sábado, 22 de dezembro de 2012

De volta ao lar

De volta ao lar dos meus "viejitos", uma precaução por causa da idade avançada deles, estando por perto fica mais fácil socorrê-los em uma emergência, penso eu.
O velho pinheiro tombado, virou cepos, em seguida se tornarão achas para fogão e churrasqueira, lenha de luxo, nos dias de hoje. Com a queda solucionou-se um problema que se arrastava a anos, os órgãos governamentais não autorizavam o corte da árvore ferida por um raio, por ser espécime nativa, por pura sorte o vendaval a derrubou onde causou o mínimo de danos.
Morando com meus pais vejo com mais clareza o que a velhice faz com uma pessoa, o alemão Alzeihmer e Dr. Parkinson, reumatismo, artrose,  roubam memória e movimentos deles a ponto de uma conversa travada a minutos atrás já não ser lembrada instantes depois, Dª Mimi tem dores nas juntas e dificuldades para caminhar. 
Mas também tem coisas bonitas. Os dois estão fisicamente bem velhinhos, 60 anos casados, mas o carinho entre eles chega emocionar. Dia destes precisava falar algo com eles, hora da "séstia", bati na porta do quarto, então abri uma frestinha e vi os dois deitados de mãos dadas!
São coisas assim que não vejo, na minha geração e gerações posteriores. Não há perspectiva para o futuro, tudo tem que ser imediato, se uma relação está com problemas, não se tenta consertar, simplesmente partimos pra outa. Mea culpa, já estou no quinto relacionamento e não tenho segurança de que seja o último. Meu pai, tempos atrás, até me deu uma letra: " Filho, você já tá meio madurão (vou fazer 59 daqui a 20 dias) tá na hora de encontrares uma boa mulher e de sossegares o facho!"
Eles, com certeza, tiveram problemas, brigas e discussões, mas, incrivelmente, até minha adolescência nunca presenciei tais coisas. Eles preservavam os filhos disso, resolvendo os problemas a portas fechadas ou à noite enquanto dormíamos. Somente adulto vi uma vez minha mãe xingar o velho por ciúmes de uma "véia assanhada" que tínhamos na congregação de nossa igreja.


Agora posso assistir minha mãe dizer palavrões, coisa impossível até meus 40 anos de idade, e a velha os sabe! A primeira vez que ouvi minha mãe dizer um "nome feio" quase caí da cadeira! Imagina o susto!Hehehehe.
Como a memória os trai, eles vivem "perdendo" as coisas, chaves, dinheiro, dentaduras, óculos, chinelos, o quê se imaginar. Normalmente é fácil de achar, mas as vezes eles se esmeram, aí vira gincana.
Lugares habituais de se encontrar as coisas: no lugar onde sempre deixam, gavetas, bolso da roupa usada no dia anterior, na geladeira, no roupeiro, mesa da sala, etc..., no fim tá virando farra nossa, com pulinhos para São Longuinho, o santo que ajuda achar as coisas.
Hasta!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

GOSTO DE ENVELHECER




Eu nunca trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, minha amada família por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa. Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim e menos crítico de mim mesmo. Eu me tornei meu próprio amigo .... Eu não me censuro por comer biscoito extra, ou por não fazer a minha cama, ou para a compra de algo bobo que eu não precisava, como uma escultura de cimento, mas que parece tão “avant garde” no meu pátio. Eu tenho direito de ser desarrumado, de ser extravagante.

Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.

Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar no computador até as quatro horas e dormir até meio-dia? Eu dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70, e se eu , ao mesmo tempo, desejo chorar por um amor perdido ... Eu vou.

Vou andar na praia em um maiô excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros no jet set.

Eles, também, vão envelhecer.
Eu sei que eu sou às vezes esquecido. Mas há mais, algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes.

Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado. Como não pode quebrar seu coração quando você perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.

Eu sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto.
Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata.
Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais.
Eu ganhei o direito de estar errado.

Assim, para responder sua pergunta, eu gosto de ser velho. Ela me libertou. Eu gosto da pessoa que me tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estou aqui, eu não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será. E eu vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer).

Que nossa amizade nunca se separe porque é direto do coração!
Desconheço o Autor.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Bancos e taxas não sei o autor


LEIA ATÉ O FINAL
Esta carta foi enviada ao Banco Itaú, porém, devido à criatividade com que foi redigida, deveria ser direcionada a todas as instituições financeiras. Tenho que prestar reverência ao brasileiro(a) que, apesar de ser altamente explorado(a), ainda consegue manter o bom humor.

Senhores Diretores do Banco Itaú,
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena ta
xa mensal, pela existência da padaria na esquina de sua rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da feira, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria assim: todo mês os senhores, e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, feira, mecânico, costureira, farmácia etc).. Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao pagante.
Existente apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade.
Por qualquer produto adquirido (um pãozinho, um remédio, uns litros de combustível etc) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até um pouquinho acima. Que tal?
Pois, ontem saí de seu Banco com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade.
Minha certeza deriva de um raciocínio simples. Vamos imaginar a seguinte cena: eu vou à padaria para comprar um pãozinho. O padeiro me atende muito gentilmente. Vende o pãozinho. Cobra o embrulhar do pão, assim como, todo e qualquer serviço..
Além disso, me impõe taxas. Uma "taxa de acesso ao pãozinho", outra "taxa por guardar pão quentinho" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo em seu Banco.
Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto de seu negócio. Os senhores me cobraram preços de mercado. Assim como o padeiro me cobra o preço de mercado pelo pãozinho.
Entretanto, diferentemente do padeiro, os senhores não se satisfazem me cobrando apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto de seu negócio, os senhores me cobraram uma "taxa de abertura de crédito'"- equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pãozinho", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar.
Não satisfeitos, para ter acesso ao pãozinho, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente em seu Banco.
Para que isso fosse possível, os senhores me cobraram uma "taxa de abertura de conta".
Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro depois de abrir a padaria.
Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "papagaios". Para liberar o "papagaio", alguns Gerentes inescrupulosos cobravam um "por fora", que era devidamente embolsado.
Fiquei com a impressão que o Banco resolveu se antecipar aos
gerentes inescrupulosos.
Agora ao invés de um "por fora" temos muitos "por dentro".
- Tirei um extrato de minha conta - um único extrato no mês - os senhores me cobraram uma taxa de R$ 5,00.
- Olhando o extrato, descobri uma outra taxa de R$ 7,90 "para a manutenção da conta" semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua".
- A surpresa não acabou: descobri outra taxa de R$ 22,00 a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros (preços) mais altos do mundo.
- Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quentinho".
- Mas, os senhores são insaciáveis. A gentil funcionária que me atendeu, me entregou um caderninho onde sou informado que me cobrarão taxas por toda e qualquer movimentação que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores esqueceram de me cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de seu Banco.
Por favor, me esclareçam uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma!
Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que sua responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências governamentais, que os riscos do negócio são muito elevados etc e tal. E, ademais, tudo o que estão cobrando está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco Central.
Sei disso. Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem seu negócio de todo e qualquer risco.
Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados..
Sei que são legais. Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam garantidas em lei, vocês concordam o quanto são abusivas.!?!
ENTÃO ENVIEM A QUANTOS CONTATOS PUDEREM.
VAMOS VER SE MEXE COM A CABEÇA DE QUEM FEZ ESSAS LEIS PARA PENSAREM O QUANTO ESTÃO ERRADOS!!!
Já fiz minha parte enviando para você.

domingo, 28 de outubro de 2012

Sou Guarani-Kaiowá! - Ribamar Bessa - Corta essa de Suicídio!

 Do blog sentapua

 

domingo, 28 de outubro de 2012

Sou Guarani-Kaiowá! - Ribamar Bessa - Corta essa de Suicídio!


domingo, 28 de outubro de 2012

Ribamar Bessa – Corta essa de suicídio!


buscado no quem tem medo da democracia






Por José Ribamar Bessa Freire(*)
Foi assim. No primeiro século da era cristã, os Guarani saíram da região amazônica, onde viviam, e caminharam em direção ao Cone Sul. Depois de longas andanças, ocuparam terras que hoje estão dentro de vários estados nacionais: Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Bolívia. Os vestígios arqueológicos e linguísticos que foram deixando ao longo do caminho permitiram que os pesquisadores reconstruíssem essa rota e estabelecessem datas prováveis do percurso feito.
Dois mil anos depois, um italiano, nascido em 1948, em Toscana, atravessou o oceano Atlântico com sua família, veio para Porto Alegre, de lá para Curitiba, se naturalizou brasileiro e se instalou, finalmente, em Mato Grosso do Sul, onde encontrou os Guarani, que lá vivem há quase dois milênios. O italiano recém-chegado se tornou governador do Estado. Seu nome: André Puccinelli (PMDB – vixe, vixe).
A migração estrangeira ajudou a construir nosso país, quando conviveu em paz com os que aqui estavam há muitos séculos, sem atropelá-los. Muitos estrangeiros, honrados, trouxeram trabalho, riqueza e cultura e compartilharam o que tinham e o que produziam com o resto da sociedade que os acolheu. Ensinaram a aprenderam. Mudaram e foram mudados. Benditos estrangeiros que plasmaram a alma brasileira!
No entanto, não foi isso o que sempre aconteceu em Mato Grosso do Sul. Lá, desde 1915, fazendeiros, pecuaristas e agronegociantes, quando chegaram, encontraram as terras ocupadas por índios. Consideraram as terras indígenas como “devolutas” e começaram a expulsar os que ali viviam, num processo que se acelerou nas últimas décadas. Foi aí que os invasores, representados hoje, no campo político, por André Puccinelli, colocaram seus documentos pra fora e, machistas, ordenaram autoritariamente:
- Deite que eu vou lhe usar!
Usaram a terra em proveito próprio, da mesma forma que o coronel Jesuíno, interpretado por José Wilker, usou a Sinhazinha na minissérie Gabriela: sem nenhum agrado, sem qualquer respeito. Com dose cavalar de brutalidade, desmataram, queimaram, exploraram os recursos naturais, abusaram dos agrotóxicos, colheram safras bilionárias de soja, cana e celulose, extraíram minério, poluíram rios e privatizaram a natureza para fins turísticos. Pensaram só neles, no lucro, e não na terra e na qualidade da vida, nem compartilharam com a sociedade, que ficou mais empobrecida.


Flor da terra
O resultado desastroso do uso da terra foi lamentado pelos líderes e professores Kaiowá em carta de 17 de março de 2007:
- O fogo da morte passou no corpo da terra, secando suas veias. O ardume do fogo torra sua pele. A mata chora e depois morre. O veneno intoxica. O lixo sufoca. A pisada do boi magoa o solo. O trator revira a terra. Fora de nossas terras, ouvimos seu choro e sua morte sem termos como socorrer a Vida.
Para os Guarani, o que aconteceu foi um estupro, ferindo de morte a sinhazinha natureza. A relação deles com a terra é amorosa, eles não se consideram donos da terra, mas parceiros dela. Ela é o tekoha, o lugar onde cultivam o modo de ser guarani, o nhanderekó. “Guardamos com a terra” – diz o kaiowá Tonico Benites – “um forte sentimento religioso de pertencimento ao território”.
O professor guarani Marcos Moreira, quando foi meu aluno no curso de formação de professores, entrevistou o velho Alexandre Acosta, da aldeia de Cantagalo (RS) que, entre outras coisas, falou:
- Esta terra que pisamos é um ser vivo, é gente, é nosso irmão. Tem corpo, tem veias, tem sangue. É por isso que o Guarani respeita a terra, que é também um Guarani. O Guarani não polui a água, pois o rio é o sangue de um Karai. Esta terra tem vida, só que muita gente não percebe. É uma pessoa, tem alma. Quando um Guarani entra na mata e precisa cortar uma árvore, ele conversa com ela, pede licença, pois sabe que se trata de um ser vivo, de uma pessoa, que é nosso parente e está acima de nós.
Os líderes Kaiowá reforçam essa relação com a terra quando lembram, na carta citada, que o criador do mundo criou o povo Guarani para ter alguém que admirasse toda o esplendor da natureza.”O nosso povo foi destinado em sua origem como humanidade a viver, usufruir e cuidar deste lugar, de modo recíproco e mútuo” – escreve o kaiowá Tonico Benites, doutorando em antropologia. “Por isso, nós somos a flor da terra, como falamos em nossa língua: Yvy Poty” – completam os líderes Kaiowá.
Se a terra é um parente, a relação com ela deve ser de troca equilibrada, de solidariedade. É como a mãe que dá o leite para o filho. Ela dá, sem pensar em cobrar. Ela não cobra nada, mas socialmente espera que um dia, se precisar, o filho vai retribuir.
“Tudo isso é frescura” – dizem os fazendeiros e pecuaristas que pensam como o coronel Jesuíno: a terra é pra ser usada. E ponto final. Portanto, o conflito não é apenas fundiário, mas cultural, com proporções tão graves que a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, considera essa como “a maior tragédia conhecida na história indígena em todo o mundo”. É que os Guarani decidiram defender a terra ferida e para isso realizaram um movimento de ocupação pacífica do território tradicional localizado à margem de cinco rios: Brilhantes, Dourados, Apa, Iguatemi e Hovy.
Apenas uma pequena parte do antigo território, que lhes permita sobreviver dignamente, é reivindicada. É o caso da comunidade Pyelito Kue-Mbarakay, no extremo sul do Estado, onde vivem 170 Kaiowá, dentro da fazenda Cambará, às margens do rio Hovy, município de Iguatemi (MS). A comunidade está cercado por pistoleiros e lá já ocorreram recentemente 4 mortes, duas por espancamento e tortura dos jagunços e duas por suicídio.


Somos Kaiowá
Um juiz federal, Sergio Henrique Bonacheia, determinou, em setembro último, a expulsão dos índios. Ele afirmou que não interessa “se as terras em litígio são ou foram tradicionalmente ocupadas pelos índios ou se o título dominial do autor é ou foi formado de maneira ilegítima”. Os índios vão ter que sair – decidiu o magistrado.
O Ministério Público Federal e a Funai recorreram ao Tribunal Regional Federal contra tal decisão. Os índios se rebelaram, escreveram uma carta anunciando que dessa forma o juiz está decretando a morte coletiva, que ele pode enviar os tratores para cavar um grande buraco e enterrar os corpos de todos eles: 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças, que eles ali ficam, como um ato de resistência, para morrer na terra onde estão enterrados seus avós.
O suicídio coletivo – assim a carta foi interpretada – teve enorme difusão nas redes sociais e ampla repercussão internacional, “com o silêncio aterrador” da mídia nacional, como lembrou Bob Fernandes, autor de um dos três artigos esclarecedores e informativos. Os outros dois foram de Eliane Brum e de Tonico Benites.
Construiu-se rapidamente nas redes sociais uma corrente de solidariedade, com sugestões para a realização de atos de protestos em muitas cidades brasileiras. “Nós todos somos Kaiowá” – disseram, parodiando um slogan que ficou célebre em maio de 1968, na França: “Nous sommes tous des juifs allemands”. Um desses atos, marcado para hoje, domingo, dia 28, será no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro, onde está instalada uma exposição sobre a vida da atriz Regina Duarte, proprietária de uma fazenda em MS e considerada porta-voz dos fazendeiros, por uma declaração infeliz que deu.
Diante da gravidade dos fatos, o governo federal convocou reunião de emergência para a próxima segunda-feira, com a participação de vários órgãos governamentais. A possibilidade de se efetivar o suicídio coletivo dos Kayowá se apoia em dados oficiais do Ministério da Saúde: nos últimos onze anos, entre 2.000 e 2011, ocorreram 555 suicídios, uma das taxas mais altas do mundo.
Se a tragédia acontecer, uma pergunta vai ter que ser respondida: suicídio coletivo? Será mesmo? A ideia de suicídio é, num certo sentido muito cômoda, porque isenta de culpa a terceiros. Mas se você é levado por alguém a se matar, trata-se de suicídio ou de uma forma de homicídio? O artigo 122 do Código Penal Brasileiro estabelece pena de reclusão para o agente que, através de ato, induz ou instiga alguém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. Quem pode ser incriminado neste caso?
A pergunta deve ser feita ao governador Puccinelli, implicado pela Operação Uragano da Polícia Federal num esquema ilegal de pagamento de propinas a deputados e desembargadores, que em maio de 2010, durante a abertura da Expoagro, em Dourados, incitou os fazendeiros contra os índios. A pergunta pode ser repassada também à senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, que em artigo, ontem, na Folha de São Paulo, teve o descaro de escrever, com certa dose de cinismo e de deboche:
- “Se a Funai pensa, por exemplo, que são necessárias mais terras para os indígenas pela ocorrência da explosão demográfica em certa região, nada mais fácil do que comprar terras e distribuí-las”.
O discurso da senadora – convenhamos – é transparente, porque evidencia a relação exclusivamente mercantil que têm com a terra, ela e aqueles que ela representa e da qual é porta-voz. Mostra ainda que ela não é capaz de entender a relação amorosa e religiosa dos Guarani com a terra. O coronel Jesuíno, certamente, assinaria embaixo de tal discurso.


*José Ribamar Bessa Freire é antropólogo. Colabora com o “Quem tem medo da democracia?”, onde tem a coluna “Taqui Pra Ti

sábado, 13 de outubro de 2012

Expoijuí Fenadi 2012

Como faço todos os anos, mais uma vez fui à Feira e visitei uma casa típica de uma das etnias que compõe o quadro dos colonizadores deste município.
Desta vez a casa visitada foi a Portuguesa, de meus ancestrais e a quem deveria estar mais ligado.
O engraçado é que as etnias mais fortes são, respectivamente, os alemães e os italianos, uma vez que na formação do município foram os grupos maiores e mais organizados, ou pelo menos que se organizaram mais rápido. Assim, desde minha infância acostumei a ouvir música de bandinha e italiana.
Estudei meu ginasial em colégio onde a esmagadora maioria era de alemães, até estudei por quatro anos essa lingua, já estava quase falando quando parei. O pão com schmier, a cuca, a macarronada e a keskuchen são influência direta dessas etnias.
Mas gosto de alguns pratos da culinaria portuguesa e lá fui eu atrás de um autêntica bacalhoada à portuguesa. O garçom, antigo colega de aulas de minha mulher, nos recebeu muito bem e encaminhou o pedido prontamente. Uma Heineken enquanto esperávamos e observávamos um mapa de Portugal e outro dos Açores onde mora um amigo virtual, o Álvaro.

E veio o prato, numa travessa o bacalhau, azeitonas pretas, ovos cozidos, cebola e brócolis, numa cumbuca arroz com açafrão e em outra grão de bico. Prato tipicamente típico!
Faltou um vinho verde pra completar, mas a Heineken quebrou o galho.
Eu já fiz bacalhoada a portuguesa, bacalhau à Gomes de Sá e outro que não lembro o nome. A verdade é que esse jantar me despertou a vontade de fazer novamente um prato português uma hora destas.
Hasta!



segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Para os amigos da 3ª idade, que me lêem!

Dicas para fazer sexo na 3ª idade:

1. Use seus óculos.

2. Certifique-se de que sua companhia esteja realmente na cama.

3. Ajuste o despertador para tocar em 3 minutos, para o caso de você adormecer durante a performance.

4. Acerte a iluminação: apague todas as luzes.

5. Deixe o celular programado para o número da EMERGÊNCIA MÉDICA.

6. Escreva em sua mão o nome da pessoa que está na cama, no caso de não se lembrar.

7.Tenha DORFLEX à mão, para o caso de você cumprir a performance.

8. Não faça muito barulho; nem todos vizinhos são surdos como você.

9. Se tudo der certo, telefone para seus amigos para contar as boas novas.

10. Nunca, jamais, pense em repetir a dose, mesmo sob efeito de VIAGRA ou CIALIS.

11. Não esqueça de levar 2 travesseiros para colocar sob os joelhos, para não forçar a artrose.

12. Se for usar camisinha, avise antes ao piupiu que não se trata de touca para dormir, senão ele pode se confundir.

13. Não esqueça de tirar a parte de baixo do pijama, mas fique com uma camiseta para não pegar gripe.

14. Não tome nenhum tipo de laxante nos dias anteriores; nunca se sabe quando se tem um acesso de tosse.

15. Repasse aos velhos amigos, já estou fazendo a minha parte, agora vc faça !!!!!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Essa tive que copiar! Hehehehe!


- Mestre, aquele povo que lhe falei continua dizendo que o Senhor é de lá, que Deus é Gaúcho, que usa espora e mango!

- Blasfêmia! De onde eles tiraram isso? Roubaste o Inverno deles como te mandei Pedro?

- Sim senhor, ficaram meio desconfiados, uns até gostaram.

- E tu deixaste por isto?

...- Não Todo Poderoso, em seguida mandei o calor do inferno, o frio da Groelândia, a água do dilúvio e toda reserva de vento que eu tava guardando pro fim do mundo agora em 2012.

- E eles?

- Se foram todos pra um tal de Acampamento Farroupilha comer churrasco, tomar cachaça na guampa e dançar fandango. O senhor acha que eles ficaram loucos, Pai?

- Faz assim Pedro: agora devolve o inverno pra eles, enche tudo de flores coloridas por lá e manda me esperarem. Tô voltando pra casa.

DEUS É GAÚCHO!

 

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domingo, 30 de setembro de 2012

Bodas de Diamante - José e Noemi

Bolo comemorativo

José e Noemi, 60 anos de casamento!

Certidão de Bodas de Diamante, Igreja Metodista de Ijuí


Filhos: Marcos, Loreni, Paulo José e Moacir (In Memoriam)
Marcos e os tios: Mª Delícia, Walter, Benilda, Maria e Alceu

Turma da bagunça, de POA , Ijuí e Santo Ângelo



Carinhoe atenção das noras Mônica e Marlene com os "Noivos"

Tia Nara e Tio Nabuco, José e Noemi

Kaúla, Loreni,Karina, José, Kim, Noemi, Ãngela, Leila, Kika, Nara

Paulo e Marlene, José e Noemi, Marcos e Mônica, Silvia, Loreni e Gilberto

Netos: Jonathan, Paulinho,Alexandre, Anderson, Heloisa e Mateus (bisneto)

Ale e a namorada,Jonathan e Lu (namorada),  Silvinha, José, Mateus e Gabriel (bisnetos) e Heloísa


domingo, 23 de setembro de 2012

O Gaúcho Mítico - Por Teobaldo Branco / O Gaúcho Primitivo







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O homem do passado transformado em figura central de um universo lendário onde as aspirações nativistas encontram sua plena realização.

Certa visão antropológica salienta a influência do ambiente natural na formação das mentalidades.
A vida campeira, desprovida dos confortos da moderna tecnologia e eivada de perigos cotidianos, estimulava os valores da coragem e da bravura no universo da estância.
Da mesma forma, as amplidões infinitas dos campos contínuos inspiravam ideias de liberdade.   A planície despovoada determinou o indivíduo social e tornou-se, conforme Regina Zilberman, "um atributo que configura um ideal - o da vida independente, seja enquanto indivíduo, justificando por que o gaúcho é um homem sem família, nem laços afetivos, seja enquanto cidadão, na medida em que o herói sempre está disposto a participar de conflitos armados que tenham como bandeira a manutenção da autonomia política." (ZILBERMAN, 1980, p. 36).
A paisagem natural alimentou no imaginário do gaúcho a ideia de que seu universo era autossuficiente.
O gaúcho sentia-se como se bastasse a si mesmo, porque o meio natural fornecia-lhe tudo o que lhe era necessário à sobrevivência.
A planície também lhe alimentou os ímpetos de ousadia pessoal e a sensação de superioridade em comparação com a mesquinhez cotidiana suportada pelas populações de outros lugares.
Assim forjou-se o mito da democracia rural gaúcha, baseada na suposta igualdade entre peões e estancieiros e na liberdade que regia as suas relações recíprocas.
Supostamente o peão nutria um sentimento de gratidão e lealdade em relação ao estancieiro que lhe proporcionava uma oportunidade de trabalho e moradia fixa e melhores condições de vida para si e sua família.
Diz-se que a identidade regional gaúcha salienta-se no universo étnico e cultural nacional, o tipo humano gaúcho se distingue dos demais tipos brasileiros e torna-se visível onde quer que se confronte com um habitante de outra parte do país.
A condição gaúcha seria vigorosa a ponto de que inspirar motejos, troça do tipo “Onde há dois gaúchos, funda-se um CTG”.
O gaúcho como personagem típico do sul do Brasil derivou, conforme Maria Helena Martins, do “primitivo tropeiro - chefe de preadores e contrabandistas de gado - que passa a proprietário de sesmarias pelas graças da Coroa e força do seu mando e acaba visto, pelos cultores dos pagos, como ‘monarca das coxilhas’, ‘político dos pampas’, quase transformado em figura lendária pelos correligionários e o povo em geral, sob o estímulo do cancioneiro popular" (MARTINS, 1980),.
Hoje, o passado é cultuado com saudosismo como uma realidade para sempre perdida, de quando os ideais do cavaleiro audaz não se haviam corrompido pelos valores típicos da sociedade capitalista de consumo e a paisagem do pampa ainda não se modificara irremediavelmente sob o influxo da mecanização do trabalho rural.
O homem cedeu lugar à máquina, trocou-se o cavalo pelo trator, os peões foram expulsos do campo porque sua força não era mais necessária. Agora, pouca gente basta para tocar a lida diária das fazendas. 
A tendência entre cultores do tradicionalismo gaúcho, de elaborar um conceito mítico do gaúcho do passado, transformado em lenda, figura central de um universo igualmente lendário, onde as aspirações nativistas encontram sua plena realização para rememorar suas raízes culturais tradicionalistas.

O Gaúcho Primitivo PDF Imprimir E-mail
Dom, 16 de Setembro de 2012

A família e o soldado na trágica história de guerra no início da origem nômade do gaúcho.

A Bacia do Rio da Prata era disputada por portugueses e castelhanos. Ali, se situava a fronteira mal definida entre as colônias americanas dos impérios de Portugal e Espanha.
Nos campos do território que mais tarde chamar-se-ia Rio Grande do Sul, os espanhóis introduziram gado bovino, o qual se dispersou e reproduziu-se livremente.
A imagem original do gaúcho está ligada à preação do gado bravio.
O gaúcho era o nômade que perseguia as manadas sem dono para extrair-lhes os couros, os quais eram exportados para o rio Prata.
A terra e o gado eram riquezas disponíveis fornecidas pela natureza. Enquanto não pertenciam nem a Portugal nem à Espanha, vigorou a sanha do gaúcho coureador. Eram mestiços de índios, portugueses e espanhóis e sobreviviam à margem da sociedade civilizada.
O gaúcho primitivo, portanto, era socialmente excluído, não tinha família nem linhagem conhecida e não se vinculava a nenhum projeto de civilização, depois de crescido o homem vivia isolado distante em campo aberto.
Os gaúchos eram homens solitários, destituídos de riqueza material, entregues à própria sorte e ocupados unicamente com a sua própria sobrevivência diária num ambiente primitivo e sem nenhuma comodidade doméstica.
Uma análise psicanalítica de Ana Maria Medeiros da Costa ressalta a ausência da figura simbólica do pai e assim identifica uma perversão original na formação do tipo humano gaúcho (cf. COSTA, 1999, p. 20).
O gaúcho primitivo, portanto, era um individualista irredutível.
Originalmente, o gaúcho ocupava-se com a rapinagem das riquezas da terra tanto em tempos de guerra quanto na paz.
Naqueles tempos, o gaúcho era carente de tudo, inclusive de família, por isso desconhecia noções de sociabilidade.
Era personagem trágica de uma história trágica: soldado compulsório arregimentado pelos mandatários do momento à revelia da sua vontade, “bucha-de-canhão”, massa de manobra dos caudilhos locais, presa de guerra destinada à degola ou algoz embrutecido e politicamente inconsciente que degolava seus semelhantes, gaúchos como ele, a mando do seu chefe militar.
Essas são noções mais verossímeis que quaisquer versões românticas e grandiloquentes que se construam em torno do verdadeiro perfil psicológico e social do gaúcho primitivo.
Na origem da formação social gaúcha encontra-se a figura autoritária do estancieiro, o latifundiário, dono exclusivo de terrenos sem fim e dono presumido dos corpos e das almas de seus agregados.
Os gaúchos eram seus peões na paz e seus soldados na guerra, garantiam a posse da terra para seu patrão e dedicava-lhe lealdade canina, quem sabe inspirada na ausência de opção.
Ao gaúcho pobre não restava senão aderir à empresa do estancieiro, porque a alternativa era evadir-se campo afora onde lhe aguardava a morte pela fome ou por emboscada.
Às mulheres dos gaúchos pobres cabia procriar os peões e soldados do futuro, os quais repetiriam a invariável tragédia de seus ancestrais.
Precisavam aturar diariamente a solidão, o cotidiano mesquinho e o temor pela perda de seus companheiros, filhos e parentes ceifado pela guerra, quando elas próprias não eram vítimas fatais dos soldados inimigos.
A sorte cultural das origens era ser peão e soldado para sobreviver e garantir a demarcação dos limites territoriais do estado do Rio Grande do Sul.
Hoje se comemora um passado simbólico, quase lendário, porque o contexto do mundo real  mudou, mas as raízes culturais do gaúcho são inesquecíveis.'

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O velho pinheiro

Quando nossa família mudou-se, da velha casa de madeira na General Portinho, para a nova e reluzente casa de material no endereço que moram até hoje, tio Merico presenteou o pai com uma muda de pinheiro nativo. Como é uma árvore de grande porte, seu José plantou-o bem no fundo do terreno a fim de que não troxesse riscos pra ninguém, nos fundos existiam terrenos baldios.
 Seu José cuidava do pinheirinho e pensava nos pinhões que ele iria produzir quando ficasse adulto, e o pinheiro foi crescendo.
Pinões
Isso foi no início da década de 70; 40 anos se passaram e lá no fundo do lote estava um pinheiro adulto com um diâmetro de quase 1m, já produzindo pinhas, porém com pinhões pequenos, o pinheiro precisava de outros da mesma família por perto para polinizar direito e os que haviam na vizinhança foram cortados por estarem muito grandes, os vizinhos temiam uma queda sobre suas casas.
A uns dois anos atrás o pinheiro, árvore mais alta da vizinhança, foi atingido por um raio, a descarga elétrica fendeu a grossa casca da árvore perto do chão e expôs o cerne. Estava aberto o caminho para a umidade e insetos atacarem a árvore enfrequecendo-a.
Seu José, quando viu aquilo ficou preocupado, nos fundos agora não era mais terreno baldio, o vizinho  é a Escola Militar com centenas de jovens alunos circulando pelo pátio. E se a árvore cai?
Araucária ou Pinheiro Nativo
Procurou as autoridades para que permitissem o corte do pinheiro, responderam: "não pode cortar, é arvore nativa em risco de extinção", seu José argumentou falando do raio e da casca lascada e que a árvore poderia cair sobre o colégio, resposta: "deixa que caia".
Procurou os militares responsáveis pela escola, mas também não teve sucesso, a resposta foi de que eles falaram com as autoridades e não podiam cortar.
Aí veio o temporal na última terça-feira, rajadas de vento de mais de 100km/h provocaram estragos inúmeros no município, e o velho pinheiro, atingido em cheio pelo tufão, não resistiu, quebrou bem na parte ferida pelo raio pois a umidade e os bichinhos tinham enfraquecido tanto o cerne que restava um pouco mais de um terço são. Toda a sorte é que o vento soprando de sudoeste fez com que a enorme árvore caísse de viés em relação à escola não a atingindo, e também, por ser à noite ninguém estava no pátio,
Pretendemos cortar o pinheiro em cepos, teremos lenha pra lareira pra muitos invernos!

sábado, 8 de setembro de 2012

Reminiscências II

Continuando as lembranças do seu José.
O causo do "Bolinho Titia"
Ainda na infância do seu Zé, morando na chácara, existiam uns parentes da Vó Felicidade que moravam por perto (perto no campo não é que nem na cidade!). Mas enfim.
Vez em quando vinha o filho desses parentes e passava o dia lá. O guri era muito pussuca, pedinchão e por isso amealhou a antipatia dos primos (era sobrinho da vó).
Volta e meia, sabedor que Dª Felicidade fazia uns bolinhos deliciosos, ele chegava na porta da cozinha e fazendo olhos compridos lascava: "Bolinho titia!", e a vó dava um bolinho pro guloso.
Dali cinco minutos tava ele de novo:"Bolinho titia!, e ganhava mais um, e mais um, e mais um.
E assim ia, cada vez que ele aparecia pra visitar. Tio Merico e o pai já estavam por conta com o abusado, vendo a bacia dos bolinhos cada vez mais vazia.
Resolveram dar uma lição no priminho, que, pro causo já tava com a barriga roliça de tanto bolinho titia.
Tio Merico tinha matado um lagarto e tirado o couro pra empalhar, olhando de relance parecia que o bicho tava vivo!
Havia uma varanda, onde todos sentavam à sombra, pra matear, prosear e... comer bolinhos (os que sobraram). Aproveitando um momento em que o priminho foi lá pussuquear mais um bolinho, Tio Merico escondeu o lagarto em baixo da cadeira dele atado a um fio de linha preto, que estendeu até o outro lado e ficou aguardando o incauto chegar, seu Zé e os demais irmãos na expectativa!
Ele veio de lá, faceiro que nem ganso novo em beira de taipa, saboreando mais um daqueles petiscos deliciosos e sentou-se!
Tio Merico disfarçadamente começa a puxar a linha trazendo o lagarto pra perto dos pés do piá, quando tava bem pertinho deu um puxão na linha fazendo o bicho encostar nos pés do guri ao mesmo tempo que gritava: "cuidado, uma cobra!".
Ao sentir o réptil nos seus pés e mais o grito do tio, o piá não teve dúvidas, era uma cobra querendo picá-lo, num prisco tava de pé e saiu em desabalada carreira em direção à casa dele.
Sentiram-se vingados do primo pedinchão e por um bom tempo o "bolinho titia" não apareceu por lá!
 Por falar em cobra, teve uma vez que a Vó Dadade, sozinha em casa com as crianças, matou uma cobra que entrou no paiol à caça de ratos; havia milho estocado e os ratos vinham, atrás dos ratos a cobra. Quando a Vó viu aquele bichão grosso enrolado olhando pra ela, não teve dúvida, catou um porrete e bateu na cabeça do bicho até matá-lo. Depois da cobra morta é que deu a tremedeira!
Nos dias de chuva, os guris não podiam sair então ficavam pelo paiol, pelo galpão, procurando o que fazer. Numa dessas Tio Merico notou que os ratos haviam feito túneis no telhado do paiol que era de capim santa fé! Daí pra imaginar uma arte foi um tapa! Pegou uns arames bem grossos fez dum lado uma ponta beeem afiada, endireitou improvisando uns espetos e convocou seu Zé.
Explicou o plano, eles iam subir no paiol e prestar atenção aos ruidos do deslocamento dos ratos pra localizá-los, então era só espetar por entre o santa fé! Dito e feito! Acharam uma diversão para os dias chuvosos, ficavam lá espetando, vez por outra o guincho de um rato acusava que tinham acertado o alvo, divertiam-se e afugentavam os roedores que vinham roubar os grãos armazenados!
Ainda guri, a pedido do padrinho dele, Tio Américo, seu Zé acabou deixando a chácara e veio morar em São
Luiz Gonzaga onde seria mandalete do padrinho e poderia estudar.
Tio Américo era representante comercial de várias empresas atacadistas e também de periódicos da capital e o seu Zé foi sendo treinado pra fazer a venda das revistas e tirar os pedidos que os varejistas encaminhavam, tudo isso em troca de casa, comida e escola, o que, na época, não era pouco. Ia de porta em porta oferecendo as revistas ( Tico-Tico, Detetive Comics, Gibis, Revista do Clube Militar e outras) e ao fim do dia estava com o bolso cheio de moedas(réis ou merréis), que entregava ao padrinho. Havia um militar que era freguês, comprava revistas caras e pagava à vista; seu Zé gostava de vender pro homem, mas tinha um porém, na casa morava um cão policial enorme e mal encarado. Um dia, tendo chegado da capital revistas novas, seu Zé saiu a distribuí-las aos fregueses habituais. Chegou na casa do militar, chamou, ninguém atendeu, viu que a porta estava entreaberta e resolveu abrir. O cão estava atrás da porta e num upa segurava seu Zé pelo braço com aqueles dentes enormes! Seu Zé gelou, o cão segurava e a cada mínimo movimento rosnava ameaçador, resolveu ficar imóvel e em silêncio, lá pelas tantas a empregada estranhando o silêncio resolveu dar uma olhada e encontrou a insólita cena, seu Zé com um maço de revistas numa mão sendo segurado no outro braço pelo cão. Imediatamente ralhou com o cachorro que soltou o assustado vendedor mirim, pegou e pagou as revistas encomendadas e quando ia agradecer seu Zé já tinha se mandado pra casa!
Outra vez, já mais taludo, repassava o comércio tirando pedidos de secos e molhados, confecções e outros produtos; época de guerra, escassez de alguns produtos o que atiçava a cobiça dos comerciantes por maiores lucros  e  seu Zé chegou num bolichão pronto pra tirar pedido. O bolicheiro pedia e seu Zé anotava, pelas tantas o homem tascou: "tem sal?" (sal nem pra remédio) seu Zé (ignorando a escassez do produto) respondeu: "tem", e o bolicheiro piscando o olho pros circunstantes: " então me mande um vagão de sal". Seu Zé arregalou os olhos, tava feito, ia ganhar um rio de dinheiro de comissão (já ganhava comissão pelas vendas), anotou os demais pedidos e se mandou pra casa! Lá chegando comunicou ao padrinho a espetacular venda que tinha feito! E tio Américo desatou a rir, deixando o noviço vendedor confuso!
Depois de rir bastante explicou, sal está em falta a muitos dias, o bolicheiro sabia e te aplicou!
Seu Zé murchou, não seria desta vez que ia ganhar uma gorda comissão.

sábado, 25 de agosto de 2012

Reminiscências

Eu me lembro....
Meu pai lembrava, agora não lembra mais. Suas memórias esfumaçaram, já não conta repetidas vezes as histórias das pescarias e caçadas, primeiro começou a confundir as histórias, uma se metendo no meio de outra, os personagens se misturando, o filho(eu) entrando em pescarias onde nem era nascido. Calou-se, o Alzheimer dominando o agora corpo frágil de ancião, a falta de forças se ampliando, arrastando os pés, só não esqueçe do seu chimarrão, isto pra ele é sagrado.
Ele esquece, mas vou tentar lembrar as histórias, pra preservar o que puder da sua vivência neste mundo.
Guri, viviam na chácara de propriedade de meu avô, João Castilhos da Fontoura e de minha avó Felicidade Silva da Fontoura. Meu avô plantava, tinha umas vaquinhas,porcos e galinhas  pra subsistência e comerciava, de carreta, o excedente. Viagens longas, demoradas, e quando voltava, saudade grande apertando, mais um filho encomendavam.
O tio Merico (Almerico) e o José (ou Noé, como a vó chamava ele) eram encarregados de uma serie de tarefas na chácara, o vô chamava o pai e meu tio e dava as ordens pro dia, e ai deles que não cumprissem à risca!
Mas tinha um porém, Merico era o sujeito mais "arteiro" que o pai conhecia, além de ser mais velho.
E o pai, tomando mate conosco, contava as artes do tio Merico; " o mangueirão dos porcos ficava numa baixada e a roça mais para cima, o vô Guta (esse era o apelido de meu avô) mandou os dois colherem umas morangas, picarem pra dar pros porcos, mas, tio Merico teve uma idéia (genial segundo ele) colheram as morangas e largaram rolando barranco abaixo e elas se espatifaram já dentro do mangueirão e tio Merico, divertido, ria a mais não poder."
Outra vez tio Merico, convidou o pai pra irem pescar no rio Piratinim, que passava pela propriedade, muniram-se de iscas, caniços, facão e se foram, detalhe o Piratinim é um rio fundo e correntoso.
Chegando lá, pescaram um pouco e o tio embestou de atravessar pro outro lado, porém ali era fundo e tinha uma correnteza forte, o pai não nadava direito refugou, tio Merico não sabia nadar, mas deu a idéia de fabricarem uma jangada. Convencido pelo tio partiram pra execução da obra, com o facão cortaram uns bambus e cipós, mais uns galhos secos e montaram a traquitana, a aparência era horrorosa e a  segurança pouco mais que zero. Colocaram aquela coisa na água e seu José subiu nela, equilibrando-se precáriamente numa das extremidades pra dar lugar pro tio Merico, nisso o tio deu uma gargalhada e se jogou de cima do barranco na outra extremidade, o tio Merico era mais velho e mais encorpado, e o magrinho José foi primeiro arremessado pelos ares e depois nas águas caudalosas do Piratinim, assustado, a adrenalina a mil, num vu tava no barranco depois de nadar e beber bastante água.
Indignado, tremendo pelo susto, meio engasgado e agarrado numa raiz, sua primeira reação foi cobrir o sacana de tudo quanto era nome feio que sabia! Enquanto isso, com o golpe que levou, a jangada improvisada se desmanchou e tio Merico afundou que nem um prego. Voltou à tona, puxou um ar com força e quá, quá, quá, gargalhou, antes de afundar de novo, voltou a tona e puxou um ar com força e quá, quá, quá, de novo afundou. Aí o pai viu que ele ia se afogar rindo ou morrer de rir se afogando e resolveu ajudá-lo a sair da água, pegou o bambu que ia servir de varejão e estendeu pro sorridente afogado. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.
Outra vez, vô guta mandou os dois arrearem a Chinita, uma égua velha que eles tinham e mais um outro cavalinho pra trilharem  feijão no pátio. Estenderam a lona trouxeram o feijão colhido e empilharam em cima até a altura dos joelhos, depois trouxeram os animais e começaram a trilhar (andar em cima do feijão, as patas dos cavalos fazendo o papel de debulhar as vagens e compactar a palha dos pés de feijão). A única coisa ruim desta tarefa era quando o animal estercava, tinha que parar tudo, tirar o esterco com todo cuidado pra não misturar com os feijões, então pra não ter esse trabalho eles cuidavam quando o animal fazia menção de urinar ou estercar, retiravam-no rápidamente de cima do feijão pra depois recomeçar normalmente. Até que a Chinita, conduzida pelo tio Merico estercou em cima do feijão e como era ele que estava conduzindo, cabia a ele retirar a bosta toda. O tio pegou com todo cuidado aquelas bolotas, verdes, fumegantes e cheirosas, deu uma olhadinha pro pai, que sentindo a maldade do lance tentou correr, mas não deu tempo! Foi atingido pelo projétil mole e malcheiroso bem na orelha, encheu a orelha! Indignado, não podia bater no outro, mais velho e maior, correu até a porta da casa e entregou o malfeitor às autoridades competentes! Mostrou pro vô a prova do crime, a orelha cheia de caca.
Resultado, tio Merico teve que trilhar sózinho o resto do dia enquanto o pai, na sombra, comendo bolinhos feitos pela vó, ficava rindo.
Da esquerda pra direita, Paulo, vô José, vó Noemi, e Loli
O vô Guta havia comprado uma junta de bois de um alemão velho, que morava nas redondezas, certa feita iam ele e o pai, levando um tronco enorme de madeira de lei para fazer tábuas e barrotes numa serraria.Haviam atrelado os bois, retiraram a caçamba da carroça, puseram um eixo na frente e outro no fim do tronco, de forma a transportá-lo com facilidade, seu José, a cavalo no tronco divertia-se com a viagem. Porém tinham que passar em frente a propriedade desse alemão velho. Quando os bois chegaram em frente à propriedade, reconheceram a querência velha e, numa guinada brusca, desembestaram em direção à casa do alemão. Com a guinada a carroça improvisada capotou e lá se foi seu José pelos ares de novo! Como não tinha água pra amortecer o choque, tombo feio, seu José quebrou o braço!
O alemão acalmou os bois, e depois socorreu o menino. A alemoa velha, pra distrair a dor do braço quebrado, trouxe uma fatia de pão caseiro, com uma grossa camada de "schmier" e nata que meu pai aceitou e quase nem viu o puxão que deram pra colocar as canas quebradas no lugar. Com umas taquarinhas  fizeram as talas, amarraram firmemente com umas tiras de pano e pronto! Tava consertado o braço.
Quando o vô Guta carneava gado, salgava e estendia o couro pra depois vender. Uma ocasião, tendo alguns couros prontos, mandou tio Merico entregar pra um vizinho que estava juntando pois um comprador ia lá buscar. O tio amarrou os couros com uma corda, e saiu arrastando aquilo pelo corredor, não sem antes ouvir a recomendação do velho Guta: "Quando vir outro cavaleiro, você pare e não volte a arrastar esses couros até ele passar!"
Mas tio Merico era medonho, no corredor arrastando aquele barulhento objeto, avistou vindo em sentido contrário, um vizinho montado num bonito tordilho passarinheiro. Num relance avançou mais um pouco e parou, bem perto de um local cheio de caraguatás na beira do corredor. Esperou o vaqueano chegar bem pertinho, o tordilho andando meio de lado, já de olho naquele estranho objeto no chão, comprimentou respeitosamente o homem mais velho e quando estavam lado a lado, deu uma arrancadinha pra frente! Os couros se mexeram e fizeram um barulhão, o cavalo empinou e jogou o gaudério lá no meio dos caraguatás! Tio Merico apeou e correu socorrer o homem todo lanhado pelos espinhos e brabo pelo tombo. Vou contar pro seu pai menino, esbravejou o cidadão e partiu a trote em direção à casa do vô Guta.

domingo, 12 de agosto de 2012

Dia dos Pais

Eu com meus filhos e a neta  nas férias em POA,, aos 58 anos.
Seu José com os filhos aos 85 anos

Seu José com alguns dos netos

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mansão Misteriosa!

Por influência da Mônica acabei entrando e jogando esse online game, Mansão Misteriosa ( Mistery Manor para os inglesófilos ).
A princípio não achei muita graça, mas com o passar do tempo fui gostando a ponto de, hoje, ter abandonado todos os outros jogos online em favor deste.
Não é um jogo típico de estratégia, não é violento, não apologisa o uso de armas. É um jogo de clicar como diz meu filho (ele jogou e não gostou, acaba com o mouse, diz).
Mas este jogo tem uma particularidade interessante; estimula que você estabeleça contatos com pessoas que sejam participantes do jogo, de forma que hoje tenho entre meus vizinhos de jogo gente dos mais diversos países, além dos brasileiros, é claro. Estados Unidos, Argentina, Venezuela, Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, China, Rússia, França, Turquia, não sei enumerar todos.
Acabamos sabendo das pessoas, como vivem, o que pensam, seus hábitos, seus hobbyes, onde passeiam, vemos fotos de suas famílias, uma integração!
Com os de mesma língua ou linguas aproximadas (no caso os de lingua espanhola), acabamos aprofundando contatos e fazendo amizades, vejo o exemplo da Mônica que se tornou amiga (apesar de nunca terem se visto pessoalmente) de argentinas, colombianas e venezuelanas, e está aprendendo espanhol com isto. Hehehehe! Ao ingressarmos em uma comunidade de jogadores brasileiros, acabamos fazendo amizade com pessoas de outros estados e estabelecemos laços de amizade virtual.
Interessante que até em um jogo como esse, que a principio é um passatempo, com sua evolução, estabelecem-se regras não escritas, uma espécie de ética do jogo. Aquelas pessoas que só pensam em tirar vantagem dos outros acabam isoladas:
* Não peça itens que você não precisa no momento, peça coisas para terminar missão ou fechar coleção de que você precisa.
*Não convide para batalhas (dar tiros) se também não for missão sua.
*Se alguém te presenteou com item que você pediu, retribua dando à pessoa um item de que ela precisa.
*Sempre que possível visite os vizinhos e lhes dê aqueles itens gratuitos de que precisam.
*Finalmente: nunca, mas nunca mesmo, entre na comunidade pra ofender e reclamar das pessoas! Isso é uma amostra do seu caráter e terá como resultado o afastamento das pessoas.
Hasta!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Passeio em Porto Alegre

Saímos de Ijuí aí pelas 6h da manhã, muito frio, trechos com cerração fechada e garoa fina. Havia comprado 3 CD´s novos, fomos escutando enquanto viajávamos, 3 generos; nativista, sertaneja e bandas. A Mônica, térmica e cuia em punho, tomava mate e contava as últimas novidades, combinava comigo coisas do jogo (Mansão Misteriosa) que temos como passatempo na internet.
Esperávamos chegar um pouco depois do meio-dia na capital, mas na RS que liga Cruz Alta a Soledade havia muito movimento, caminhões, carros e chuva, fiquei tenso, muitas vezes andando enfileirados, os caminhões, lentos trancando tudo. Estava tão concentrado em cuidar a movimentação dos veículos que nem vi passar o trevo em Tio Hugo, só fui me dar conta quando entramos em Passo Fundo!
Daí que a Mônica me disse que tinha visto passar o trevo, mas não falou nada! Resultado, uma hora a mais de viagem, pedi a ela que quando ocorrer algo semelhante novamente, avise!
Retomado o rumo, viajamos até o topo da serra e paramos pra almoçar no Gringo, habitual ponto para nossas refeições de viagem, comida boa, sobremesinha e um cochilo de meia hora, pois se eu não cochilar depois do almoço fico imprestável!
Ainda pegamos alguns trechos em obras, novas filas de caminhões e carros de forma que chegamos ao nosso destino, casa da minha filhota Vivi as 15h mais ou menos. Antes passamos pela Praça da Matriz e compramos ingressos (camarotes laterais) para uma apresentação de música clássica no Teatro São Pedro.
Fernandinha estava passeando na casa do Leandro e as duas, Vivi e Maria, trabalhando, então nos adonamos da casa, preparei um carreteiro e uma salada pra janta. Maria chegou primeiro, ficou surpresa com a nossa presença pois não sabiam ao certo que dia viriamos; Vivi chegou as 23h também ficou surpresa e feliz. Adorou comidinha de papai!
Nos dias seguintes fiz outras comidinhas, sempre elogiadas pelo povo, penso eu que gostaram mesmo, pois não sobrava nada!
Resolvemos, eu e Mônica, no sábado ir caminhar a toa pelo centro, olhar vitrines, almoçar por lá, e acabamos indo no shoping do povão, as "galerias da volunta". Olhamos, caminhamos e não compramos nada. Mas eu precisava comprar algo pro meu "caseiro" e Mônica também pra " caseira" dela, coisa que deixamos para o último dia.
Combinamos que no domingo iríamos almoçar com a Vivi, no local de trabalho dela, Pastelon é o nome. Fernandinha viria e de última hora o Marquinhos ligou avisando que estava de volta da praia, onde fora conhecer um peixão que fisgara pela internet (está solteiro novamente, a fruta não cai longe do pé, kkkkk) pedindo que o buscássemos.
Almoçamos juntos, tiramos fotos na Praça da Alfândega, Vivi voltou ao trabalho e nós fomos pro apê do Marquinhos olhar o jogo do Internacional que por sinal foi goleada! Dále Inter!
O ponto culminante do nosso passeio, depois de ver os familiares,  foi indubitavelmente a ida ao Teatro São Pedro, na 2ª feira. Detalhe, morei 25 anos em Porto Alegre e nunca tinha ido a esse teatro!
Esta foi a programação apresentada:

Orquestra de Câmara Theatro São Pedro apresenta "Bach Eterno"

Regente da Orquestra da Bahia, Carlos Prazeres, é o maestro convidado

 O oboísta e regente Carlos Prazeres é o maestro convidado da apresentação “Bach Eterno”, da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro, que será realizada às 21h desta segunda-feira, no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº). Além de Bach, o programa prevê obras de Arvo Part, com participação dos solistas Daniel Germano e Artur Elias Carneiro.

Um dos mais requisitados maestros do momento, Carlos Prazeres é filho do maestro Armando Prazeres. É assistente de Isaac Karabtchevsky na Orquestra Petrobras Sinfônica, desde 2005, e regente da Orquestra da Bahia. 

Eu nunca havia entrado no Teatro, só o conhecia por fora, acompanhei as obras de recuperação desse monumento à arte em solo gaúcho, obra engendrada e dirigida por Eva Sopher, essa mulher admirável! Ela estava lá! Em pé, entre as duas rampas que sobem aos camarotes, mulher magrinha, com muitas rugas e um brilho de energia e determinação no olhar, aurindo das pessoas à sua volta os bons fluidos que a fazem manter o teatro vivo!
É inenarrável a sensação de alguém como eu, pêlo duro, do povo, que tem a oportunidade de ter acesso a um lugar como este, é uma emoção, um arrebatamento, você não consegue ver, ouvir e sentir tudo ao seu redor, incrível!
Gentilmente orientados pelo funcionário do teatro, tomamos nossos assentos no camarote 15, lado esquerdo, seis lugares, duas filas de três cadeiras, numeradas. Ficamos na fila de traz, mesmo assim temos boa visão do palco. Observo impressionado o ambiente. Abaixo de frente para o palco, a platéia, acima no mesmo nível nosso, ao centro senta-se Eva Sopher com toda sua autoridade.
Um nível acima do nosso mais camarotes, agora com uma espécie de arquibancada. São os ingressos mais baratos. O lustre pendurado no teto bem no centro da ferradura, impressiona pelo tamanho e pela beleza, todo o teatro tem seu piso forrado com tapete vermelho.
 O teatro é em forma de ferradura para a facilitar a acústica, uma pessoa falando no palco é facilmente ouvida em qualquer lugar da platéia e dos camarotes!
Começa a apresentação, a orquestra de câmara executa as obras de Bach e Arvo Part, são três números que duram 1:30h, ao final o maestro, solistas e músicos são aplaudidos de pé pelo público, ouve-se gritos de "Bravo! Não sentimos o tempo passar! Comentário da Mônica ao final: "amei"!
Terça pela manhã tomamos rumo de casa, já com saudades do povo de lá. Chuva, de Porto Alegre a Ijuí, ali pela altura de Ibirubá, acho, um acidente feíssimo, dois carros destruidos, possivelmente choque frontal, deve ter havido mortes.


sábado, 21 de julho de 2012

Para viver um grande amor!







Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

(Vini de Moraes)

Vinícius, apaixonado, escreveu, Dudu postou no Face,  e eu compartilho com meus poucos e fiéis leitores!
Hasta!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A "hora bunda"

Segunda-feira, aulas terminadas e nós fazendo hora na escola. Alguns chamam essas horas destinadas à atividades, de "hora bunda", pois ficamos todos sentados ao redor da mesa na nossa sala, conversando atualizando os assuntos do curso, falando sobre os alunos problema e contando estórias, rindo e provocando uns aos outros. Hoje estamos em oito, cada um com seu notebook, lendo as mensagens, e comentando.
Lembramos de causos ocorridos com cada professor, os mais velhos, por terem mais tempo de carreira são as maiores vítimas da turba. Eu, com 18 anos de casa sou portanto  o maior provocador de risos nessa platéia gozadora. E tem cada causo!
De tudo fica, nesses horários em que livres de ter que estar em sala de aula, fazemos essa convivência mais solta aquela sensação de não somos apenas colegas, mas também amigos.
Hasta!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

ORAÇÃO PARA NÃO FICAR RABUGENTO

Ó Senhor, tu sabes melhor do que eu que estou envelhecendo a cada dia.

Sendo assim, Senhor, livra-me da tolice de achar que devo dizer algo,
em toda e qualquer ocasião.
Livra-me, também, Senhor!

Deste desejo enorme que tenho de querer pôr em ordem a vida dos outros.

Ensina-me a pensar nos outros e a ajudá-los, sem jamais me impor sobre
eles, mesmo considerando com modéstia a sabedoria que acumulei e que
penso ser uma lástima não passar adiante.

Tu sabes, Senhor, que desejo preservar alguns amigos e uma boa relação
com os filhos, e que só se preserva os amigos e os filhos quando não
há intromissão na vida deles.

Livra-me, também, Senhor, da tolice de querer contar tudo com detalhes
e minúcias e dê asas à minha imaginação para voar diretamente ao ponto
que interessa.

Não me permita falar mal de alguém. Ensina-me a fazer silêncio sobre
minhas dores e doenças.
Elas estão aumentando e, com isso, a vontade de descrevê-las vai
crescendo a cada ano que passa.

Não ouso pedir o dom de ouvir com alegria a discrição das doenças
alheias; seria pedir muito.
Mas, ensina-me, Senhor, a suportar ouvi-las com paciência.

Ensina-me a maravilhosa sabedoria de saber que posso estar errado em
algumas ocasiões.
Já descobri que pessoas que acertam sempre são maçantes e desagradáveis.
Mas, sobretudo, Senhor, nesta prece de envelhecimento, peço:
Mantenha-me o mais amável possível.

Livrai-me de ser santo (a). É difícil conviver com santos!

Mas um(a) velho(a) rabugento(a), Senhor, é obra prima do mal!
Poupe-me, por misericórdia...

E proteja-me contra os mal intencionados...

Assim seja! Amém!!!

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