antiga e grande para o restante.
Depois descobri um primo do pai, o Paulo, militar, comprava dois ou três livros por mês e lá ia eu lê-los! Tinha uma boa coleção de obras dos grandes pensadores, tentei ler alguns, Sócrates por exemplo mas era demais pra uma cabeça de 15 anos, desisti no meio.
Disso tudo sei que li todos os livros que encontrei, do Érico, do Jorge Amado, do Moacir Scliar e do Luis Fernando Veríssimo e li também Cecília Meireles, Mário Quintana, Monteiro Lobato, Machado de Assis. Aluísio de Azevedo, José de Alencar, Carlos Drummond, Dalton Trevisan, Graciliano Ramos, Barão de Itararé, Clarice Lispector, Carlos H. Cony, Zélia Gattai, Lygia F. Telles, Joáo Ubaldo, Lya Luft, Rachel de Queirós e mais centenas de outros que não lembro.
Livros de autores estrangeiros também li centenas. Alguns me marcaram; na adolescência: Robinson Crusoe de Allan Defoe, já adulto: O Velho e o Mar do Hemingway, O nome da Rosa, A Estranha Leveza do Ser, Os Demônios de Bombachas e outros.
Tudo isso só pra dizer que tenho um primo, Eduardo Ritter, e um sobrinho, Gerson F. Dallacorte, que me chamaram a atenção pelos textos que escrevem, cada um no seu estilo, um mais solto e mais irônico, o outro mais poético e conciso, ambos admiradores do grande escritor americano (e bebum, mulherengo) Charles Bukowski, que eu não conhecia e passei a conhecer um pouco por causa deles.
Talento eles tem, resta saber se chegarão ao sucesso!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Canícula - 47 do segundo tempo - Netas

Estamos em Porto Alegre a passeio desde ontem. Impressiona o calor que faz aqui, cidade grande, muito asfalto e concreto, servem como acumulador de calor.
Estamos hospedados com meu filho em seu apartamento( ou acampartamento?) de solteiro. É incrível, tudo o que diz respeito à profissão e hobbyes dele, perfeitamente arrumadinhos em prateleiras ou estantes, o resto bagunça total!
Como era de se esperar, toda viagem que se faz tem que ter seus percalços. Tínhamos conversado pelo MSN e eu peguei o seu endereço, anotei junto com os nºs dos celulares dele e do Leandro(genro), pois ambos haviam mudado de endereço.
Coloquei o papelzinho no criado mudo ao lado da minha cama e ainda falei pra Mônica, não posso esquecer disso. Resultado: esqueci, lembrei do maldito papel já perto de Porto Alegre.
Sabia mais ou menos onde o Marquinhos trabalhava pela referências que ele deu, na Érico Veríssimo um pouco adiante do prédio da RBS, chegamos por ali procurei um lugar pra estacionar, sem querer estacionei ao lado do prédio onde ele trabalhava, se ele chegasse à janela teria nos visto! Não lembrava do nº, por fim a Mônica me salvou, quando liguei, mensagem avisando que meus créditos estavam acabando, mas consegui falar com ele e tudo se resolveu!
Saímos para almoçar hoje, circulamos pela cidade até nos decidirmos, Shopping Praia de Belas, ar condicionado, pessoas bonitas, praça de alimentação; comida para todos os gostos.
Mas nossa epopéia não pode ter sucesso sem algum tipo de dificuldade, a nossa foi estacionar!
Entramos com o monza para estacionar no shopping, subida em caracol, as juntas homocinéticas do velho carro protestaram, fazendo o ruído característico (clac, clac, clac) por estar fazendo força numa curva contínua, mas até aí tudo bem!
Em meio a subida os carros começaram a parar, arrancar, parar, sinceramente me deu medo de uma quebra, mas o pior estava por vir! Carros a frente, carros atras e o monza apagou!
Dificuldade pra fazer pegar, o carro de tras grudado no bundão do monza, tive que resolver no braço, mas no final deu tudo certo!
Chegamos ao estacionamento, no topo do prédio, a céu aberto, termômetro marcando 33º celsius, pensei vai tranquilo a 50º internamente na volta do almoço.
Entramos, e oh delícia! Temperatura ambiente cerca de 20º, movimento normal e não a agitação que esperávamos, tudo numa boa!
Mas o que eu queria contar mesmo é que aos 47´ do segundo tempo, depois que eu já havia entregue os pontos e estava me preparando pra viajar completamente só pra cá, o acaso, destino ou seja lá que for interferiu em minha vida.
Voltando um pouco, na sexta feira anterior, chegou correspondência pra Mônica, o normal depois da separação era entregar na secretaria da escola onde era recolhida pelo Uiliam(filho), porém esqueci, sábado de manhã resolvi enfiar as cartas por baixo da porta da casa dela, quando chego lá, ela estava na porta com a cachorrinha, ou seja, entreguei as cartas em mãos.
Bastou um olhar.
Depois já em casa recebo uma mensagem, falando de saudade e outras coisas, combinamos de conversar cara a cara. Resultado, cá estamos a passeio.
A verdade é que gosto desta pequena demônia, acredito que esta é a última chance pra nosso amor, então, temos que fazer dar certo, os dois!
Voltando ao almoço.
Depois de circular por quase toda a praça de alimentação nos decidimos (na verdade eu decidi) por almoçar na Petiskeira, pois já havia comido lá e sabia que a comida era boa.
Decidi por entrecot acompanhado de fritas, arroz, ovo estrelado e farofa, para beber, uma coca bem geladinha, muito bom!
À noite fomos na casa do Leandro, ver as netas e todo o pessoal que estava por lá, confesso que estava apreensivo quanto a forma que seríamos recebidos, afinal a separação deles é recente e há mágoas e coisas não resolvidas, porém correu tudo dentro da normalidade. Revi e matei saudades de minhas pretinhas, fiquei um pouco preocupado com Fernandinha que está com um sobrepeso regular, mas vi que a avó se encarregou de fazê-la emagrecer, também notei que a Vivian está mais retraída, demorou a se aproximar de mim.
Vou colocar as fotos no Orkut depois.
O churrasco estava muito bom, afinal o açougueiro sempre escolhe as melhores carnes pra si, né? Hehehehe
Assim vamos; hoje dormimos a manhã toda e estamos resolvendo se vamos sair. Acho que vamos ver um filme no Shopping da Barra.
Chove lá fora e está mais fresquinho.


domingo, 19 de dezembro de 2010

Estatísticas

Estou impressionado!
Descobri as estatísticas do blog!
Com gráficos, tabelas, mapas, mostrando quantas pessoas lêem o meu blog e em que lugar do planeta eles estão, já são mais de 2100 visualizações desde que comecei!
Olhei o mapa mundi, Brasil, Argentina, Itália, EUA, Rússia, Europa Ocidental, Ásia!
Lógico que perto de blogs famosos, eu sou minúsculo mas me impressionou a capilaridade, o alcance que tem isso! A pessoa digita uma palavra manda pesquisar e pimba! Lá estamos nós!
Hehehehe! Estou feliz com isso!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O grande fiasco

O meu time do coração vai disputar o 3º lugar no mundial interclubes.

Nada mais merecido.
Quando houve aquela mega festa na véspera da viagem a ABu Dabhi, comentei com amigos que estava errado, festa se faz na volta depois de se sagrar campeão.
Não deu outra, fiasco completo diante de um adversário no mínimo inocente. Incompetência e impotência, congelamento emocional dos craques do time, treinador autosuficiente cometendo equívocos nas substituições, deu tudo absolutamente (lembrando o filme) errado.
Viramos chacota, o goleiro Kidiaba celebridade mundial às nossas custas!
E os gremistas, por tanto tempo sendo corneteados por nós, gozando com o emprestado p.. africano.

A longa despedida

Hoje me dei conta.
Estou a seis meses me despedindo do meu último amor, algumas vezes saudoso dos bons momentos, em outras revoltado ou irado com coisas que aconteceram.
Mas seis meses é muito tempo pra ficar pensando em alguém que não te quer mais, não acha?
Bola pra frente irmão, deixa isso pra lá!
Como disseram Evanise/Fábio( fico feliz em ter ajudado a unir estes dois!), a gente só estará completo quando encontrar alguém que te complete e só se completará alguém que se aceite e esteja em paz consigo mesmo.
Como disse outro dia, vou viver a vida, com simplicidade, paz e valorizando muito os amigos!
Não vou ter pressa, não vou me afobar por estar só, vou deixar o tempo passar e deixar acontecer ao natural. Tenho que cuidar da minha saúde, que andei negligenciando muito, cuidar dos dentes e da diabetes, melhorar a minha alimentação( tenho comido muito e errado).
Tenho que praticar exercícios físicos ou dançar, muito.
Tenho dançado bastante, mas não encontro nestes locais o amor que procuro, talvez esse não seja o local onde vou conhecer alguém adequado. Disse um conhecido, num desses bailões que frequento: "Não é aqui que vais encontrar uma mulher pra casar!"
Estou com um pressentimento de que vou conhecer alguém especial, alguém definitivo em minha vida, alguém cuja beleza não seja somente externa, mas de uma beleza interior luminescente e iluminadora, alguém que me traga a tranquilidade da completude, que me faça saciado de amor, atenção e carinho. Só não sei em que local a encontrarei!
Eu preciso voltar a conversar com Deus, indo ou não ao templo, nas minhas conversas com Deus atualmente só tenho pedido proteção aos meus pais, meus velhinhos queridos e que, no momento, tem a mim para preservá-los, preciso orar e pedir por mim também. Existe a mensagem divina que diz: "Peça e te será dado." Vou pedir.
Preciso pensar na minha aposentadoria, pensar no meu futuro, pensar nos meus filhos( a quem a separação dos pais desnorteou, pouco/muito não sei), pensar nos meus netos espalhados por esse país continente.
Estou meio congelado emocionalmente, preciso viver!


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Poeminho de adeus sem jeito

Hoje vi você
a saudade bateu forte
doeu fundo no meu peito
e eu que achava
nada mais sentir
que a minha sorte ao meu jeito
eu procurava
era mentir
pra esconder
que não pude escolher
para mim a melhor sorte
hoje vi as fotos
as últimas de nós dois
lá só estavas de corpo
o olhar dizia tudo
que aconteceria depois
era um amor
moribundo
se despedindo
afundando
nada pudemos fazer
tinha que acontecer
do jeito que aconteceu.
Adeus!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Vou viver a vida


Eu não vou pensar mais nos amores passados!
Não vou pensar nos erros cometidos, nos momentos em que devia calar e falei coisas inoportunas.
Não vou pensar nas coisas que ouvi, não dei importância e descobri depois que eram verdade.
Chega de viver sob o suplício das dúvidas, das desconfianças, da incerteza.
Meu mal é me doar integralmente, quando estou com alguém, eu sou dessa pessoa e é aí que me perco, me arrebento.
É um erro recorrente, o aprendizado é lento, difícil abandonar velhos hábitos, talvez eu morra praticando os mesmos velhos erros, homem romântico e crédulo.
Dizem: Cavalo velho não aprende truque novo!
As mulheres evoluíram, adaptaram-se, são mestres nestes jogos onde nós homens somos meros aprendizes, nós sempre perdemos de goleada.
Querendo elas nos trazem pela ponta do nariz, como reprodutores numa exposição, engambelam-nos direitinho com meia dúzia de caras e bocas e um pouquitinho de carinho; pronto lá vamos nós, de quatro, abanando o rabinho, felizes e contentes atrás da dona!
Vou me dedicar a viver o que me resta de vida mais tranquilo, com mais paz. Vou valorizar os amigos, eles são a base pra que não sejamos solitários, nem amargos.
As decepções doem, mas são lições de vida.
Porém não me arrependo de nem uma das minhas atitudes, o que fiz está feito, se não foi bom, foi lição, também não quero guardar mágoas nem rancores, isso não é bom pra alma nem pro corpo.
Vou viver a vida....

sábado, 4 de dezembro de 2010

Mulheres Calipígias

Vênus Calipígia é conhecida pelas nádegas perfeitas, obtidas junto ao deus Zeus em troca de favores proibidos, diz a lenda.
Eu, e todos os restantes 100 milhões de brasileiros homens, admiramos, cultuamos e festejamos essa parte da anatomia feminina; não é por menos que vemos nas academias a mulherada se matar em exercícios que firmem, arredondem e dêem volume a seus derriéres.
Isso quando é possível só com exercícios, colocar em evidência, essa parte anatômica.
Quando não é possível, recorrem às plásticas e ao silicone.
Mas porque dessa introdução, que deixa claro ser eu admirador de nádegas, bundas e traseiros femininos?
Existem métodos e teorias que contemplam o assunto, fazem classificações e vão ao fundo (as vezes literalmente) da questão.
A minha preocupação inicial é estética; babo-me todo ao apreciar visualmente um bumbum feminino! Parados, em movimento, correndo, dançando, nadando, na praia, na serra, no campo, em qualquer lugar!
Eu gosto mesmo! Acho bonito, atraente, sensual! Eu sinceramente não sei o que as mulheres pensam quando a gente fica olhando, mas acho que, no geral, elas gostam, caso contrário não se esforçariam para deixá-los mais belos!
O supra sumo dessa admiração nacional se traduz nas mulheres frutas, e delas o expoente maior é a mulher melancia que levou a proporções quase absurdas o tamanho dos glúteos e milhares de homens quase ao paroxismo diante das exibições que a moça faz!
Mas observem, meus caros amiguinhos(as) existe um complemento que é absolutamente necessário para que a admiração chegue ao máximo. A mulher tem que ter cintura, de preferência a famosa cinturinha de vespa. Só assim, fica garantida a relevância naturalmente merecida.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Estar só

Oh, yes

existem coisas piores que
estar sozinho
mas com frequência demoramos décadas
pra percebermos isso
e com mais frequência
quando conseguimos
é tarde demais
e não tem nada pior
que
tarde demais.

Charles Bukowski , tradução Gerson Dallacorte, meu sobrinho.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Eu quero uma mulher que pense assim!


Eu gosto do claro quando é claro que você me ama
Eu gosto do escuro no escuro com você na cama
Eu gosto do não se você diz não viver sem mim
Eu gosto de tudo, tudo que traz você aqui
Eu gosto do nada, nada que te leve para longe
Eu amo a demora sempre que o nosso beijo é longo
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby, com você já, já

Mande um buquê de rosas, rosa ou salmão
Versos e beijos e o seu nome no cartão
Me leve café na cama amanhã
Eu finjo que não esperava
Gosto de fazer amor fora de hora
Lugares proibidos com você na estrada
Adoro surpresas sem data
Chega mais cedo amor
Eu finjo que não esperava

Eu gosto da falta quando falta mais juízo em nós
E de telefone, se do outro lado é a sua voz
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby com você chegando já

Autor Desconhecido

domingo, 28 de novembro de 2010

Sonho recorrente


Sonho com você
Sempre estamos nus
Em alguns momentos fazemos amor
De conchinha, como só você sabia fazer
Os movimentos sinuosos, coleantes, circulares, até se encaixar completamente
Em outros fico somente contemplando teu corpo
Como eu sempre fazia
E eu dizia de como era privilegiado
De poder olhar pra teu corpo assim, em abandono sobre os lençóis
A perfeição das curvas do teu corpo magro, longilíneo
Apesar da magreza as curvas eram perfeitas
As nádegas redondas, os seios lindos, pequenos
As coxas longas e macias, os pelos dourados, brilham contra a luz
Eu elogiava e você sorria, dizendo que não era tanto assim
Então acordo e você não está a meu lado
Sinto um vazio tremendo
Estou só

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A desilusão do quase.

Esse texto é muito bom, mesmo que não seja do LFV!
Reflete mais ou menos o que penso de como não se deve viver a vida.

"Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis,tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque,embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Luis Fernando Veríssimo "

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dinossauro do Rock





Ontem fui assistir meu sobrinho Ale e sua Banda Parada Obrigatória se apresentarem na Praça da República, nos eventos de encerramento da Feira do Livro de Ijuí.
Trata-se de evento eminentemente cultural, tradicional em nosso município.
Devo salientar que me senti um pouco deslocado no meio daquela turminha de adolescentes, dos mais diferentes estilos. Tinha a turma dos bonés virados pra trás, nitidamente pessoal dos arrabaldes que gosta de metaleira braba, depois tinha a turma das patricinhas, com os cabelos pintados das mais diversas cores; só pra exemplificar, atrás de mim, estavam sentadas quatro, uma com o cabelo lilás, outra com o cabelo vermelho vivo, outra com cabelo verde fosforescente e uma última de cabelos louros naturais fazendo a nota destoante do grupo. Nesse mesmo grupo garotos com cabelos esquisitos, penteados para todos os lados, dando a aparência de um ninho de passarinho revirado. Hehehehe.
O interessante é que essa galera sabe as músicas de cor, e cantam junto e vibram com a apresentação, igualzinho a gente vê na tv.
Gostei das músicas, umas duas ou três já conhecia de tanto ouvir tocar no rádio, tem composições novas e fizeram alguns "covers".
Mas o que eu queria dizer é que eu, dinossaurão do rock, comprovado e juramentado, gostei muito do que vi, os caras sabem tocar, o vocal é encorpado, as guitarras são "iradas", o baterista é bom demais ( me lembra aquele baterista dos "muppets"pelo jeitão de tocar o instrumento, ele deita o cacête sem dó na batera).
Mas o mais legal foi ver o jeito que esse povo me olhava, um velhão vestido todo social, sentado no meio deles bem quieto e, quando começou a música ficava batendo o pé no ritmo do rock!
Aí quando o Ale perguntou se tinha parente ali, ergui a mão, então o povo compreendeu porquê eu estava ali, era pra ver o sobrinho se apresentar. Agora podem ter certeza! Se ele não fosse bom eu não vinha!
Esse testemunho dou, pois já vi, nesta mesma praça "Os Incríveis", no antigo Cine América "Renato e Seus Blue Caps", no Araújo Viana em POA "Rita Lee e Os Mutantes", no antigo ginásio do Grêmio "Elis Regina, Martinho da Vila e outros", no Rio de Janeiro "Jorge Ben" (antes de ser Benjor), no Rio também vi "Sivuca", sem falar dos filmes do "Elvis", dos "Beatles", do"Abba" , e muitos outros. Então eu sei se a música, independente do gênero, é boa.
Abração gurizada, fiquei fâ!


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O meu time, rumo ao mundial


O inter está aproveitando este final de campeonato pra ajustar as peças visando o mundial de clubes.
Ontem, apesar de perder o jogo, já vi progressos no ataque, e acho (se fosse eu o treinador) que o ataque titular deve ser esse: Rafael Sóbis e Leandro Damião, ficando o Alecssandro como reserva imediato.
Mal posso esperar pra ver esse mundial, temos chances, temos chances!
Valei-me São Luis Fernando Veríssimo!

Mas que côsa bem feita tchê!


Como os meus velhinhos e mais Tia Nara e Tio Naná estavam aqui ontem, acompanhei a corrida de fórmula um meio de orelha.
A mim não importava muito quem fosse campeão, desde que não fosse aquele bobalhão do Alonso.
O cara até pode ser bom, afinal, já foi campeão, mas bota bobalhão prepotente. O cara tem o rei na barriga, ou acha que tem, e fica exigindo atenção e privilégios por conta disso.
Desde aquela corrida em que ele atropelou o Massa na entrada dos boxes, peguei nojo da figura, e aí vem a ultrapassagem comandada dos boxes.
Fica clara a preferência dada ou exigida pelo boneco junto à Ferrari.
A escuderia campeã mostrou como pode se ganhar campeonato dando condições iguais aos dois pilotos, mesmo tendo um preferencial.
Mas o que me deixou feliz e realizado na corrida de ontem foi o piloto russo, nem prestei atenção no nome, mas é um novato procurando seu espaço neste circo milionário.
A dondoca do Alonso não conseguia ultrapassar o russo, olhando nas reportagens descobri que é Petrov, que se defendia bem, aí, quando conseguiu ele resolveu reclamar com gestos largos e agressivos, o russo olhou pra ele e deu o troco, provavelmente com o dedo do meio em riste mandando o espanhol mimado tomar lá naquele lugar onde o espinhaço perde o nome.
Vi isto no jornal matutino da tv e fiquei realizado!
Até que enfim alguém mandou aquele palhaço se situar, se o cara quer ser campeão, que o seja por competência e não exigindo privilégios na sua escuderia e exigindo preferência nas escuderias concorrentes. Quer ultrapassar? Te vira meu!

domingo, 7 de novembro de 2010

A alma e o coração (assim está meu estado de espirito).

Citando meu sobrinho Gerson, do blog "Assim falhou Zaratrusta", que cita Charles Bukowski.

Na chuvosa noite de Pisa

a alma e o coração
(Charles Bukowski)


inexplicavelmente estamos sozinhos
para sempre sozinhos
e era pra ser
assim,
não era pra ser
de nenhum outro modo -
quando a luta contra a morte
começar
a última coisa que desejo ver
é
um círculo de faces humanas
pairando sobre mim -
prefiro meus velhos amigos,
e as paredes de mim mesmo,
que estejam somente eles ali.

tenho estado sozinho mas raramente
solitário.
satisfiz minha sede
no poço
de mim mesmo
aquele vinho era bom,
o melhor que já bebi,
e esta noite
sentado
olhando a escuridão
finalmente entendo
a escuridão e a
luz e tudo que está
entre os dois.

a paz da alma e do coração
chega
quando aceitamos como
é:
ter nascido
nesta
estranha vida
devemos aceitar
as inúteis apostas de nossos
dias
e nos satisfazer com
o prazer de
deixar tudo
pra trás.

não chore por mim.
não sofra por mim.

leia
o que escrevi e
então
esqueça
tudo.

beba do poço
de você mesmo
e comece
de novo.

Crônica de um amor moribundo

" Infelizmente eu tenho que escolher entre a doença e vc. Foi muito dificil tomar essa decisão. Mas vc tem o direito de achar alguém que corresponda com teus anseios, e essa pessoa não sou eu. Te amo mas não dá. Me perdoe e obrigada."
Assim terminou, num torpedo via celular, a minha relação de três anos com a Mônica.
Voltando no tempo.
Quando a conheci, a nova funcionária trabalhando na secretaria da escola, era uma mulher com corpo de menina, magrinha, seios pequenos, parecia uma adolescente e isso me atraiu.
Conhecendo-a melhor descobri, além da aparência, uma mulher inteligente, vigorosa, disposta e ativa. Gostava de festas, era parceira pra tudo.
Sua história de vida é cheia de percalços, dificuldades e traumas. Na infância uma queimadura enorme cobrindo a metade do seu peito, adulta é abandonada pelo companheiro grávida do segundo filho. Tem dificuldades para criar os filhos, os pais (principalmente a mãe) interferem criando dificuldades adicionais. A diretora da escola particular onde trabalhava adoece gravemente, ela assume toda a responsabilidade de mantê-la funcionando. O pai hipertenso, é internado várias vezes, ela cuida dele sózinha no hospital por vários dias, até sem comer. A filha adolescente engravida e sai de casa, o filho é meio revoltado.
Toda essa carga emocional ela estava segurando a muito tempo, um dia iria explodir de alguma forma. Quando ela veio morar comigo, sentindo-se segura, se permitiu relaxar.
Aí aconteceu.
Sindrome do pânico, depressão, apatia. Ela foi ao fundo do poço.
Eu assustado e sem entender direito o que acontecia tentava ajudar, sem sucesso.
O amor que era incipiente sofre essa carga destrutiva e vai sufocando lentamente, finalmente num desentendimento com o filho e eu, ela acaba saindo, a meu pedido, da minha casa.
A doença se agrava, é internada para tratamento com acompanhamento psiquiátrico, acompanho visitando-a diáriamente. Ao final de dez dias tem alta, aparentemente melhor, mas dois dias depois todos os sintomas estão de volta.
Ainda tentamos reviver a relação, mas não aconteceu e o triste desfecho veio em forma de torpedo.
De tudo, ficam os bons momentos, os bailes, as viagens, as pescarias, os momentos de carinho.
Sei que ela vai se recuperar, um processo demorado com certeza, mas vai acontecer a reconstrução, e quero ter o prazer de vê-la sair dessa!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Pacu Grande

Neste feriado, pra driblar a tendência de ficar sozinho, liguei pro mano e o convidei pra almoçar aqui, convidei-os pra comer peixe assado pois tinha dois de bom tamanho guardados no freezer, uma carpa hungara e um pacu grande.
Esses peixes estavam reservados pra tia Nara, mas ela não veio, depois iam ser comidos pelos meus colegas de serviço, também mixou na última hora e como eu já tinha descongelado e o mano tinha ligado avisando que viera do Paraguai pensei, é agora que eles vão.
Essa história do pacu grande, pacu pequeno, aconteceu na escola; algum gozador, logo que começaram aparecer esses peixes por aqui e ninguém conhecia direito colocou uma caixa na sala dos professores com um cartaz;: "Pacu Grande e Pacu Pequeno, não mexa!". A caixa tinha uns furos em cima de forma que todas as profes curiosas não resistiam e iam espiar, olhavam, davam risadinhas e saiam de fininho sem comentar nada. Por fim todos espiaram. Dentro da caixa dois rolos de papel higiênico, um normal (pacu pequeno) e um rolão (pacu grande). Hehehehehe
Essa pegadinha me fez lembrar de outra que apliquei numa profe de biologia, perguntei a ela: na hipótese de que fosse possível cruzar um quero-quero com um pica-pau qual seria o nome dos fillhotinhos? A mulherada na sala dos profes começaram a cochichar entre elas e a rir e a indagada, ficou vermelha e, por fim, declarou que não sabia como iam se chamar os bichinhos. Hehehehehehe
Outra vez eu ia passando no corredor da escola e vi uma profe de química que eu não ia muito com a cara dela, entrei na sala de supetão, escrevi no quadro CHOPP e perguntei pra ela que substância era aquela e saí de fininho. Eram alunos do curso técnico, na saída pisquei o olho pra eles. Depois os alunos me contaram, a profe embatucou, ficou analisando e repetindo, C carbono, H hidrogênio, O oxigênio, P fósforo duas vezes, por uns dez minutos, até que ela se afastou do quadro e decifrou a charada! Levei um pito dela na sala dos profes! Hehehehehe
Voltando ao almoço, feriado bonito de sol, o Paulo levou os velhinhos no cemitério pra visitar nossos falecidos e depois vieram pra cá.
Sentamos na sombra da bergamoteira, chimarrão, a Marlene pediu uma caipira, mostrei os ingredientes e ela preparou,eu, ela e o pai bebemos, o Paulo tomando cerveja. Quando o almoço ficou pronto abri um vinho pra seu José e tomei junto. Dos peixes só sobraram as espinhas, acredito que estava bom pois era quase 5kg de peixe. Depois do almoço acompanhei o Paulo na cerveja e, quando eles foram embora eu já estava bem tontinho da misturança. Deitei e dormi até as 19:30h.
Agora já estamos combinados, a Marlene vai comprar um peixe para eu fazer à escabeche.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O suicida

Estava desempregado, as ex-mulheres apertando na cobrança das pensões. Época de crise braba no Brasil, só conseguia bicos e muito raros.
Com o dinheiro da indenização havia comprado uma casa numa cidade dormitório, ao lado da capital.
Vendi o carro e fiz reformas para ter um minimo de conforto.
A mulher se desdobrava nas costuras da malharia.
Asim ia empurrando com a barriga, a vidinha sem horizonte.
Alguém compra o terrreno ao lado e rápidamente constroi uma casinha com material usado.
Kiko, Rosane e um filho pequeno. Muito jovens, fugiram da colônia para se casar.
Ele um alemãozinho mirrado, ex-colono, ex-funcionario do Banco do Brasil, à época empreiteiro de obras (pedreiro). Foi demitido do banco porquê dava empréstimos aos colonos sem verificar a capacidade de pagar, com a inadimplência aumentando dia a dia, perdeu o emprego.
Ela uma loura alta e (muito) bonita, apesar da pouca instrução, chamavam-na de Xuxa pela semelhança.
O dinheiro andava curto pra eles também; a solução foi Xuxa ir trabalhar. Conseguiu um emprego de faxineira em uma grande indústria, a vida deles melhorou um pouquinho.
Com o tempo fizemos amizade, Kiko e Xuxa eram legais, o filho educadinho, ambas as famílias arribadas ali naquele lugar, sem raízes muito fundas, éramos semelhantes.
Então começaram os problemas. Kiko já bebia consideravelmente.
Xuxa destoava das demais companheiras de faxina, era bonita demais, isso chamou a atenção das chefias e também de todos os operários da fábrica.
As cantadas eram diárias. Apesar da fidelidade ao marido, tamanho assédio acabou mexendo com seu ego. Descobriu que tinha um poder em suas mãos, começou a se arrumar melhor, usar perfume, se pintar.
Kiko intuiu que estava correndo riscos, porém, encurralado pela situação financeira, não podia exigir que ela abandonasse o emprego, começou a ter crises de ciúme.
Levava-a até a parada do ônibus, esperava-a no retorno e via os olhares e ouvia as piadinhas e assovios.
Cobrava-a, ela jurava inocência, dizia não ligar para as insinuações dos homens e nem dar trela à eles. Kiko torturava-se, contorcia-se, agonizava, morria e renascia para morrer de novo, estava enlouquecendo tamanho o ciúme. Tinha dúvidas atrozes, desconfiava, via indícios de perfídia nos menores gestos dela. E ela negando.
As bebedeiras recrudesceram, batia nela, batia no filho, depois chorava e pedia perdão.
Ela chorava, porém permanecia fiel, compreendia o medo dele, mas nada podia fazer.
Então chegaram as festas de fim de ano. Ela diz que não aguenta mais as bebedeiras dele, ameaça, se ele não parar, ela vai acabar abandonando-o.
Véspera de Natal, Kiko bebe o dia inteiro. À noite espanca a mulher e o filho, expulsa-os de casa ameaçando matá-los, ninguém vê ou ouve nada.
Dia de Natal, ao sair para o pátio vemos Kiko preparando um churrasco, desejamos boas festas, ele me chama pra tomar chimarrão. Ao chegar na varanda noto duas coisas estranhas, as mãos dele estão inchadíssimas e as pupilas estão tão pequenas que quase não se vêem. Pergunto das mãos ele explica que brigou com a mulher e filho, e os pôs pra fora de casa. Diz que está desconfiando dela e que não sabe o que pode acontecer.
Tomo alguns mates e peço licença, antes de ir Kiko me faz provar o churrasco.
O dia todo Kiko toca músicas de fossa, de dor de corno, no mais alto volume do som.
São 9h da noite, a vizinha do outro lado da casa do Kiko me chama, ouviu gritos desesperados na casa dele e agora o silêncio é sepulcral, a casa permanece aberta, ela teme que algo muito grave tenha acontecido, pede para eu ver, pois sou amigo dele.
Dirijo-me à casa, junto com minha mulher. Entramos, acendemos as luzes, chamamos. Silêncio.
Olhamos nos quartos. Ninguém. O banheiro está trancado. Tenho um pressentimento, digo que vou procurar ajuda, minha mulher pergunta se estou com medo, ele deve estar bêbado, caido no banheiro, que eu abra logo a porta. Digo que não, que vou procurar ajuda.
Consigo que outro vizinho venha comigo. Ao entrarmos na casa avisto a carta sobre a mesa.
Leio, despede-se, pede perdão pela covardia, distribui os bens, faz recomendações sobre cobranças e pagamentos, dedica as flores do jardim para a esposa, determina a doação de seus órgãos, se for possível. Agora tenho certeza, digo ao vizinho que vou arrombar a porta do banheiro, ele concorda, pedalo a porta ao melhor estilo policial....
A porta bate no corpo pendurado, ele fica balançando, para lá e para cá, para lá e para cá....
Todos saem correndo e gritando porta a fora, eu fico, o vizinho volta a medo e me observa, contorno o corpo, com as costas dos dedos ( para não deixar digitais) verifico a pulsação: inexistente, está morto.
Olho seu rosto, crispado pela agonia. Suas mãos estão atadas com arame, a cadeira onde subiu caída.
Chamamos a polícia militar, eles vem rápido, eu e o vizinho somos detidos para averiguação, o cabo diz que não foi suicídio porquê as mãos estão amarradas, mostro-lhe a carta. Tenho medo de ser acusado de matá-lo. Somos interrogados, os depoimentos coincidem. Aguardamos a perícia que demora uma eternidade, quando vem, aliviados vemos a confirmação do suicídio e somos liberados.
Tenho pesadelos por um mês, com o Kiko enforcado.
Xuxa abandona a casa e vai morar com os pais em outro bairro. Alguns meses depois vem nos visitar.
Conta-nos que o advogado da empresa, um senhor de certa idade, tomou-a como sua protegida, deu-lhe um banho de loja, está fazendo-a estudar, diz que sua vida melhorou....

Encontro (ficção)

Ele recebeu o telefonema quando estava de saída do trabalho, estacionou o carro e atendeu.
- Alô!
- Oi, aqui é Priscila, o convite ainda tá de pé?
- Sim, onde nos encontramos?
- Não sei, que vc sugere?
- Barzinho de universitários, pode ser?
- Tá bom, me espere próximo ao Pastelão Universitário, então.
- OK, tô indo!
Desligou o celular, engrenou a marcha e dirigiu-se para a zona dos barzinhos, próxima à faculdade.
Estacionou, e quando se preparava pra descer do carro, vê a luz de ré acender no carro da frente, sente que o carro não vai parar, buzina no momento em que o carro bate no seu.
Depois do tranco, vê que o carro da frente começa a se movimentar pra ir embora.
Desce correndo para impedir a fuga, é uma garota, jovem universitária e um acompanhante, que ao ver-se bloqueada, desliga o carro e desce pra ver o prejuízo.
Olham; nada quebrado, nada amassado, libera a fujona.
Pensa, a noite não começou bem.
Alguns minutos depois, Priscila chega.
Dirige-se ao carro dela.
- Oi, e então?
Ela desce.
- Sabes que sou casada, acho que seria perigoso irmos a um barzinho desses em plena sexta-feira. Alguém pode nos ver e os comentários irão começar.
- Tudo bem, se queres discrição o lugar mais discreto que conheço é minha casa, fica num bairro distante e longe de ruas movimentadas, pode ser?
Pequena hesitação.
-Tá...
- Então me segue.
Depois de chegarem, o comentário.
- Mas tu te esconde, hein?
- É verdade! Olha eu não tenho cerveja, mas tenho vinho chileno, serve?
Pequena azáfama: pegar taças, abridor, escolher o vinho, abrir e servir.
Conversam.
Sentam-se na sala. Bebem em pequenos goles, o vinho é bom.
Ele conta um pouco da sua rotina de homem que mora sózinho, ela conta sua rotina de mulher casada com um homem que é alcoolatra e já não tem serventia nenhuma.
Ela fica um pouco triste, ele abraça seus ombros confortando-a.
Ela confessa que não faz sexo a mais de um ano. Beijam-se, olham-se nos olhos, as palavras já não são necessárias.
Ele levanta e estende a mão e a conduz para o quarto, beijam-se novamente.
Despem-se rápidamente, um tanto constrangidos pela falta de intimidade.
Ele a olha, ela é alta, os cabelos curtos de um louro acobreado, os olhos verdes, está acima do peso mas mantém as curvas nos lugares certos.
Deitam-se e fazem amor, já nos primeiros movimentos ela estremece em orgasmo, tem três, um atrás do outro.
Depois, relaxada e sorridente ela despede-se.
- Eu te ligo sempre que me der essas ganas.
Provavelmente não irá ligar.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Marcos e Paulo



Eu e meu irmão, apesar do mesmo sangue somos diferentes em quase tudo.
Eu sou gordo, altura mediana, ele é magro e alto, eu sou moreno ele é claro.
Eu gosto de cantar, ele desafina até pra espirrar.
Eu leio muuiito, ele lê bem menos que eu.
Eu já votei da extrema direita até a estrema esquerda, e não resolveu, ele só vota na estrema direita, e também não resolveu.
Eu nunca me filiei a partido nenhum, ele já se filiou em dois, e não resolveu.
Eu sempre fui empregado, ele resolveu ser empresário, ambos com relativo (in)sucesso.
Eu casei com uma gringa, ele com uma japonesa, eu casei com uma alemoa, ele com uma russa, eu continuei trocando de mulher, ele parou.
Eu, quando guri, era brigão, ele arrumava brigas pra mim.
No futebol, eu fazia gols, ele era armandinho.
Na religião, eu sou meio desligadão porém crente, ele dá testemunho mas é meio fariseu.
Temos uma grande paixão em comum, o S.C. Internacional, que segue firme pro bi mundial.
Eu gosto muito de dançar e danço bem, maninho dançando parece que engoliu um espeto.
Eu decidi ter uma vida mais tranquila, com pouco dinheiro, ele segue correndo atráz do money.
Mas de tudo isso fica uma coisa, apesar de todas essas diferenças, eu gosto muito do meu irmão.
Na real, gosto de todos os meus irmãos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Prá criança




Olá amiguinhos! Nós somos a Lytzi, Pytzi e Kytzi, as gatinhas mais bonitas do Bairro Alvorada!
Nós moramos com mamãe Mietze na casa do Marcão, um ser grandão, de duas pernas, barrigudo, que faz uns barulhos estranhos e dá sustos em nós.
Mamãe nos ensinou a ter medo dele, porquê os filhotes que ela teve a tempos atráz, sumiram misteriosamente da casa, ela nunca mais os viu. Então quando ele vem em nossa direção nós corremos e nos escondemos!
Mas no fundo nós gostamos dele, mamãe disse que o treinou direitinho e fez demonstrações pra nós, quando ela foi nos ensinar a a comer coisas sólidas, nos chamou e disse: miiiuuu (olhem o que eu vou fazer!)
Dirigiu-se até os pés do Marcão, esfregou-se nele e disse miiaaaauuuu (nos dê comida!) e ele, obedientemente, colocou comida com gosto de peixe em nosso potinho! Depois ele encheu o nosso outro potinho com água fresquinha , a comida dá uma sede!
Nós nascemos no porão da casa do Marcão, dentro de uma caixa cheia de trapos de malha, depois nos mudamos pro sofá da sala que nossa mãe rasgou no lado, ficou um esconderijo bem legal.
Mas um dia a Nica, a faxineira do Marcão, pegou a nossa casa e levou para fora rasgou o pano do fundo dizendo: "Que horror, que fedor de cocô de gato", e lavou com muita água e sabão, depois colocou no sol pra secar; perdemos o esconderijo! Nesse dia nos escondemos no porão, com medo da Nica, um ser gordo, de duas pernas, que arrasta móveis, mexe com água, faz muito barulho e anda por toda casa!
Agora nós temos uma caixinha com areia, que Marcão colocou pra fazer cocô e dormimos no tapete colocado em cima da caixa de lenha.
Nós adoramos brincar e correr pela casa, subimos na estante de livros do Marcão e até derrubamos alguns! Agora estamos aprendendo o quê é "lá fora", saímos e descobrimos outro ser chamado "Batatinha" que tem quatro patas como nós, mas não é gato. é um ser assustador, com uma boca enorme e salta e corre ao redor de nós, e balança o rabo de forma diferente. Mamãe diz que "ela" é amiga mas nós temos medo e nos arqueamos e fazemos "ppffff" pra ela. Mamãe também treinou o Marcão pra abrir a porta prá irmos "lá fora", ele é muito obediente!
"Lá fora" é legal, tem sol, grama, arbustos pra se esconder, árvores pra afiar as unhas. pena é a chata da Batatinha pulando ao redor de nós. e tem uns bichinhos chamados passarinhos que dá vontade de pegar e comer!
Estamos desconfiadas, Marcão anda olhando de forma estranha pra nós, achamos que ele quer sumir com a gente.
Tem um outro ser chamado Mônica. que vem quase todas as manhãs, ela faz carinhos em Lytzi ( a filhote persa) e tenta pegar as outras duas, mas nós fugimos!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mis viejos no parque


Sábado levei "mis viejos" pra almoçar na EXPOIJUÍ, tive que insistir um pouco, pois a tendência deles é de querer ficar em casa no sossego, mas valeu a pena.
O seu José tinha vindo uma vez, a serviço da prefeitura, em tempos idos, bem no princípio( como diz um amigo meu: "nos primórdios") da feira, ficou impressionado com o tamanho e a pujança alcançada por este empreendimento.
Dª Mimi, mais passeadeira, tinha vindo várias vezes em companhia de Tia Ruth e Tia Eva, mas também já fazia tempo, pelo menos uns 15 anos.
Pena não ter podido mostrar todos os lugares pois "mi madre", com problemas nos joelhos, pouco consegue andar e, pra quem conhece o parque, alcançamos a Casa Espanhola com a velhita "pedindo água".
Resolvemos almoçar ali mesmo, entramos, a casa ainda vazia, faltava meia hora pra servirem, ficamos conversando e tomando sangria, que pro causo é uma delícia.
Eu tinha um intento na escolha dos espanhóis, era o de fazer eles provarem a famosa paella, prato típico servido junto ao buffet, pelo fato de que eu não posso comê-la por causa dos malfadados camarões.
Aberto o buffet, lá fomos nós, antes deles se servirem perguntei se alguém tinha alergia a crustáceos, disseram que não então deixei que se divertissem e comessem o que quisessem.
Dª Mimi até repetiu, ambos provaram a paella e gostaram, havia também a miga uma farofinha com bacon e farinha de milho com azeite de oliva, que os imigrantes gostavam muito.
Almoçados e sobremesados, tentei fazer com que caminhassem mais um pouquinho, mas não deu, devido ao cansaço materno tivemos que retornar e encerrar o passeio, eles percorreram duas ruas do parque achando tudo muito bonito. Se for possível ano que vem vou levá-los a outra casa típica para jantar, quem sabe de noite eles andem um pouco mais.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sufrir


postado por len em Mis poemas
Se sufre demasiado por amor, ésa es la verdad. Incluso los que se vanaglorian de estar perfectamente acoplados a su pareja, en lo más recóndito de su ser a veces albergan dudas, inseguridades o pequeños ...

Pena que Len não escreveu mais, não consigo mais acessar seu blog....

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Expoijuí-Fenadi

Todo ano, desde que voltei pra Ijuí, a cada feira, pelo menos uma vez vou lá e janto em uma das casas típicas, a fim de saborear os pratos típicos de cada etnia.
É uma riqueza que só os ijuienses tem o prazer de aproveitar, mas que oferecem alegremente pra todo visitante que chegar.
Quando eu era guri, achava que por toda parte era assim, uma mistura de povos de origens diferentes. Com o passar do tempo fui descobrindo que não, a politica de colonização era diferente, enfiavam uma leva de imigrantes do mesmo país tudo num lugar só e por isso temos os gringos na serra, os alemães nos vales, etc.
Com Ijuí foi diferente, eram outros tempos, precisavam acomodar os descendentes das colônias velhas e haviam levas pequenas de imigrantes de toda Europa que fugiam das guerras.
Mal sabiam esses dirigentes a riqueza que estavam legando a essa cidade; então ao lado dos alemães e italianos, temos holandeses, letos, russos, polacos, árabes, austríacos, suecos, negros, espanhóis, portugueses, e os gaúchos, representando o caldeamentos dessas raças que formaram nosso povo.
Costumes e crenças diferentes, alimentação, tradições, cultura formaram um caldeirão que gerou um povo diferenciado, somos bem diferentes da população das cidades ao redor, todas colonizadas práticamente por descendentes de portugueses. Nada contra meus patrícios, mas dá pra ver nitidamente a diferença no desenvolvimento, na cultura, na educação.
Lembro de meus colegas de CEAP, no "ginásio", Guimarães, Bergson, Fluck, Schmidt, Steinke, Wickert, Grammachek, Kaminski, Kriskzun, Ceratti, Benitez, Karlinski, Boger, Montagner, François, Garay, Fontoura, Vontobel, Schroer, Krutul, Witzke, Khun, Ketenhuber, Van der San, Faust, Schneider, Muller, Kirst, Bergel, Piccinin, Reufsaat, Thomé da Cruz, uma salada de sobrenomes das mais diferentes origens.
Mas voltemos à Exposição/Feira, desta vez não pude saborear o carro chefe da culinária típica espanhola, a famosa Paella porque nela temos crustáceos como o camarão e, assim como meu primo Dudu é alérgico a ovo, eu sou alégico a camarão e afins, e apesar de adorar o malfadado camarão, se comê-lo vou direto pro hospital. Me contentei com pratos menos perigosos e, depois, saboreando uma Heineken geladinha, assisti as apresentações das danças.
A graça das meninas, agitando saias, elaborando filigranas com as mãos e tocando castanholas é algo de uma beleza fenomenal. Diga-se de passagem, as danças mais sensuais e de uma plástica excepcional são, pela ordem: as Árabes, as Espanholas e as Afro; as demais interessam por mostrar através da dança o cotidiano de cada país, como a dança dos lenhadores alemães.
Outra coisa interessante são as vestimentas tipicas de cada país, revelam a riqueza e a criatividade desses povos.
Por fim, na feira só jantei porquê os preços dos objetos à venda são proibitivos para esse humilde e assalariado professor.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Há pessoas

Há pessoas que são como que ... iluminadas! Uma luz interior, um brilho sem luz, mas que é percebido, principalmente por quem dela necessita. Falo de Chica (Dª Maria Francisca), uma das colegas pacientes, internadas junto com minha frau.
Falei rápidamente dela anteriormente, uma mulher que apesar da depressão e da bipolaridade não parava um minuto quieta e fazia todo mundo sorrir.
Outro dia tive oportunidade de conversar mais longamente com ela e aí pude constatar toda a extensão do drama por ela vivido.
Imagine uma mãe que tem seu filho, um segurança de carro forte, atingido por tiros num assalto, um tiro na virilha, um tiro no estomago e um tiro na cabeça. Não morre, fica meses hospitalizado, recupera-se porém perde a visão de um olho. Ela cuidou dele este tempo todo.
Depois descobre estar com problemas sérios de saúde, diabetes, pressão alta e as artérias do coração comprometidas. Submete-se a três pontes de safena.
Depois tem uma série de microderrames (AVC´s) que continuam acontecendo, as safenas entopem, colocam stents, que também não funcionam, é necessário um transplante de coração.
Ontem ela foi para o Instituto do Coração, estava sentindo-se mal. Estamos torcendo para que tudo fique bem com ela!
A bipolaridade se manifesta se ela vir, ouvir ou deparar-se com alguma injustiça real ou possível de acontecer.
Houve um caso desses, dias atrás. Há um internado, por consumo de crack, do mal, já matou e estuprou; inventou de comentar em voz alta sobre as mulheres internadas: " tem muita mulher boa de bunda e de coxas aqui, essa noite vou atacar..."; pra quê! A Chica ouviu e, como diz o gaúcho, trepou num porco! Enfurecida, socando a mesa e chutando portas, ela exigiu de enfermeiras e monitores medidas para conter o tarado. Teve de ser sedada para acalmar-se. Mas funcionou, o cara, a noite foi sedado e amarrado à cama!
Entretanto, o normal dela é ser folienta, agitar a todos e fazer todo mundo rir!
Em tom jocoso, os pacientes falavam que o hospital iria segurá-la por uns dois meses, pois ela, melhor do que os remédios e médicos, curava os pacientes ou fazia com que melhorassem muito.
É uma pessoa especial, que apesar de problemas enormes, preocupa-se com as outras pessoas, faz tudo para vê-las felizes.
Saúde Chica!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Gente

Na minha profissão, lido com pessoas, muitas pessoas; alunos, colegas, pais. Me acostumei a ver ouvir, dialogar, observar, analisar e entender os mais diversos tipos de pessoas.
Porém esta semana, por força da internação de minha frau, interagi com um grupo inteiramente diferente de tudo que já tinha visto em minha existência. São pessoas que lutam contra as mais diversas dificuldades que a vida lhes apresentou; drogas, alcool, depressão, síndromes as mais diversas, fobias. Em tempo, acho que minha frau está com a Sindrome de Burnout, a doutora dela ainda não definiu o que ela tem e está fazendo uma série de exames pra ter certeza.
Uma prática do tratamento consiste em fazer com que todos se conheçam e participem de atividades que os envolvem, formando uma rede de relacionamentos. Lógico que alguns se esquivam, mas são chamados para irem ao pátio tomar sol e conversar e por fim todos se conhecem. Por força das visitas acabei conhecendo-os e a suas histórias de vida. E tem cada tipo!
Há os viciados em drogas, crack principalmente, todos jovens, a maioria da classe média e com um histórico de rebeldia, contestação e problemas familiares; uma exceção, rapaz pobre e viciado em crack, rouba da família, assalta outras pessoas, mata. É o único a tentar fugir, está ali contra sua vontade, rebela-se, tem que ser amarrado à cama e sedado.
Um caso bem curioso, menino, 13 anos no máximo, está ali porque é viciado em computador, foi a um extremo tão grande que esquecia de comer, dormir, estudar, estava a tanto tempo defronte a máquina que não conseguia mais caminhar e está tão desnutrido que parece um esqueleto coberto com a pele, fiquei impressionado.
Um tipo clássico, homem, meia idade, já gostava de beber. Ao falecer a esposa, atira-se à bebida de forma violenta e em um ano está num estado lastimável, delirium tremens, fica tão fraco que tem que ser carregado, hoje, já bem melhor, ao assistir à pregação de uma pastora é o último a sair da sala, dialogam, acredito que haverá uma conversão.
Outro caso clássico, moça romântica conhece homem sedutor, a moça tem bens e dinheiro, apaixona-se, o maganão permanece com ela até vender todos os bens herdados e gastar a grana toda. Consequencia, depressão profunda, perda total da auto estima; a moça bonita, elegante e bem vestida, quase para de piscar, engorda 40kg e passa a ter problemas de saude diversos. O mais impressionante é o olhar parado e um piscar lento depois de vários minutos. Assustador.
Um menininho bipolar, quando surtava, gritava, chutava, mordia machucando coleguinhas e professoras, já foi internado várias vezes, desta vez já está a 40 dias internado, alterna momentos em que é um menino normal, calmo e carinhoso, com outros em que é turbulento, barulhento e agressivo.
Os drogados, depois de um período de desintoxicação, são enviados para as "fazendas" ONG´s destinadas a recuperar essas pessoas.
Uma pitoresca, apelidada de Chica, é a animadora da turma, brinca, conta piadas, diz bobagens e faz todo mundo rir, seu problema? Depressão!
Outro. Pequeno comerciante, trabalha a vida toda, faz o pé de meia, educa os filhos encaminha-os. Decide comprar uma casa na praia, para curtir uma aposentadoria na sombra e água fresca. Ao comunicar a cara metade surpresa! Ela decretou que não arredava o pé e que ele fosse sózinho se quizesse! Revolta e depressão!
Um homem baixinho e barbudo, trabalhava como uma mula, ignorado pela família tem a sensação de ser transparente e que todos são surdos porque ninguém o ouve e nem o vê. Passa o tempo todo tentando ligar pra família, acho que bloquearam o seu celular. Depressão!


sábado, 18 de setembro de 2010

Meu Pai fez 83 anos


Meu Pai fez 83 anos. Ontem.
Hoje comemoramos, com um churrasco, como manda o bom figurino gaúcho.
Saimos de casa eu e Mônica as 9h, demos uma passada pelo centro e depois rumamos pra casa de seu José. Ele já esperava com a carne comprada, em um novo açougue que ele descobriu. Esse é um dos esportes nacionais do gaúcho: " Descobri um açouguezito especial de primeira, é meio escondido....mas a carne, ó, da ponta da orelha, macia, e o preço é bom." Daí vem os detalhes de como foi a descoberta, quem indicou e todas as referências. O mate já corria solto.
Como a carne já estava providenciada, fomos aos apreparos do fogo na churrasqueira, seu José é metódico: primeiro se limpa a churrasqueira removendo as cinzas que porventura restarem nela, depois buscamos a lenha e os gravetos na galpão, oportunidade em que ele conta pela enésima vez de como conseguiu aquela madeira com o vizinho e eu não me incomodo nem um pouquinho com isso, depois catamos galhos finos de pinheiro nativo pra começar o fogo, essa parte é importante, o pinheiro nativo (araucária) tem uma resina muito forte e inflamável o que facilita barbaridade o acendimento do fogo. Daí vamos a montagem do material pra iniciar o fogo, colocamos 4 paus de lenha gossa formando um losango, bem no meio da churrasqueira, depois as folhas e galhos finos de pinheiro, em cima os gravetos e, por fim, colocamos madeira grossa por cima de tudo formando um cone. Aí é só acender um pedacinho de papel e colocar embaixo das folhas de pinheiro, oiga le tê fogo bem lindo!
Aceso o fogo, entre um chimarrão e outro, fomos espetar a carne e salgá-la, conforme os preceitos campeiros. Tem que ser sal grosso, só jogado sobre a carne, não se pode esfregar porquê estraga (salga demais) a carne. No final, depois de assado o churrasco, é só bater a carne que o excesso de sal cai.
Nesse interim foram chegando os convidados, Marlene ; do Paraguai veio Francis e o amigo Davi com seu violão, o Jonathan e o Paulinho, o Moacir estava por ali, depois chegaram Tia Eva e Tio Gringo. Servi um licor que trouxe de casa, pra abrir o apetite. Contamos causos, piadas, rimos bastante e eu observando a alegria do velhito, faceiro, tava um pancadão de botas, bombacha branca e lenço colorado no pescoço. a Marlene tirou fotos de todos com o Pai (Vô, etc).
Carne pronta, fomos ao almoço. Tudo estava delicioso! Da carne, maionese, à torta que a cunhada fez!
Findo almoço, partimos pra cantoria. O Davi no violão e voz, Francis fazendo a segunda e eu a terceira com voz de catacumba, o sobrinho Ale, roqueiro juramentado, compareceu e deu uma canja, até ser convocado pela namorada e sair feito um furacão! Hehehehehe!
Quando cantamos uma musicas bem gauchescas o Pai se emocionou e quase chorou. Tá emotivo meu velhinho. Mas o que me impressionou, já pela segunda vez, é o que canta esse menino Davi, afinado, voz melodiosa e acompanha bem no violão! Uma beleza!
Eram quase cinco da tarde quando, cansados de tomar cerveja e cantar, demos por encerradas as comemorações. Fica a promessa de, no ano que vem, se Deus quizer, a gente repetir esta feita novamente!

domingo, 12 de setembro de 2010

Domingo


Acordei cedo, liguei a tv, olhei o globo rural e a corrida de F1 até quase o fim, tomei banho, comi uma salada de frutas e liguei para M pra ela se aprontar.
Peguei a M na sua casa e fomos buscar Vô José e Vó Mimi pra irmos a Santo Ângelo visitar Tia Nara e Tio Naná (é bem mais fácil que o sisudo Nabucodonosor) conforme tinhamos combinado.
Primeira surpresa, a estrada pra Santo Ângelo está boa, sem buracos.
Havia previsão de chuvas, mas apesar de estar abafado, não choveu.
Santo ângelo continua do mesmo jeitão de sempre.
Fomos recebidos alegremente, Tia, Tio e Fábio, tomamos chimarrão, se ajeitava um churrasquito, uma maionesezita, batemos papo, relembramos os velhos tempos e, quando vimos já estava pronto o almoço.
Pena o Dudu não estar lá, queria conversar com ele sobre o ofício de escrever, que ele desempenha tão bem.
O almoço estava ótimo a sobremesa idem, marcamos de eles virem a Íjui me visitar, quero fazer um peixe assado pra eles, e vamos levá-los pra dançar!
Pra finalizar o dia, fui até o bar do Fausto pra ver o Inter jogar! Droga! Empatamos com o lanterninha.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Porquê?

Ah o amor, ah os relacionamentos!
Porque tem que ser tão complicado?
Porque não consigo me comunicar com esses seres tão estranhos que são as mulheres?
Porque tenho tanta dificuldade em ser entendido?
Porque sou tão calado?
Porque esse meu jeito de ser é entendido como frieza?
Porque as mulheres inteligentes com quem tenho afinidade sempre escapam pelos meus dedos?
Porque não as consigo reter junto a mim?
Porque de umas quase morro de ciúmes e de outras não?
Porque me apaixono pelas mulheres erradas?
Porque essa fixação em mulheres de olhos claros?
É egoismo querer uma mulher que se dedique a mim e eu a ela?
Sou egoista?
Existe essa mulher?

Ontem fiquei sózinho de novo



Ontem fiquei sózinho de novo. Feriado, fui ao centro ver a parada da Pátria, os milicos desfilaram, com a organização de sempre, detalhe com o passar do tempo os canhões evoluíram, antes eram 75mm agora 115mm e o alcance aumentou. Fico pensando na inutilidade disso, de que adianta ter um obus com um alcance de 15km, se lá do céu, um superpotência querendo, pode despejar uma tempestade de fogo que destruirá a humanidade, ou com precisão milimétrica pode destruir meia dúzia de pessoas deixando tudo ao redor intacto. Chose de loke, mas é a ciência a serviço do belicismo.
Mas o que eu queria dizer é que esses desfiles de 7 de setembro perderam o tesão, perderam aquele frisson que percorria cada estudante que ia desfilar. Brigávamos para desfilar, para guardar a pira da Pátria, brigávamos para ser atletas, havia um sentimento de pertencimento, sabíamos os hinos de cor, do Brasil, do Rio Grande, da Bandeira e outros. Que garoto hoje tem esse patriotismo?
É mico, não querem pagar mico. Mico é aparecer na internet não sabendo a letra do hino pátrio e virar gozação, isso sim é mico.
Depois dos milicos, vieram as criancinhas e as escola municipais, todo mundo dentro de carrocerias de caminhões e camionetes, ninguém marchando de passo marcado, banda só a do exército e a Banda Municipal Carlos Gomes, onde as fanfarras e bandas marciais, onde os milhares de jovens com uniformes de suas escolas, cadê a paquera, os olhares entre os meninos e as meninas, os olhares desafiadores entre os rapazes de escolas diferentes, onde o clima de festa, onde os escoteiros e bandeirantes cuidando a corda pra que não invadissem, cadê o povo que acorria aos milhares lotando as calçadas? Marcaram o inicio da parada para as 8:30h saí de casa atrasado, cheguei ao centro e deixei o carro a três quadras de distância, e, mesmo assim pude assistir ao desfile práticamente a 50 metros do palanque oficial, nem o povo se anima mais. Desanimado vim embora, nem vi o final.
Mas o que eu queria dizer, também, que venho notando a seguinte situação, morar sózinho é bom, mas nos feriados é ruim. Dá uma sensação de balão se esvaziando, de fogo se apagando, de ser diferente e não pertencer a essa maioria não pensante que domina a humanidade. Não que pertencer a essa maioria seja bom, mas as vezes é bom se misturar, só pela folia que dá.
Assim, já meia tarde, resolvi ir a um pesque e pague me misturar com o povo, peguei as tralhas, umas minhocas e me fui!
Lá chegando, quase não achei lugar pra estacionar, de tão cheio que tava! Adultos, crianças, jovens, velhinhos, tinha de tudo.
Ha muito tempo que não pego peixes no pesque pague, acho que estava com pé frio, sei lá!
Mas não fiquei sapateiro! Peguei um cascudo na carretilha! Cascudo só cai em rede, por causa da boca que é virada pra baixo, mas vá lá, peguei um de quase 1kg!
Mandei limpar, já estava anoitecendo, e vim embora. Preparei-o com sal e farinha de milho e fritei-o como manda o figurino e papei-o irremediavel e definitivamente. Mietze e Batatinha ratearam os despojos.
Então, já noite, fui pro computador, MSN, etc.

sábado, 28 de agosto de 2010

Remember

Sou um adolescente, pratico esportes (basquete, vôlei, atletismo e futsal), sou um dos três melhores alunos da turma, magro, mas com a musculatura em dia, já aprendi a dançar, um pouco desajeitadamente. Sou um aluno bolsista, portanto pobre.
Hormônios em ebulição, descobri as meninas e estou deslumbrado com o que vejo e sinto. Elas são cheirosas, são macias e flexíveis, a turma faz todos os sábados reuniôes dançantes no saguão da escola, danço com Mara, danço com Lúcia mas mesmo achando que elas gostam de mim não me encorajo a tentar namorá-las, elas são ricas. Mara é morena e delicada, Lúcia é grande, loura e de olhos azuis.
Sônia é minha vizinha, pobre como eu, mais velha de uma penca de irmãos ajuda a mãe a cuidá-los.
Sônia foi a primeira namoradinha, é um ano mais velha do que eu, fomos ao cinema, no escuro peguei sua mão, depois, a medo, fui estendendo o braço até abraçar seus ombros, e ela deixou!
No domingo seguinte, já abraçado, fui descendo a mão até tocar seu seio, seio grande, bojudo, quentinho, firme e macio! Senti como se uma descarga elétrica me atingisse, um turbilhão de emoções passou por mim neste instante, ela é adolescente, mas já tem seios grandes como uma mulher adulta, senti um prazer indescritível só de tocá-la. E ela deixou!
Depois namorei Eva, loura de olhos verdes, tinha uma voz meio rouca que me deixava arrepiado,
foi a primeira menina que beijei de língua. Eva fumava, senti gosto de cigarro na sua boca, não gostei.
Então minha irmã, também já adolescente, começou ir aos bailes, com a tia e primas e por ordem de meu pai, comigo de cão de guarda.
Exceto minha irmã, todas eram mais velhas que eu, mas tomaram por capricho me ensinar a dançar. Dançava com todas até tomar preferência por duas, uma era Maria, amiga de minha tia, gringa, cabelos vermelhos, sardenta, nós dançávamos tão apertadinho que parecíamos um só, e a outra era prima, 9 anos mais velha que eu, não me apertava, mas a forma que ela dançava me enlouquecia! A prima tinha coxas roliças, macias, e dançava de um jeito que ficava me roçando o tempo todo, imagine o estado em que eu ficava! Trinta anos depois um dia perguntei a ela se sabia do efeito que produzia em mim, ela disse que nem notava. Sei não, acho que ela fazia só pra me sacanear.
Então fui estudar em Porto Alegre e deixei tudo isso pra trás.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O Poder da Palavra

Quando criança, íamos todos os domingos à Escola Dominical da Igreja Metodista. Lá foi que pela primeira vez ouvi que as palavras tem poder. Tem poder de curar, de abençoar e outras coisas cristãs. Fui crescendo e lendo, ou ouvindo que as palavras, em sua essência, tem poder para o bem ou para o mal.
Tive oportunidade de usá-las, uso-as muito atualmente, já que como professor é uma ferramenta de trabalho e, no meu mister, tenho o poder de encaminhar alguém para o sucesso ou para o fracasso com meia dúzia de palavras bem colocadas.
Mas muito cuidado! Uma palavra mal colocada, dita em hora errada, dúbia, pode gerar problemas enormes, até gerar inimizades!
Exemplos: Ano de 1977, eu era funcionário de uma siderúrgica estatal, como Instrutor de Treinamento ministrava cursos de aperfeiçoamento para os operários da usina, pessoal da manutenção e da produçao na área de mecânica. Numa dessas formaram uma turma para um curso rápido, por causa de uma parada para manutenção, vieram todos os operários de um setor da produção. Primeiro dia, os alunos chegando, nisso entra um sujeito, magro, muito alto e, com o cabelo vermelho todo arrepiado no cocuruto. Não me contive e exclamei: Mas tu parece um pé de milho, tchê!
O cara ficou todo encabulado e a galera, todos do mesmo setor, se deitou a rir.
Passaram a chamá-lo pé de milho, ele enfurecia-se com isto até que um dia, alguns meses depois, ele apareceu no trabalho armado com um 38 engasgado de balas. Chegou pros colegas e disse: O primeiro que me chamar de pé de milho morre, e depois vou lá na escolinha (era como os peões chamavamo centro de treinamento) matar aquele professor fdp que me botou esse apelido! Fui avisado pra me cuidar, se visse o pé de milho indo pro meu lado era pra correr!
Hoje chamam isso de buliing.
Outro caso, quando nasceu minha filha, nós morávamos em Charqueadas, vieram todos os avós no dia do nascimento, a minha mãe e meu pai, minha sogra e meu sogro. Eu estava trabalhando quando Vivi nasceu, fui avisado e corri pra casa onde estavam todos. Quando cheguei lá, feliz com o nascimento da filha exclamei: Mas tem avó até demais nessa casa! Era pra ser entendido como brincadeira.
Não demorou meia hora minha sogra e meu sogro se mandaram embora! E a velha ficou de mal comigo um ano! Até que um dia ela me perguntou o que eu queria dizer com aquilo, fiquei abismado, expliquei que era uma expressão do pessoal do interior, uma brincadeira, aí nos entendemos.
Descobri que tenho essa má sina de às vezes, mesmo não querendo, ofender, magoar, entristecer as pessoas com palavras irrefletidas. Depois de feito, isso me dói muito, mas aí, como voltar?
Alguém disse que tem coisas que não tem volta: a pedra atirada, a palavra proferida e o tempo transcorrido. Outro alguém disse que quando vamos falar de alguma pessoa, devemos pensar: isso vai construir ou destruir? e evitar palavras destrutivas.
Hoje é o terceiro dia que venho refletindo sobre isso, por ter proferido palavras que não me aumentaram nada em sentido nenhum, não embelezaram nada ao meu redor, não troxeram luz, calor ou alegria para ninguém e estou me sentindo muito mal com isso.
Espero que a pessoa atingida por essas palavras impensadas me perdôe.
Fim

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Textos de meu primo Dudu (genial!)

Li, gostei e reproduzo aqui dois textos de Eduardo Ritter, Jornalista e colunista do jornal O Rebate. Acrescento que, genéricamente, concordo com a teoria que não é teoria do supracitado rapaz.


Esclarecimento sobre a teoria duduziana – que na verdade não é teoria

Algumas mulheres, como minha ermã, por exemplo, acusaram a minha teoria duduziana de ser machista, porém, gostaria de fazer algumas considerações quanto a isso. A minha teoria, que na verdade não é uma teoria, mas sim uma hipótese (para ser teoria teria que ter dados empíricos, revisão bibliográfica sobre o assunto, etc, etc), enfim, a minha hipótese não quer dizer que eu concorde com os fatos. Na verdade, não chego nem a concordar nem a discordar. O fato é que o que escrevi é uma constatação baseada em impressões obtidas a partir da observação dos seres humanos que me cercam, e dos que são representados, principalmente, na televisão. Veja se essa lógica não é a das novelas, por exemplo? Dos filmes? Não estou dizendo que é em 100%, mas em grande parte do todo. Enfim (novamente), quero deixar claro que essa hipótese é uma constatação, e não uma OPINIÃO. Não julguei as mulheres nem os homens, só disse que existem tendências, provocadas pelos instintos, pelas cabeças femininas e masculinas que são virtualmente pensantes, etc. Admito, porém, que generalizei, sim, e que talvez tenha escrito no sentido de fortalecer estereótipos, o que faz com que eu mesmo me critique... Não pensei nisso antes, até que uma pessoa me chamou a atenção nesse sentido, e repensei o que tinha escrito, e concordei com ela: fui generalista. Mas (sempre tem o mas) continuo afirmando que a minha hipótese aponta algumas tendências que seguem a lógica que vejo no dia-a-dia.
Para não ser mal interpretado novamente, quero encerrar dizendo que gostei de todas as observações, afinal, como escrevi no texto abaixo, as idéias tem que ser debatidas, e não censuradas. Além disso, esse é um tema que pode ser eternamente debatido sem que cheguemos a uma única conclusão, a não ser a que não temos certeza se tudo isso que foi dito é ou não é do jeito que foi dito.
Postado por Eduardo

Teoriua Duduziana - O retorno

No Globo Repórter da última sexta-feira foi apresentado um dado curioso: a maioria das mulheres tem ciúme do companheiro por medo de perdê-lo para outra mulher, enquanto o ciúme dos homens é relativo à questão sexual. Pois esses dados confirmam a minha teoria, conforme explicarei agora.
Iniciarei citando um lugar comum: as mulheres perdoam mais facilmente a infidelidade do que os homens. Quantos casais você conhece que continuam juntos mesmo que todos saibam que o homem trai a mulher, e ela sabe disso? E quantos você conhece que a mulher trai o homem, e ele sabe disso? Eu, particularmente, tenho em minha memória mais casos relativos ao primeiro exemplo. Mas isso é justificável. As mulheres perdoam os homens justamente pelo motivo que elas, mulheres, traem. A mulher sempre entra num relacionamento esperando algo a mais do que sexo, diferentemente do homem. A mulher comprometida que busca um amante, vê naquele cara um homem com maior capacidade de fazê-la feliz no longo prazo. Óbvio que no início ela topará fazer aquele lenga-lenga de que sabe que o caso com o amante é só diversão, que não quer deixar o titular, etc, mas, não se engane, lá no fundo, no fundinho mesmo, ela está em busca de um relacionamento mais feliz e duradouro que o atual. Aliás, é como aquela mulher que diz que não quer casar, que não está interessada em namoro sério, etc. Não caia nessa! Todas as mulheres, eu disse TODAS, sempre estão na procura de um relacionamento sério. O papo do “não quero casar, não quero nada sério” é uma gordurinha que ela deixa para queimar caso ela não goste do cara no desenrolar dos acontecimentos. Nesse caso, sim, ela dirá “vamos parar por aqui, pois eu não quero nada sério”. Acredite: as mulheres são muito espertas. Mas (sempre tem o mas), se ela curtir o amante, ela vai fazer de tudo para ficar com ele. Ou seja, a mulher acha que o homem vai fazer com ela o mesmo que ela faria com ele: vai trocá-la por outra mulher, vai perdê-lo enquanto companheiro, enquanto marido ou futuro marido em potencial. Por isso, se ela descobre que o marido traiu e que, realmente, foi só sexo, ela tenderá a perdoá-lo porque ela, ao contrário de nós, homens, não se sentirá verdadeiramente ameaçada a perdê-lo. Enfim, a mulher acredita que os homens pensam como ela: que buscam algo sério fazendo sexo.
Já com os homens o processo é diferente. O homem não necessariamente trairá em busca de um outro relacionamento. Ele trai para ingressar numa aventura e obter sexo. Homens gostam de aventuras. É a questão da adrenalina. Então, se ele encontrar outra mulher que lhe atraía, ele não negará fogo, mas isso não quer dizer que ele quer deixar tudo por aquela outra. Porém, ele não admite que a mulher faça o mesmo. Justamente porque ele também pensa que as mulheres são como ele: que buscam o sexo pelo sexo. Então, o homem sente medo de levar vários chifres e ficar com a fama de corno. Na verdade, o homem talvez até não sofra pelo processo da cornificação em si mesmo, mas sim, na divulgação da sua cornice. É o lugar onde a figura pessoal dele vai estar no imaginário dos outros. Ele será visto como um corno, e perderá o respeito de todos por conta disso. Por isso, para os homens, às vezes uma ameaça a sua honra é mais imperdoável do que uma traição que ninguém sabe que aconteceu. E por não estar sempre na busca de um relacionamento eterno e perfeito é que ele não perdoa a traidora e larga da mulher com maior facilidade do que no processo inverso. O homem pensa: “Você me traiu, não tenho mais como sair na rua com a cabeça erguida, e posso viver sem você e arranjar outras”. Já a mulher pensa: “você me traiu, mas desde que não faça isso de novo e não me deixe, eu aceito continuar”. Claro, tudo isso é o resumo do resumo, porque na verdade tanto o homem quanto a mulher pensam muito sobre o assunto. Porém, todos pensam demais sobre o assunto e geralmente o diagnóstico final de homens e mulheres é esse que citei.
E assim, as pessoas seguem se conhecendo, se apaixonando, se amando, traindo, se separando, cornificando e descornificando o mundo, que segue a girar, em passo lento e envolvente.