terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ainda das pescarias com meu Pai

Já contei várias das histórias acontecidas nas pescarias em que ia com meu pai, seu José. Essa é outra.
Verão, eu já adolescente, de férias do colégio e portanto disponível pra qualquer aventura.
Seu José me convoca pra ir pescar, manda calafetar a canoa, cavoucar minhocas, revisar e arejar os "mijados" (era assim que ele chamava as cobertas velhas, que usávamos em pescarias).
Colocar os mantimentos e apetrechos de cozinha na caixa de comida (ainda tenho a caixa, presente de meu pai, usei-a em todas as pescarias que fiz depois disso, ainda com a pintura verde original).
Desta vez a pescaria era nos "alagados" da barragem do rio Jacuí, em Fortaleza dos Valos, município próximo a Cruz Alta.
Diziam que estava dando trairão naquela localidade, cada bicho que parecia um toco de árvore de tão grosso!
E lá fomos nós, faceiros que nem mico em cacho de banana madura!
Chegamos e montamos acampamento num mato de eucaliptos à margem do lago formado pela barragem.
 Tempo seco não houve preocupação em montar barracas, simplesmente cada um escolheu um lugar para dormir, retirou algum graveto ou pedras e ali colocou suas cobertas, sobre a grama rala.
Se fez bóia, comemos e depois cada um foi pescar lambaris pra ter isca durante a noite e o dia seguinte.
Na hora combinada, se foram os homens na canoa com seu José pra pesca das traíras, armaram espinhel, redes e pescaram de linha de mão e, de fato, pegaram muitas traíras. Eu como era piá, tive que ficar, contrariado que nem gato a cabresto, no acampamento. Eu e o cozinheiro.
Tarde da noite chegaram, contando que tinham pego cada traíra, deste comprimento e desta grossura e tal e coisa.
Cansado todo mundo foi dormir, eu e meu pai, lado a lado, nos "mijados", pegamos no sono logo, aí que aconteceu o drama!

Eu já havia ouvido falar em "correição de formigas", que elas vinham comendo todos os bichos que pegavam e destruindo tudo pela frente. Não tinha acreditado muito naquelas histórias, parecia mais coisa pra assustar do que algo verdadeiro.
Pois bem meus caros, esses bichos não só fazem estas coisas como ainda são muito organizados, tem voz de comando e tudo!
E nós (eu e seu José) ficamos bem no caminho delas!
Então elas entraram por baixo das cobertas, por dentro das nossas roupas e quando todas estavam posicionadas, a formiga comandante gritou: Atacaaaar!
E todas, sem exceção, em uníssono, morderam ao mesmo tempo!
Num pulo, eu e seu José levantamos, no escuro, arrancando as roupas, sapateando e dando tapas nas formigas (sem saber que eram formigas) até que alguém ligou uma lanterna e gritou pra nós sairmos de cima da correição!
Imagina a situação, um homem e um adolescente, só de cuecas, tapados de formigas, sapateando e se estapeando pra se livrar delas.
Quando finalmente ficamos livres das agressoras, furiosos e curiosos fomos olhar a "correição", eram formigas graúdas muito agressivas( depois soube que são carnívoras), formando uma coluna de aproximadamente 1m de largura por muitos metros de comprimento!
Por onde elas passavam deixavam um rastro de destruição, nada escapava naquele espaço, era como se tivessem passado um aparador de grama, rente ao chão.
No dia seguinte,  encaroçados pelas mordidas, ainda pescamos mais um pouco antes de irmos embora. 
O pior era aguentar as gozações dos parceiros!

2 comentários:

  1. ainda bem que eu não estava lá....estava no quentinho da cama, protegida, sem nenhum bicho pra me morder...

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