terça-feira, 21 de junho de 2011

Quando a gente era guri

Quando a gente era guri.
 
Jogava futebol, muuuito, na rua em frente a nossa casa, com chinelo de dedo fazendo a goleira, no campinho do Tiaraju, que tinha banhado e caraguatás do lado e quando a bola caia lá ninguém queria ir buscar por causa dos espinhos, no colégio, antes da aula no verão, clareava duas horas mais cedo, até a professora proibir por causa do cheiro(budum mesmo) de suor que empestava a sala.
Jogava tampinha que a gente colecionava de todas as marcas de bebidas, as de cerveja eram as mais valorizadas. 
Jogava bolita, tinha um guri que roubava no jogo, mas era tão ruim que a gente pelava ele ligeirinho, eu guardava as bolitas em latas herméticamente fechadas que enterrava no pátio, depois não lembrava direito onde tinha enterrado.
Jogava carteiras de cigarro, que colecionávamos, quanto mais diferente e dificil de achar mais valia.
Jogava figurinha, isto era mais dificil, porque ninguém tinha dinheiro pra comprar, então era mais na base da troca, as outras coisas, tampinha, carteira de cigarro era só achar por perto dos bolichos, bolita se comprou um pouquinho no começo e depois os "figos" nos abasteciam.
Caçava de bodoque, rolinhas e sabiás, que a gente assava num foguinho, com banha e sal que trazíamos de casa, as vezes tomavamos corridões dos donos das chácaras, que não queriam aquela gurizada circulando por dentro dos capões de mato, nunca se atirava pedra em quero-quero e beija-flor.
Pescava na sanga, com anzol lambarizeiro ou com saco de estopa; a pescaria de saco era sem isca, a gente procurava um local bem estreito e colocava o saco bem preso de jeito que a água toda passasse por dentro do saco, depois subia a sanga uns duzentos metros, entrava nela com paus e tudo que pudesse fazer barulho e ia descendo batendo e agitando a água, depois era só fechar a boca do saco,  correr pro barranco e jogar o produto da faina no chão: muuitos lambaris, cipós, jundiazinhos, caranguejos, muçuns e até cobras saiam do saco...
Quando fomos ficando maiores as meninas começaram a nos interessar e começamos a participar das brincadeiras com elas, tinha algumas perfeitamente inocentes, outras, principalmente à noite, nem tanto, como brincar de esconder, dava pra dar uns pegas no escuro com alguém de que se gostasse.
Depois começaram os namoricos, como Dª Mimi dizia, era mais na base dos bilhetes, tipo assim: Eu ti amo, um beijo. Ass. fulana. E a gente respondia: Dois beijos! Ass. fulano!
Até que eu peguei uma que não mandava bilhete, tascava beijo que era uma beleza!
E eu me senti muito homem, pois da minha turma eu era o primeiro a ter esta experiência!

3 comentários:

  1. legal o texto; viste que os enfoques são diferentes? vamos escrevendo nossas memórias, e juntando-as teremos um caleidoscópio interessante e gostoso. Abraços, Loli

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  2. Hahahahah,muito bom, não tinha lido este ainda. Gostei da parte: "tinha uma que não mandava bilhete..." kkkkkkkkkkk

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  3. Mas que tal... foi o primeiro é...mininu taraduuu..kkkkk

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