sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ainda das pescarias com meu pai.

Certo verão, estávamos acampados no Guaçuí - Passo da Lage, onde sempre acampávamos. Tinhamos descoberto pra cima do acampamento um cotovelo do rio que tinha , bem no cotovelo, lugar muito fundo, um paredão de pedra onde o rio batia e desviava, que dava jundiás grandes!
O tal paredão, tinha um degrau no granito, que parecia feito de propósito pra gente sentar e pescar ali, o único problema é que a água havia feito buracos na pedra, os jundiás se entocavam ali, a linha descia a prumo rente ao paredão, o jundiá mordia a isca e zupt pra dentro da toca! E aí meu, era um sufoco tirar o bicho de lá! Mas valia a pena pelo tamanho dos peixes, porém muito anzol ficou lá, enroscado na pedra!
Na tarde em que descobrimos o tal paredão, saímos a pé , subindo o rio, e, vez em quando atalhávamos pelo campo cortando alguma curva, numa dessas estávamos andando num lugar alagado, a água, quentinha com o sol do meio dia, mal cobria o pé, andávamos em fila indiana, eu era o último. Nisso avistei uma coisa comprida boiando, cerca de um metro de onde os homens passavam, parecia um galho grosso de madeira balançando com o deslocamento provocado por nossos passos. Olhei melhor, parecia com uma cobra! Pensei, se eu falar alguma coisa é capaz desses loucos pularem em cima do bicho no susto! Fiquei quieto e passei meio de lado, olhando pra bicha, que parecia estar dormindo ou lagarteando, sei lá.
Depois que já estávamos bem longe, então contei: "Vocês quase pisaram numa cobra lá atraz!"
Dito e feito! Ao ouvirema palavra cobra, cada um saltou pra um lado e se fosse no local, alguém teria pisado nela! "Cobra! Onde?"
Falando em cobra, seu José conta, das pescarias antigas, com o pessoal da Souza Cruz um causo de cobra muito engraçado, essa eu ouço desde guri, e dela tem duas versões, uma com seu José de protagonista do acontecido, outra com um outro como o tal. Também o bicho caçado muda conforme a versão, com seu José é caçada de veado, com o outro de capincho (mais conhecida como capivara). Mas vamos ao causo, eles tinham ido pra pescar, mas como o local também tinha caça farta (mais de 50 anos atrás!) levaram armas e cães para dar uma praticada, como seu José só tinha uma 28 cano simples e não tinha prática na caça de veado, deixaram-no de tocaia num carreiro, com a instrução: "os cachorros vão bater no veado e repontar o bicho pra cá, fica atento e se vires atira na cabeça!" , e lá ficou seu José, ouvindo ao longe os cães latindo.
Foi se ajeitando pra ficar escondido e não viu que tinha montado sobre um cipó japecanga, um que tem, ao correr, espinhos grandões, um pra lá, outro pra cá. o mato estava todo sujo, tinha havido enchente depositando montões de cisco até no alto das árvores e o japecanga subia até os galhos cheios de sujeira e cisco.
Os cães veadeiros latem normal quando estão correndo, mas quando encontram a caça o latido muda e fica mais ganido como se estivessem chorando (nessa parte seu José imita o ganido dos cães, risos gerais), detalhe, como estava muito quente seu José estava sem camisa.
E os latidos foram se aproximando, seu José se prepara, e de repente só dá tempo de ver um vulto passar como um raio por ele! Seu José tenta girar o corpo pra atirar mas se enrosca no japecanga que estica e faz cair aquele monte de cisco dos galhos e, no meio disso, uma cobra que dormia lá em cima! O bicho cai e desliza, gelado, pelas costas do caçador novato que apavorado corre pro lado oposto do que foi a cobra! Risos gerais de doer a barriga!
Da espingardinha 28 tem mais hitórias, numa delas, lá no Guaçuí saimos eu e o pai pra caçar pombas a fim de incrementar o almoço com caça. Andando pé por pé no meio do mato, ouvimos uma pomba carijó cantando, fomos nos aproximando silenciosamente e deparamos com ela num galho seco, no alto de uma árvore, seu José engatilha a espingarda, mira e .... puff, a polvora velha e úmida mal teve força pra jogar os chumbinhos fora do cano! Caio na gargalhada, a pomba para de cantar e fica olhando desconfiada, seu josé, nervoso faz sinal de silêncio pra mim e carrega novamente a 28, só que no nervosismo colocou chumbo grosso e pólvora preta, da braba! E a pomba torcendo o pescocinho e olhando pra nós! Seu José demora pra fechar e engatilhar novamente. E a pomba só olhando! Nova mira e agora um estrondo grande! Nuvem preta de fumaça e vemos cair do alto da árvore, flutuando suavemente, outra nuvem, de penas carijós mas a pomba não encontramos!
Outra vez, pescávamos em outra fazenda, que tinha, além do rio, umas lagoas pequenas que davam traíras e, também na época estavam com marrecas, seu José pega a espingarda, me chama e me leva pra caçar marrecas.
Ao chegarmos próximo à lagoa, nos jogamos no chão e vamos rastejando até a beirada, de forma a poder atirar de perto nas marrequinhas. Seu José atira e mata uma delas e, como não tinha cachorro me mandou buscar a bichinha nágua. E lá fui eu, de calção e chinelo de dedo, água pelos joelhos pegar mas, quando peguei, senti nos calcanhares um bicho com dentes pontudos e afiados tentando me morder! Virei em pernas, e, em segundos estava, ofegante, fora dágua.
Seu José queria ficar mais um pouco, esperando as marrecas voltarem pra matar mais uma, mas aí eu disse: "Só se o senhor for buscar, porque lá eu não entro de novo!"
Seu José teve que desistir de caçar mais!

domingo, 25 de julho de 2010

Em referência ao post anterior


Facão três listas (Teixeirinha)

Eu mandei fazer, no ano passado,
um facão três listas aço temperado
pra fazer parelha com relho trançado
por que novamente fui desafiado.
Agora é um outro, do pelo mais duro;
esse não é velho, é um cara maduro.
Diz que vem armado pra brigar seguro;
o que eu faço nele pros meus fãs eu juro:
o relho por cima e o facão por baixo
e esse cara macho corto a laço e furo.

O velho e o filho do relho trançado
vieram na briga e eu deixei marcado.
Calaram a boca com o lombo coçado,
agora é a vez do meu facão listado.
Esse outro cara é mais macho e tem crista,
e ele quem se gaba, bom propagandista.
Diz que atira bem e não é curto de vista,
ele é valentão e eu sou repentista.
Meu relho te pega, corta e abre rombo;
estreio em teu lombo meu facão três lista.

Eu vou bater forte na hora da briga;
te marco nas costa e ponteio a barriga.
Tu é ordinário e deus não me castiga;
o facão te pega e de mim tu desliga.
Pra marca do relho recomendo sal,
pra marca do três lista é outro material:
põe erva de bicho que é medicinal
ou procure a porte de algum hospital.
Valentão que eu pego chora e me obedece,
e jamais esquece o facão especial.

Guardei teu recado e a tua proposta;
respondo cantando, não sei se tu gosta.
O que me interessa é te dar a resposta,
depois te marcar com três lista nas costas.
Quem manda recado eu jamais esqueço,
quero que anote o meu endereço:
eu moro na glória e medo eu não conheço,
e sabe os lugares onde eu apareço.
Meu facão três lista no dia se solta
e mando de volta com couro do avesso

A encrenca

Quando me separei e vendi minha linda casa, no Bairro Tiarajú, acabei comprando, com o dinheiro que me sobrou, uma casinha no Bairro Alvorada.
Bairro pobre, distante do centro, povoado com pessoas humildes, na sua grande maioria trabalhadores. A alguns anos atrás trazia a fama de bairro violento e com assaltos.
Mas, quando eu vim morar aqui isso já tinha diminuido muito, a violência se deslocou para outros bairros. Porém, hoje domingo, acordei ouvindo gritos, voz de homem, agressiva, mandando alguém ir embora e deixar de chatear.
Liguei a tv e deixei pra lá a encrenca. Mas quando levantei, voltei a ouvir, agora o outro, provocando. Retruques, palavrões, desafios, provocações.
Saio para o pátio, vou até o portão e vejo um desconhecido na esquina, claro, magro, alto, com um porrete na mão dirigindo as palavras provocativas ao filho do meu vizinho da frente, que sentado na varanda de casa responde, mandando ele embora. A mãe do rapaz, contumaz encrenqueira, saiu da casa foi até o vizinho e voltou com um relho e mais outro rapaz junto com um cabo de vassoura na mão. A seguir os dois rapazes saem e vão ao encontro do provocador, e aí o camboim cantou, primeiro o do cabo de vassoura bateu e depois o rapaz com o relho agiu aplicando uns três ou quatro rebencaços no provocador, que debaixo de tanto mau tempo bateu em retirada.
Provavelmente o pivô da encrenca é a mãe do rapaz, que tem um comportamento, digamos assim, não muito correto. Provavelmente a mulata teve um "affair" com o brigão, o qual deve ter se encerrado assim que o dinheiro dele acabou. Abandonado, o rapaz quiz brigar, levou a pior.
Normalmente ela mesma sai no braço com os namorados, mas, como esse era bem mais alto e ainda armado com um porrete, passou a responsabilidade para os rapazes.
Do incidente, que apesar de triste, deixou um pouco de comicidade pois o valentão teve que correr depois de quase uma hora de provocações.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O almoço que era janta!

Minha irmã, marido e filha vieram do Paraná para visitas, visitaram a Silvinha, marido e os netos, visitaram Vô José e Vó Noemi e como eu cheguei por lá naquele dia, combinamos uma janta aqui em casa. Seria peixe, de rio, assado por mim, na sexta-feira.
Sexta de manhã, como de costume a Mônica desceu para tomarmos chimarrão e "conversarmos".
Almoçamos, lavamos a louça e ela subiu porque tinha que lavar roupa aproveitando o dia de sol pois havia previsão de chuva pra sábado e domingo.
Depois que ela subiu, fechei a casa e fui cochilar olhando o noticiário, mal tinha deitado ouço alguém me chamando, e, em seguida o telefone tocando, atendo e era toda a troupe: Loreni, Gilberto, Heloisa, Vó Mimi e Vô José, pedindo para eu abrir o portão!
Surpreso vou abrir o portão e ouço a pergunta: "Tá pronto o peixe?"
Eu disse: "Não, o peixe é na janta!"
Ficaram todos desolados! Queriam voltar pra casa e vir de noite, o que não permiti, vamos almoçar, só que não será peixe!
Assim, de repente, que fazer?
Carreteiro!
O fogão a lenha estava aceso, tinha água quente e todos os ingredientes, o Gilberto havia trazido um vinho, pus mãos à obra! Aperitivamos um licor de butiá, Vô José cevou um mate, conversávamos, tomávamos chimarrão, e eu fui ajeitando o almoço improvisado.
Em pouco tempo estava pronta a bóia, saquei meus pratos novos, presente de meus colegas e amigos, coloquei taças (duas a duas, casa de solteiro né) abrimos o vinho e teve início a comilança, e não é que gostaram do meu carreteirinho, todo mundo se serviu, repetiu, e na minha panela grande de ferro só restou uma rapinha!
O peixe ficou pra uma próxima oportunidade, mas mesmo assim foi um ótimo almoço!

sábado, 17 de julho de 2010

Amor na Internet III


A internet de fato é um vício como a cachaça! Depois que a gente começa, não quer mais parar!
Esse site de relacionamento que frequento, além de encaminhar o sujeito para novos romances e novos amores, também oferece algumas distrações como essa de "comprar" pessoas como se fossem objetos ou animais de estimação. No princípio estranhei um pouco, mas depois entrei na brincadeira!
Agora compro e sou comprado, só não gostei muito quando um homem me comprou! Sai pra lá jacaré!
E tem aquele negócio de clicar "SIM" pra pessoa, que é mais ou menos como o "EU VOU" do Orkut, se você clicar SIM de volta há possibilidade de haver um romance, ou, no mínimo, uma amizade.
No Orkut, basicamente, cultivo os meus amigos e conhecidos mas por brincadeira entrei no "Eu vou" e, de novo, apesar de já estar um tanto gasto pelo tempo e pelo uso, choveu de mulher indo "ni mim"! Hehehehehe!
A verdade é que nós estamos cada vez mais isolados, vivemos num mundo virtual onde um teclado e um computador substituem a vida real que deveríamos estar vivendo, conhecendo pessoas de carne e ossos, abraçando, beijando, brigando, amando e otras cositas más.
Por isso que não descuido de, nos fins de semana, ir dançar e beber e me divertir com velhos e novos amigos. Até porque voce não vai saber se aquela linda loura escultural. que lhe sorri do outro lado do salão, é tudo aquilo que você pensa, se não entrar em contato físico dançando.
Sentir o seu perfume, ou (argh!) o seu mau hálito é o risco que se corre.