Explico, a tapera é a antiga casa onde a família morava, que com a construção da nova casa ficou meio demolida mas ainda conserva algumas peças, a churrasqueira (muito importante), o abastecimento dágua canalizada de uma vertente, água pura limpinha, delícia. Então a gente vai pra lá, faz um churrasquinho, frita uns peixes, ou como desta vez, faz uma galinhada. Mas vamos por partes.
Quando recebi o convite, nem pestanejei, tô indo, respondi; na afobação esqueci quase tudo que se leva pra um acampamento (repelente, colchonete, barraca, máquina fotográfica, uma carne pra assar, faca... enfim, só levei os anzóis e uma merenda). Pedi pra Mônica me levar, o monza tá na reforma e o chevete tá com os pneus carecas, no caminho comecei a desconfiar de um convite tão abrupto, faço aniversário dia 12, será que não estavam aprontando uma surpresa pra mim? Para minha surpresa não.
Tentamos pescar, o Bruninho (primo do Diego) pegou uma traíra e foi só, os mosquitos ali pelo escurecer bateram firme e forte, mas assim que escureceu se retiraram, uma brisa, a temperatura amena, todo mundo conversando, contando piadas e rindo. A janta seria constituída por uma galo velho e uma galinha velha pegos no terreiro do seu Arno (as más linguas dizem que esse casal galinácio escapou da matança no dia do casamento do Arno e Dª Jandara, tal era a dureza da carne dos dois) muitos temperos e arroz. O cozinheiro é um vizinho cuja alcunha é "Pijama", não me pergunte porquê. O cozimento das aves começou as 16h ainda na casa do Arno (dizem as mesmas más linguas que o Arno embebedou as aves na esperança de que o porre amolecesse aquele carnes tão duras), depois a panela foi transferida pra tapera onde continuou o cozimento.
Pijama, pilotando uma colher, improvisada com um pedaço de taquara, ia preparando o prato e segundo as mais tradicionais escolas de culinária narrando os acontecimentos dentro da panela pra turma que escutava com muita atenção. Lá pelas tantas, calculando que não conseguiria amolecer mais aquela carne decretou que se desfiassem os bichinhos. Meia dúzia de mãos ajudaram a separar a carne dos ossos e a carne desfiada voltou pra panela, e o Pijama narrando: "coloca-se sal a gosto, duas cebolas picadas, cinco tomates picados, quatro dentes de alho picados, uma pimenta dedo-de-dama picada" e olhando pra um dos auxiliares pergunta: "tu lavou as mãos antes de picar os tomates?"
" Agora deixa-se cozinhar por 10 min em fogo brando." "Coloca-se o arroz (pequena discussão quanto à quantidade de arroz).
"Acrescenta-se o brodo (a maioria ali é descendente de italianos),e vai mexendo até o arroz amolecer."
Agora tu imagina um gringão enorme, fazendo essa descrição! É hilário!
Enquanto isso o restante da galera, enquanto ouve a descrição vai tomando uma "cevas" bem geladinhas (é, a tapera tem até uma geladeira velha com a porta escorada com um cabo de vassoura) que ninguém é de ferro.
Aí pela meia noite foi dada como pronta a janta e a tigrada se botou de prato e garfo que foi uma beleza. E não é que tava bom! As duas e meia (quando acabou a cerveja) o pessoal se recolheu e fomos dormir lá na casa do Arno.
No dia seguinte uma atividade que eu nunca tinha feito! Colher um parreiral inteiro e preparar o vinho! Funciona no estilo mutirão, alguns vizinhos ajudam na colheita, alguém empresta a máquina de moer, a uva é moída e colocada numa barrica enorme para fermentar.
Foi uma aventura, andar na plataforma do trator até o parreiral, colher, voltar de trator, encher os baldes e despejar na moenda, encher os baldes com a uva moida levar até a barrica no porão da casa do "Nono Atílio" e despejar. Foi um aniversário bem diferente!
Ah! Fiz 58 anos.
Um aniversário diferente, inusitado, e aposto que bem feliz e alegre, né??? Tirando a parte dos mosquitos, foi td divertido, né? Abrs, amanhã vamos aí comer tua peixada... hehehe
ResponderExcluirNão gostei dos mosquitos - por isto nunca acampei na vida -mas creio que gostaria do arroz com galinha e, principalmente, da uva. Salute! feliz aniversário!
ResponderExcluirfeliz aniversario tio alemao!
ResponderExcluirnao sei porque todos reclamam dos mosquitos, umas criaturas tao pequenas e doceis eheh
abç
Valeu alemão sobrinho!
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