quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Novelinha

Esta semana terminou, felizmente de forma pacífica, uma novelinha que estava ocorrendo na família. Trata-se da herança deixada pela Vó Deza para seus filhos, na forma de um terreno, onde ela morou até o fim de sua vida e posteriormente foi usado pelo tio Samuel, que também morou nele até o fim de sua vida.
Com o falecimento do tio, os seus filhos (parece que menos o Rogério) começaram a tratar da compra das outras parcelas da herança, visando a posse total para poder construir nele. A coisa estava indo bem, com alguns tios abrindo mão em favor deles, outros recebendo um valor simbólico, até que encaroçou com Dª Mimi (influência de quem todos sabemos). Enfim! Tudo se resolveu. Afinal, era pequeno o valor envolvido na questão.
Isso me fez pensar.
Quantas coisas o ser humano faz, movido por interesses.
Quantos casos de filhos matando pais, para ficar com a herança, muitas vezes de milhões de reais.
Em outros casos os pais são internados em clínicas, asilos e casas de repouso, interditados em vida para que os filhos se apossem de seus negócios, de suas fortunas, são vários os casos mostrados na mídia.
No nosso círculo familiar, com os pais ficando velhinhos, há uma preocupação grande quanto a lucidez,  os reflexos, o raciocínio desses seres amados. Depois que o pai foi furtado várias vezes, inclusive perdendo dinheiro e todos os seus documentos, houve várias discussões entre os irmãos e com os pais sobre o que fazer de prático para protegê-los. 
O engraçado é que eles não reconhecem as limitações a que a idade os submete ( seu José me dizia, fico grato filho, quando eu precisar, peço ajuda a vocês!), estão mais lentos, mais frágeis, esquecem fatos recentes, relembram com clareza fatos de sua infância e juventude.
A discussão foi grande, mas por fim o seu José aceitou que eu o ajudasse em suas rotinas onde haja necessidade de sair às ruas, mas foi necessário falar em interdição pra ele aceitar( felizmente eles não tem fortuna, senão diriam que há interesses). Eta bichinho duro na queda! Aí embaixo o guapo de 83 anos e eu.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tupy

Há um novo morador na minha casa. É o Tupy, um guaipequinha lanudo filhote da Menina, a cadelinha que a Mônica adotou.
Aqui no bairro é comum as pessoas de outros locais da cidade virem soltar cães que não desejam mais.
Foi assim com o Duque, que morde crianças, e talvez por isso tenha sido abandonado pelo antigo dono.
No caso da Menina foi porque ela estava prenhe, provavelmente uma prenhez indesejada.
Nasceram 4 filhotes, 3 machinhos e um fêmeazinha, eu adotei o Tupy, uma bola peluda de cor indefinida entre o caramelo e o marrom. Os outros três foram adotados pelas crianças da vizinhança.
É divertido observar esses bichinhos na sua infância, como brincam, pulam e tentam correr cambaleando e caindo. Ele já me "adotou", basta eu sair para o pátio e ele já está se enleando nos meus pés. Se eu sento á sombra, tomando chimarrão com a Mônica, ele vem "morder" (não nasceram os dentes ainda) meu tornozelo e os dedos.
Quando fica sozinho ele vem ganir junto a porta da cozinha, pedindo companihia.
Pra que ele não fique sem serventia, como a Batatinha (ela late pra tudo, menos se uma pessoa estranha entrar no pátio), vou construir um canil e isolá-lo um pouco. A idéia é que ele fique um pouco bravo e defenda o pátio de estranhos.
Veremos.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Carreteiro de Charque

Final de férias, reiniciando as atividades escolares, combinamos para hoje um "faxinão" nas oficinas do Curso Técnico em Mecânica.
Atividade já tradicional entre os professores do curso (uma vez que não há funcionários suficientes para limpar toda a escola), sempre é seguida por alguma confraternização entre os participantes, uma vez é linguicinha assada, outra é churrasco, desta vez foi carreteiro de charque, preparado por este que vos conta a história.
Reunimo-nos às 8h da manhã pra começar a faxina, varremos os dois laboratórios pra tirar o grosso do pó e depois, armados de lava-jato, detergente, vassouras e rodos, partimos pra lavagem do piso, atividade que tomou uma boa parte da manhã. À tarde passamos cera no piso.
Já eram 11:30 quando a Eva me alertou, tá na hora de preparar o "rango" chefia!
Então peguei meus apetrechos: panela de ferro, os suprimentos(charque, arroz, sal, banha, tomate, cebola e alho), minha colher de cabo de madeira e parti pra pilotagem do fogão( Ah! Era pra ser no fogareiro de campanha do Fábio, mas a Eva só trouxe o fogareiro e esqueceu do gás.) na cozinha da sala dos profes.
Haviam outros professores trabalhando na sala.
Quando o charque dessalgado e os temperos começaram a fritar, o cheirinho se espalhou e vários vieram ver o que estava sendo preparado e os inevitáveis comentários aconteceram sobre o aspecto e cheiro bons da comida.
Quando ficou pronto chamei a galera e nos deliciamos, não sobrou nem rapinha na panela!
Ficou tão bom que até eu me abri pra mim mesmo! Hehehehehehe!
A propósito, tem uma receita de carreteiro na revista Tchê (no link a seguir)bem boa, só troquei o azeite de oliva ( que peão nenhum vai ter no meio do campo) pela banha de porco, e acrescentei tomate picado.
http://www.revistatche.com.br/carreteiro.php

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ainda das pescarias com meu Pai

Já contei várias das histórias acontecidas nas pescarias em que ia com meu pai, seu José. Essa é outra.
Verão, eu já adolescente, de férias do colégio e portanto disponível pra qualquer aventura.
Seu José me convoca pra ir pescar, manda calafetar a canoa, cavoucar minhocas, revisar e arejar os "mijados" (era assim que ele chamava as cobertas velhas, que usávamos em pescarias).
Colocar os mantimentos e apetrechos de cozinha na caixa de comida (ainda tenho a caixa, presente de meu pai, usei-a em todas as pescarias que fiz depois disso, ainda com a pintura verde original).
Desta vez a pescaria era nos "alagados" da barragem do rio Jacuí, em Fortaleza dos Valos, município próximo a Cruz Alta.
Diziam que estava dando trairão naquela localidade, cada bicho que parecia um toco de árvore de tão grosso!
E lá fomos nós, faceiros que nem mico em cacho de banana madura!
Chegamos e montamos acampamento num mato de eucaliptos à margem do lago formado pela barragem.
 Tempo seco não houve preocupação em montar barracas, simplesmente cada um escolheu um lugar para dormir, retirou algum graveto ou pedras e ali colocou suas cobertas, sobre a grama rala.
Se fez bóia, comemos e depois cada um foi pescar lambaris pra ter isca durante a noite e o dia seguinte.
Na hora combinada, se foram os homens na canoa com seu José pra pesca das traíras, armaram espinhel, redes e pescaram de linha de mão e, de fato, pegaram muitas traíras. Eu como era piá, tive que ficar, contrariado que nem gato a cabresto, no acampamento. Eu e o cozinheiro.
Tarde da noite chegaram, contando que tinham pego cada traíra, deste comprimento e desta grossura e tal e coisa.
Cansado todo mundo foi dormir, eu e meu pai, lado a lado, nos "mijados", pegamos no sono logo, aí que aconteceu o drama!

Eu já havia ouvido falar em "correição de formigas", que elas vinham comendo todos os bichos que pegavam e destruindo tudo pela frente. Não tinha acreditado muito naquelas histórias, parecia mais coisa pra assustar do que algo verdadeiro.
Pois bem meus caros, esses bichos não só fazem estas coisas como ainda são muito organizados, tem voz de comando e tudo!
E nós (eu e seu José) ficamos bem no caminho delas!
Então elas entraram por baixo das cobertas, por dentro das nossas roupas e quando todas estavam posicionadas, a formiga comandante gritou: Atacaaaar!
E todas, sem exceção, em uníssono, morderam ao mesmo tempo!
Num pulo, eu e seu José levantamos, no escuro, arrancando as roupas, sapateando e dando tapas nas formigas (sem saber que eram formigas) até que alguém ligou uma lanterna e gritou pra nós sairmos de cima da correição!
Imagina a situação, um homem e um adolescente, só de cuecas, tapados de formigas, sapateando e se estapeando pra se livrar delas.
Quando finalmente ficamos livres das agressoras, furiosos e curiosos fomos olhar a "correição", eram formigas graúdas muito agressivas( depois soube que são carnívoras), formando uma coluna de aproximadamente 1m de largura por muitos metros de comprimento!
Por onde elas passavam deixavam um rastro de destruição, nada escapava naquele espaço, era como se tivessem passado um aparador de grama, rente ao chão.
No dia seguinte,  encaroçados pelas mordidas, ainda pescamos mais um pouco antes de irmos embora. 
O pior era aguentar as gozações dos parceiros!

Fim de férias no rio Uruguai

3 de fevereiro, férias acabando e eu não tinha ido pescar no Rio Uruguai.
Não havia conseguido um caseiro para poder ir com a Mônica, então decidimos que eu iria e ela ficaria de caseira.
Dia 4 à tarde rumei para Alecrim, mais especificamente São Miguel em Porto Biguá, no sitiozinho do Vico e Dª Ede, cunhados do Paulo(meu irmão).
Lá chegando, fui cortesmente recebido pelo casal e pelo filho Paulo, ajeitei a barraca e as tralhas, confirmei que havia caíco (canoa) para pescar, porque do barranco não há condições; e, mesmo sabendo disso, fiz uma tentativa e perdi dois anzóis em 10 minutos. A correnteza arrastou a linha para baixo dos galhos, o anzol enroscou e tive que forçar para arrebentar a linha. No restante do dia tomamos chimarrão e proseamos, enquanto o Paulo pintava as aberturas da casa dele.
Na manhã do dia 5 pesquei de caniço e peguei uns lambarizões, não saímos porque havia uma notícia de que a Patrulha Ambiental estava fiscalizando e tomando equipamentos de quem não fosse habilitado como pescador. Ficou para a tarde, mas aí o tempo fechou e começou a trovejar, fomos adiando até que, pelas cinco da tarde decidimos ir.
O Vico juntou as tralhas dele eu as minhas, cavamos minhocas pra pegar uns "bicudos" (pintados) e descemos pro caíco. No entusiasmo pra ir pescar, esqueci o colete salva-vidas que havia comprado especialmente pra esses momentos de andar dentro do rio com o barquinho, pois minha natação não dá pra 10 metros rasos.
Atravessamos o rio, com o Vico remando até depois do meio e ficamos sobre o canal do rio, já em lado argentino, apoitamos e chegamos à conclusão de  que ali a profundidade era de aproximadamente 10m.

Começamos a pescar, o Vico veterano pescador dali usava uma chumbada enorme, que garantia a ida do anzol ao fundo e fisgava um peixe após o outro, eu pescador de rio pequeno e açudes usava duas chumbadas leves que não venciam a correnteza, consegui a muito custo pegar 3 pintadinhos. Resultado final do dia:  (mais de vinte) patis, armados, pintadinhos pegos pelo Vico e os meus três magros.


Na manhã seguinte fomos novamente e, mais precavido pesquei com uma linha do Paulo que tinha uma chumbada apropriada, desta vez peguei os maiores pintados da manhã e também peguei mais peixes que o Vico.
Voltamos e comemos um churrasquinho que o Paulo assou (eu havia trazido uma maminha e um lombinho cortado atravessado, o Paulo contribuiu com uma costela de terneiro mamão). Tomamos um vinho uruguaio e conversamos bastante. De tardezinha eles foram pra Alecrim e fiquei sozinho apreciando a natureza.
As saracuras nativas dessas matas descem para o pátio e comem quirera junto com as galinhas e pintinhos.
E há a história do bicho misterioso (na verdade um casal) que ataca e come as galinhas. Dizem que são malhados em branco e preto, saltam como cangurus, apoiando-se nas patas traseiras e um só deles enfrentou 4 cães e os pôs pra correr. Chegamos a conclusão que podem ser cachorros do mato ou jaguatiricas.

No verão que vem vou de novo!





sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Último Tango em Paris. Eu vi!

Último Tango em Paris!
Lá se vão 30 anos, Maria Schneider e Marlon Brando, o monstro sagrado, a ninfeta estreante e a cena...
Ah a cena!
Multidões acorreram aos cinemas para vê-la, o atormentado personagem cinquentão sodomizando a jovem de vinte anos no momento que foi o ápice daquele amor impossível num apartamento vazio.
Nunca se vendeu tanta manteiga em tabletes como naquele ano!
Nunca se desejou tanto uma atriz, como Maria Schneider, naquela época.
Soube que ela morreu hoje, aos cinquenta anos, deixando uma pontinha de tristeza em meu coração!

Mas nunca a esqueceremos, e nem a cena!