Meu pai certa vez ganhou uma faca do tio Merico, irmão dele. Era uma faca de lei, o fio uma navalha, com uma boa bainha artesanal, própria para churrasquear com gosto! Essa faca meu tio havia achado no campo.
Pois certa feita, fomos pescar numa fazenda lá para os fundões de Julio de Castilhos e o pai levou a faca, além da tralha normal de pesca e da espingarda 28. Havíamos ido com outro caminhão que não era o International, esse possuia caçamba basculante e era um Mercedes toco.
O fazendeiro, quando viu o caminhão, pediu que fizéssemos um favor a ele, havia umas pedras que ele precisava transportar de um lugar pra outro dentro da fazenda para fazer não sei que obra. O Gusto (Augusto) pensou um pouco e respondeu: "Se o Sr. der o óleo e uns peões pra carregar o caminhão, fazemos sim!"
Dito e feito!
O homem abasteceu o caminhão, arrumou a peonada, e, em duas ou três viagens estava resolvido o problema! Como prêmio pela boa ação ganhamos uma ovelha já carneada, prontinha pra assar! Quando anoiteceu fizemos o churrasco de ovelha.
O fazendeiro compareceu ao acampamento pra prosear um pouco e participar da janta. Quando a carne ficou pronta, seu José sacou da cherenga e deu um talho na paleta da ovelha tirando uma lasca e ainda se gabou: "Isso é que é fio!"
Nisso o fazendeiro viu a faca e pediu pra olhar, que a faca parecia muito boa mesmo. Seu José, prestimoso, colocou a faca na bainha e alcançou pro homem. Ele examinou a faca, elogiou dizendo que era excelente mesmo e sentenciou, já colocando-a na cintura: " Pôs aceito o presente, seu José, é um regalo que nunca vou esquecer."
Seu josé murchou que nem pão abatumado, mas matou no peito!
A pescaria terminou, íamos saindo e passamos na sede para agradecer quando o fazendeiro chamou um peão e mandou trazer meia ovelha pra nos dar de presente.
Seu José, então, ficou mais conformado pela perda da faca.
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