domingo, 7 de novembro de 2010

Crônica de um amor moribundo

" Infelizmente eu tenho que escolher entre a doença e vc. Foi muito dificil tomar essa decisão. Mas vc tem o direito de achar alguém que corresponda com teus anseios, e essa pessoa não sou eu. Te amo mas não dá. Me perdoe e obrigada."
Assim terminou, num torpedo via celular, a minha relação de três anos com a Mônica.
Voltando no tempo.
Quando a conheci, a nova funcionária trabalhando na secretaria da escola, era uma mulher com corpo de menina, magrinha, seios pequenos, parecia uma adolescente e isso me atraiu.
Conhecendo-a melhor descobri, além da aparência, uma mulher inteligente, vigorosa, disposta e ativa. Gostava de festas, era parceira pra tudo.
Sua história de vida é cheia de percalços, dificuldades e traumas. Na infância uma queimadura enorme cobrindo a metade do seu peito, adulta é abandonada pelo companheiro grávida do segundo filho. Tem dificuldades para criar os filhos, os pais (principalmente a mãe) interferem criando dificuldades adicionais. A diretora da escola particular onde trabalhava adoece gravemente, ela assume toda a responsabilidade de mantê-la funcionando. O pai hipertenso, é internado várias vezes, ela cuida dele sózinha no hospital por vários dias, até sem comer. A filha adolescente engravida e sai de casa, o filho é meio revoltado.
Toda essa carga emocional ela estava segurando a muito tempo, um dia iria explodir de alguma forma. Quando ela veio morar comigo, sentindo-se segura, se permitiu relaxar.
Aí aconteceu.
Sindrome do pânico, depressão, apatia. Ela foi ao fundo do poço.
Eu assustado e sem entender direito o que acontecia tentava ajudar, sem sucesso.
O amor que era incipiente sofre essa carga destrutiva e vai sufocando lentamente, finalmente num desentendimento com o filho e eu, ela acaba saindo, a meu pedido, da minha casa.
A doença se agrava, é internada para tratamento com acompanhamento psiquiátrico, acompanho visitando-a diáriamente. Ao final de dez dias tem alta, aparentemente melhor, mas dois dias depois todos os sintomas estão de volta.
Ainda tentamos reviver a relação, mas não aconteceu e o triste desfecho veio em forma de torpedo.
De tudo, ficam os bons momentos, os bailes, as viagens, as pescarias, os momentos de carinho.
Sei que ela vai se recuperar, um processo demorado com certeza, mas vai acontecer a reconstrução, e quero ter o prazer de vê-la sair dessa!

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