sábado, 22 de dezembro de 2012

De volta ao lar

De volta ao lar dos meus "viejitos", uma precaução por causa da idade avançada deles, estando por perto fica mais fácil socorrê-los em uma emergência, penso eu.
O velho pinheiro tombado, virou cepos, em seguida se tornarão achas para fogão e churrasqueira, lenha de luxo, nos dias de hoje. Com a queda solucionou-se um problema que se arrastava a anos, os órgãos governamentais não autorizavam o corte da árvore ferida por um raio, por ser espécime nativa, por pura sorte o vendaval a derrubou onde causou o mínimo de danos.
Morando com meus pais vejo com mais clareza o que a velhice faz com uma pessoa, o alemão Alzeihmer e Dr. Parkinson, reumatismo, artrose,  roubam memória e movimentos deles a ponto de uma conversa travada a minutos atrás já não ser lembrada instantes depois, Dª Mimi tem dores nas juntas e dificuldades para caminhar. 
Mas também tem coisas bonitas. Os dois estão fisicamente bem velhinhos, 60 anos casados, mas o carinho entre eles chega emocionar. Dia destes precisava falar algo com eles, hora da "séstia", bati na porta do quarto, então abri uma frestinha e vi os dois deitados de mãos dadas!
São coisas assim que não vejo, na minha geração e gerações posteriores. Não há perspectiva para o futuro, tudo tem que ser imediato, se uma relação está com problemas, não se tenta consertar, simplesmente partimos pra outa. Mea culpa, já estou no quinto relacionamento e não tenho segurança de que seja o último. Meu pai, tempos atrás, até me deu uma letra: " Filho, você já tá meio madurão (vou fazer 59 daqui a 20 dias) tá na hora de encontrares uma boa mulher e de sossegares o facho!"
Eles, com certeza, tiveram problemas, brigas e discussões, mas, incrivelmente, até minha adolescência nunca presenciei tais coisas. Eles preservavam os filhos disso, resolvendo os problemas a portas fechadas ou à noite enquanto dormíamos. Somente adulto vi uma vez minha mãe xingar o velho por ciúmes de uma "véia assanhada" que tínhamos na congregação de nossa igreja.


Agora posso assistir minha mãe dizer palavrões, coisa impossível até meus 40 anos de idade, e a velha os sabe! A primeira vez que ouvi minha mãe dizer um "nome feio" quase caí da cadeira! Imagina o susto!Hehehehe.
Como a memória os trai, eles vivem "perdendo" as coisas, chaves, dinheiro, dentaduras, óculos, chinelos, o quê se imaginar. Normalmente é fácil de achar, mas as vezes eles se esmeram, aí vira gincana.
Lugares habituais de se encontrar as coisas: no lugar onde sempre deixam, gavetas, bolso da roupa usada no dia anterior, na geladeira, no roupeiro, mesa da sala, etc..., no fim tá virando farra nossa, com pulinhos para São Longuinho, o santo que ajuda achar as coisas.
Hasta!