Ha dias estou com vontade de escrever, mas não me vem nenhum assunto, quando sento em frente ao computador. A cabeça fica vazia, branco total.
Mas basta eu me afastar, sair, ir para a rua e aparecem coisas, surgem assuntos que seriam interessantes abordar, porém, quando chego em casa esqueço totalmente!
Lembrei de um aluno calouro que está em uma de nossas turmas. É um rapaz de 25 anos, com necessidades especiais, tem sérios problemas (epilepsia, problemas neurológicos) que acarretaram retardo mental.
Nós professores de curso técnico nunca tínhamos nos deparado com tal situação, nem recebemos treinamento para isto, mas a política de inclusão dos nossos governantes nos põe frente a esses desafios.
Falando bem sinceramente, não sabemos bem como nos comportar diante desse fato, como avaliar uma pessoa tão diferente na forma de raciocinar e entender o que falamos.
Mas estamos aprendendo com ele. Eu já aprendi que ele não gosta de ser tratado de forma diferente dos outros; descobri que ele é o mais disciplinado dos alunos daquela turma (é o primeiro a chegar, o último a sair, não faz bagunça e é obedientíssimo) e percebi, embora as inúmeras dificuldades que ele possui, que, a seu modo, ele entende o que eu ensino.
Estávamos ministrando desenho de caldeiraria, para quem não sabe é uma forma complicada de planificar figuras (peças confeccionadas com chapas de metal) de forma a poder ser cortadas e dobradas de acordo com o projeto.
No começo eu mandava um aluno ajudá-lo a fazer o seu protótipo em cartolina, mas notei que ele se sentia mal com isso, então deixei-o virar-se por conta própria e tive uma surpresa! Ele passou a fazer todas as peças que ensino; de tamanho diferente, as vezes um tanto imperfeitas, mas faz!
Imagino que antes não o deixassem manipular instrumentos perfurantes ou cortantes, talvez por temor que ele se ferisse, ele mostrou-se fascinado e um tanto temeroso de manipular um compasso e me confidenciou que não sabia usá-lo; hoje faz circulos perfeitos.
O que me deixa um tanto preocupado é saber que mesmo concluindo o curso ele não poderá trabalhar no ramo pois é muito perigoso.
Este é mais um, entre os milhares de defeitos do governo do PT: o pouco que estava estruturado da educação, ele acabou; quer eliminar - se já não o fez - a educação especial para alunos especiais(leia-se APAES), com profissionais especializados, capacitados para atuar junto a eles; e colocar alunos excepcionais junto aos que não o são: atrapalha o estudo e a velocidade de aprendizado destes, e não permite o total acompanhamento daqueles. E não habilita nem capacita os professores da rede pública ou particular que não tiveram especialização para isto; simplesmente jogam o problema no colo dos professores, e dizem: te vira! Quando fiz meu tcc, encontrei decisões do TJ do RS em que condenaram escolar que não reprovaram alunos com problemas mentais, quando queriam impedir, quando no segundo grau, de frequentar o curso por não terem capacidade e conhecimento adequado para isto. Lamentável, e um fiasco.
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