terça-feira, 29 de junho de 2010

Amor na Internet II - O retorno

Decepcionado com a minha incursão ao mundo dos romances via Internet, resolvi dar mais uma chance ao computador no seu trabalho de cupido.
Decidi porém limitar minhas incursões a cidades próximas da minha, até porquê não adiantaria começar um relacionamento com alguém a milhares de km da minha casa, a não ser que eu quizesse um amor platônico, o que não é meu feitio. O bom é botar a mão na massa! Hehehehe.
Pesquisa daqui, pesquisa dali e encontrei alguém bem pertinho. Na foto uma carinha sapeca, sorridente e interessante. Contatei, começamos a conversar e logo senti vontade de conhecê-la pessoalmente, disse isso a ela que, entusiamada, aceitou. Combinamos o encontro e eu fui.
Fomos a um bar que servia quitutes na tábua, e ela, prevenida e receosa, convidou um casal de amigos para garantir que aquele estranho não a sequestrasse ou abduzisse (sabe-se lá se o cara não é um malfeitor, né?) e também para dar o veredito (serve/não serve).
Do bar partimos pra dançar em um clube para maiores de trinta anos (estava cheio de "menores") dançamos muito e a coisa parece que engrenou. No final já estávamos aos beijos.
Eu gostei dela, ela gostou de mim, os avalistas gostaram de mim, já marcamos uma janta para o próximo fim de semana, onde, provavelmente mais amigas (os) irão me conhecer e fazer a avaliação.
No tranco que vai a coisa engrena!
Mas tô preocupado! O pai da donzela é milico, e graduado (coronel, sei lá), e normalmente são fogo esses pais assim. Ainda não o conheci, mas espero que quando isso acontecer eu cause boa impressão.

sábado, 5 de junho de 2010

Tio Samuel


Tio Samuel morreu faz pouco tempo, mas está vivo em minha memória!
Desde minha infância Tio Samo, como o chamávamos, foi meu ídolo. Por vários motivos, alguns não muito racionais mas vá lá.
Tio Samo serviu ao exército, na cavalaria, isso no tempo em que passavam filmes americanos de cavalaria nos cinemas locais, imagine a associação que eu fazia! Ele colecionava gibis de faroeste, e dos super heróis da época, eu adorava lê-los; ele tentou me ensinar a tocar acordeão e só fracassou pela minha absoluta faltas de habilidade com aquele instrumento.
Foi goleador das primeiras equipes de futebol de salão que surgiram em Ijuí, e jogava futebol de campo muito bem, camisa 10, só não se profissionalizou porque não quiz. Naquela época não havia televisão, então eu escutava a transmissão dos jogos pelo rádio, havia um campeonato citadino de futsal(naquele tempo não se chamava assim) com transmissão ao vivo. Curiosidade, a bola de futsal era preenchida com crina de cavalo, não quicava e era muito pesada.
Chegamos a jogar juntos, lembro de um jogo em Sapucaia do Sul, eu com 17 anos e o Tio já veterano tinha formado um time de futsal do escritório. Ele era a estrela soltária entre um bando de pernas de pau, jogo correndo, empate em 1 a 1, eu no banco vendo o Tio se matar pelo time, entregando redondinha e recebendo uma melancia de volta. Terminado o primeiro tempo entrei, e, em menos de cinco minutos fiz um gol e. numa triangulação deixei o Tio na cara do gol pra fazer 3x1! Vencemos com dois gols de Samuel e um de Marcos, eu muito feliz me achando, quando o Tio declarou: "É, até que tu joga direitinho."
Murchei!
Tinha defeitos, é óbvio, foi viciado em álcool, fumo e jogo (conseguiu se livrar do álcool), porém quem se aproximasse descobria um cara muito inteligente, com um senso de humor diferenciado e uma pitada de autosuficiência. Tinha preocupações quanto ao futuro dos filhos, e, fez questão de que todos fizessem faculdade, esse era um orgulho dele!
Tinha muita sorte, ganhou duas vezes na loteria federal, ganhava seguido no jogo do bicho, mas como era aficcionado pouco aproveitou pois tinha conta nas lotéricas, e, as vezes o que ganhava ficava pra pagar a conta feita.
Foi meu padrinho, fui padrinho do Roberto, ficamos muitos anos sem nos vermos, porém, quando voltei a morar aqui, reatamos os contatos e acabamos parceiros nas pescarias de lambaris e outros peixinhos nos rios e riachos ao redor da cidade. Não havia lugar que soubésssemos que era possivel pescar que não fôssemos, açudes, rios, sangas tudo era visitado com nosso arsenal de captura ictiológica. Nossa especialidade eram os lambaris de sanga, faziamos disputa para ver quem pegava mais, disputa normalmente perdida por mim face a habilidade e aos tres ou quatro anzóis que ele colocava na linha. Hehehehe
Mas o bom mesmo era a fritada de lambaris depois!
Era viciado também em palavras cruzadas e por isso tinha um vocabulário riquíssimo, foi a primeira pessoa que vi comprar um enciclopédia Delta-Larousse e lê-la, fato que imitei( a leitura, claro). Tinha prazer em lançar palavras difíceis em conversas com amigos e vizinhos pra ficar tirando com a cara de quem não entendia o que ele dizia! Depois, com paciência e deleite explicava aos burraldos o que ele tinha dito. Lembro de uma conversa que tive com ele em Sapucaia, falávamos sobre renda e, lá pelas tantas lancei uma renda per capita (com silaba tônica no pi de capita), primeiro ele parou de falar, depois riu e por fim lascou: " Esse meu sobrinho é um grosso instruido!" Hehehehe
Meu tio tinha tiradas bem próprias, em 2003 junto com amigos criei um time de futsete chamado Habilidosos, assim, em duas cores, principalmente pelo time ser formado por veteranos, mandamos confeccionar o fardamento e eu, orgulhoso, mostrei pra ele. Ele olhou para o sobrinho sorridente, fardado com o uniforme do time, leu o nome em duas cores no escudo e lascou: "Fere o vernáculo, porém é bem criativo, mas pelo certo teria que ser Habeis Idosos!"
Meu tio é inesquecível!