domingo, 30 de setembro de 2012

Bodas de Diamante - José e Noemi

Bolo comemorativo

José e Noemi, 60 anos de casamento!

Certidão de Bodas de Diamante, Igreja Metodista de Ijuí


Filhos: Marcos, Loreni, Paulo José e Moacir (In Memoriam)
Marcos e os tios: Mª Delícia, Walter, Benilda, Maria e Alceu

Turma da bagunça, de POA , Ijuí e Santo Ângelo



Carinhoe atenção das noras Mônica e Marlene com os "Noivos"

Tia Nara e Tio Nabuco, José e Noemi

Kaúla, Loreni,Karina, José, Kim, Noemi, Ãngela, Leila, Kika, Nara

Paulo e Marlene, José e Noemi, Marcos e Mônica, Silvia, Loreni e Gilberto

Netos: Jonathan, Paulinho,Alexandre, Anderson, Heloisa e Mateus (bisneto)

Ale e a namorada,Jonathan e Lu (namorada),  Silvinha, José, Mateus e Gabriel (bisnetos) e Heloísa


domingo, 23 de setembro de 2012

O Gaúcho Mítico - Por Teobaldo Branco / O Gaúcho Primitivo







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O homem do passado transformado em figura central de um universo lendário onde as aspirações nativistas encontram sua plena realização.

Certa visão antropológica salienta a influência do ambiente natural na formação das mentalidades.
A vida campeira, desprovida dos confortos da moderna tecnologia e eivada de perigos cotidianos, estimulava os valores da coragem e da bravura no universo da estância.
Da mesma forma, as amplidões infinitas dos campos contínuos inspiravam ideias de liberdade.   A planície despovoada determinou o indivíduo social e tornou-se, conforme Regina Zilberman, "um atributo que configura um ideal - o da vida independente, seja enquanto indivíduo, justificando por que o gaúcho é um homem sem família, nem laços afetivos, seja enquanto cidadão, na medida em que o herói sempre está disposto a participar de conflitos armados que tenham como bandeira a manutenção da autonomia política." (ZILBERMAN, 1980, p. 36).
A paisagem natural alimentou no imaginário do gaúcho a ideia de que seu universo era autossuficiente.
O gaúcho sentia-se como se bastasse a si mesmo, porque o meio natural fornecia-lhe tudo o que lhe era necessário à sobrevivência.
A planície também lhe alimentou os ímpetos de ousadia pessoal e a sensação de superioridade em comparação com a mesquinhez cotidiana suportada pelas populações de outros lugares.
Assim forjou-se o mito da democracia rural gaúcha, baseada na suposta igualdade entre peões e estancieiros e na liberdade que regia as suas relações recíprocas.
Supostamente o peão nutria um sentimento de gratidão e lealdade em relação ao estancieiro que lhe proporcionava uma oportunidade de trabalho e moradia fixa e melhores condições de vida para si e sua família.
Diz-se que a identidade regional gaúcha salienta-se no universo étnico e cultural nacional, o tipo humano gaúcho se distingue dos demais tipos brasileiros e torna-se visível onde quer que se confronte com um habitante de outra parte do país.
A condição gaúcha seria vigorosa a ponto de que inspirar motejos, troça do tipo “Onde há dois gaúchos, funda-se um CTG”.
O gaúcho como personagem típico do sul do Brasil derivou, conforme Maria Helena Martins, do “primitivo tropeiro - chefe de preadores e contrabandistas de gado - que passa a proprietário de sesmarias pelas graças da Coroa e força do seu mando e acaba visto, pelos cultores dos pagos, como ‘monarca das coxilhas’, ‘político dos pampas’, quase transformado em figura lendária pelos correligionários e o povo em geral, sob o estímulo do cancioneiro popular" (MARTINS, 1980),.
Hoje, o passado é cultuado com saudosismo como uma realidade para sempre perdida, de quando os ideais do cavaleiro audaz não se haviam corrompido pelos valores típicos da sociedade capitalista de consumo e a paisagem do pampa ainda não se modificara irremediavelmente sob o influxo da mecanização do trabalho rural.
O homem cedeu lugar à máquina, trocou-se o cavalo pelo trator, os peões foram expulsos do campo porque sua força não era mais necessária. Agora, pouca gente basta para tocar a lida diária das fazendas. 
A tendência entre cultores do tradicionalismo gaúcho, de elaborar um conceito mítico do gaúcho do passado, transformado em lenda, figura central de um universo igualmente lendário, onde as aspirações nativistas encontram sua plena realização para rememorar suas raízes culturais tradicionalistas.

O Gaúcho Primitivo PDF Imprimir E-mail
Dom, 16 de Setembro de 2012

A família e o soldado na trágica história de guerra no início da origem nômade do gaúcho.

A Bacia do Rio da Prata era disputada por portugueses e castelhanos. Ali, se situava a fronteira mal definida entre as colônias americanas dos impérios de Portugal e Espanha.
Nos campos do território que mais tarde chamar-se-ia Rio Grande do Sul, os espanhóis introduziram gado bovino, o qual se dispersou e reproduziu-se livremente.
A imagem original do gaúcho está ligada à preação do gado bravio.
O gaúcho era o nômade que perseguia as manadas sem dono para extrair-lhes os couros, os quais eram exportados para o rio Prata.
A terra e o gado eram riquezas disponíveis fornecidas pela natureza. Enquanto não pertenciam nem a Portugal nem à Espanha, vigorou a sanha do gaúcho coureador. Eram mestiços de índios, portugueses e espanhóis e sobreviviam à margem da sociedade civilizada.
O gaúcho primitivo, portanto, era socialmente excluído, não tinha família nem linhagem conhecida e não se vinculava a nenhum projeto de civilização, depois de crescido o homem vivia isolado distante em campo aberto.
Os gaúchos eram homens solitários, destituídos de riqueza material, entregues à própria sorte e ocupados unicamente com a sua própria sobrevivência diária num ambiente primitivo e sem nenhuma comodidade doméstica.
Uma análise psicanalítica de Ana Maria Medeiros da Costa ressalta a ausência da figura simbólica do pai e assim identifica uma perversão original na formação do tipo humano gaúcho (cf. COSTA, 1999, p. 20).
O gaúcho primitivo, portanto, era um individualista irredutível.
Originalmente, o gaúcho ocupava-se com a rapinagem das riquezas da terra tanto em tempos de guerra quanto na paz.
Naqueles tempos, o gaúcho era carente de tudo, inclusive de família, por isso desconhecia noções de sociabilidade.
Era personagem trágica de uma história trágica: soldado compulsório arregimentado pelos mandatários do momento à revelia da sua vontade, “bucha-de-canhão”, massa de manobra dos caudilhos locais, presa de guerra destinada à degola ou algoz embrutecido e politicamente inconsciente que degolava seus semelhantes, gaúchos como ele, a mando do seu chefe militar.
Essas são noções mais verossímeis que quaisquer versões românticas e grandiloquentes que se construam em torno do verdadeiro perfil psicológico e social do gaúcho primitivo.
Na origem da formação social gaúcha encontra-se a figura autoritária do estancieiro, o latifundiário, dono exclusivo de terrenos sem fim e dono presumido dos corpos e das almas de seus agregados.
Os gaúchos eram seus peões na paz e seus soldados na guerra, garantiam a posse da terra para seu patrão e dedicava-lhe lealdade canina, quem sabe inspirada na ausência de opção.
Ao gaúcho pobre não restava senão aderir à empresa do estancieiro, porque a alternativa era evadir-se campo afora onde lhe aguardava a morte pela fome ou por emboscada.
Às mulheres dos gaúchos pobres cabia procriar os peões e soldados do futuro, os quais repetiriam a invariável tragédia de seus ancestrais.
Precisavam aturar diariamente a solidão, o cotidiano mesquinho e o temor pela perda de seus companheiros, filhos e parentes ceifado pela guerra, quando elas próprias não eram vítimas fatais dos soldados inimigos.
A sorte cultural das origens era ser peão e soldado para sobreviver e garantir a demarcação dos limites territoriais do estado do Rio Grande do Sul.
Hoje se comemora um passado simbólico, quase lendário, porque o contexto do mundo real  mudou, mas as raízes culturais do gaúcho são inesquecíveis.'

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O velho pinheiro

Quando nossa família mudou-se, da velha casa de madeira na General Portinho, para a nova e reluzente casa de material no endereço que moram até hoje, tio Merico presenteou o pai com uma muda de pinheiro nativo. Como é uma árvore de grande porte, seu José plantou-o bem no fundo do terreno a fim de que não troxesse riscos pra ninguém, nos fundos existiam terrenos baldios.
 Seu José cuidava do pinheirinho e pensava nos pinhões que ele iria produzir quando ficasse adulto, e o pinheiro foi crescendo.
Pinões
Isso foi no início da década de 70; 40 anos se passaram e lá no fundo do lote estava um pinheiro adulto com um diâmetro de quase 1m, já produzindo pinhas, porém com pinhões pequenos, o pinheiro precisava de outros da mesma família por perto para polinizar direito e os que haviam na vizinhança foram cortados por estarem muito grandes, os vizinhos temiam uma queda sobre suas casas.
A uns dois anos atrás o pinheiro, árvore mais alta da vizinhança, foi atingido por um raio, a descarga elétrica fendeu a grossa casca da árvore perto do chão e expôs o cerne. Estava aberto o caminho para a umidade e insetos atacarem a árvore enfrequecendo-a.
Seu José, quando viu aquilo ficou preocupado, nos fundos agora não era mais terreno baldio, o vizinho  é a Escola Militar com centenas de jovens alunos circulando pelo pátio. E se a árvore cai?
Araucária ou Pinheiro Nativo
Procurou as autoridades para que permitissem o corte do pinheiro, responderam: "não pode cortar, é arvore nativa em risco de extinção", seu José argumentou falando do raio e da casca lascada e que a árvore poderia cair sobre o colégio, resposta: "deixa que caia".
Procurou os militares responsáveis pela escola, mas também não teve sucesso, a resposta foi de que eles falaram com as autoridades e não podiam cortar.
Aí veio o temporal na última terça-feira, rajadas de vento de mais de 100km/h provocaram estragos inúmeros no município, e o velho pinheiro, atingido em cheio pelo tufão, não resistiu, quebrou bem na parte ferida pelo raio pois a umidade e os bichinhos tinham enfraquecido tanto o cerne que restava um pouco mais de um terço são. Toda a sorte é que o vento soprando de sudoeste fez com que a enorme árvore caísse de viés em relação à escola não a atingindo, e também, por ser à noite ninguém estava no pátio,
Pretendemos cortar o pinheiro em cepos, teremos lenha pra lareira pra muitos invernos!

sábado, 8 de setembro de 2012

Reminiscências II

Continuando as lembranças do seu José.
O causo do "Bolinho Titia"
Ainda na infância do seu Zé, morando na chácara, existiam uns parentes da Vó Felicidade que moravam por perto (perto no campo não é que nem na cidade!). Mas enfim.
Vez em quando vinha o filho desses parentes e passava o dia lá. O guri era muito pussuca, pedinchão e por isso amealhou a antipatia dos primos (era sobrinho da vó).
Volta e meia, sabedor que Dª Felicidade fazia uns bolinhos deliciosos, ele chegava na porta da cozinha e fazendo olhos compridos lascava: "Bolinho titia!", e a vó dava um bolinho pro guloso.
Dali cinco minutos tava ele de novo:"Bolinho titia!, e ganhava mais um, e mais um, e mais um.
E assim ia, cada vez que ele aparecia pra visitar. Tio Merico e o pai já estavam por conta com o abusado, vendo a bacia dos bolinhos cada vez mais vazia.
Resolveram dar uma lição no priminho, que, pro causo já tava com a barriga roliça de tanto bolinho titia.
Tio Merico tinha matado um lagarto e tirado o couro pra empalhar, olhando de relance parecia que o bicho tava vivo!
Havia uma varanda, onde todos sentavam à sombra, pra matear, prosear e... comer bolinhos (os que sobraram). Aproveitando um momento em que o priminho foi lá pussuquear mais um bolinho, Tio Merico escondeu o lagarto em baixo da cadeira dele atado a um fio de linha preto, que estendeu até o outro lado e ficou aguardando o incauto chegar, seu Zé e os demais irmãos na expectativa!
Ele veio de lá, faceiro que nem ganso novo em beira de taipa, saboreando mais um daqueles petiscos deliciosos e sentou-se!
Tio Merico disfarçadamente começa a puxar a linha trazendo o lagarto pra perto dos pés do piá, quando tava bem pertinho deu um puxão na linha fazendo o bicho encostar nos pés do guri ao mesmo tempo que gritava: "cuidado, uma cobra!".
Ao sentir o réptil nos seus pés e mais o grito do tio, o piá não teve dúvidas, era uma cobra querendo picá-lo, num prisco tava de pé e saiu em desabalada carreira em direção à casa dele.
Sentiram-se vingados do primo pedinchão e por um bom tempo o "bolinho titia" não apareceu por lá!
 Por falar em cobra, teve uma vez que a Vó Dadade, sozinha em casa com as crianças, matou uma cobra que entrou no paiol à caça de ratos; havia milho estocado e os ratos vinham, atrás dos ratos a cobra. Quando a Vó viu aquele bichão grosso enrolado olhando pra ela, não teve dúvida, catou um porrete e bateu na cabeça do bicho até matá-lo. Depois da cobra morta é que deu a tremedeira!
Nos dias de chuva, os guris não podiam sair então ficavam pelo paiol, pelo galpão, procurando o que fazer. Numa dessas Tio Merico notou que os ratos haviam feito túneis no telhado do paiol que era de capim santa fé! Daí pra imaginar uma arte foi um tapa! Pegou uns arames bem grossos fez dum lado uma ponta beeem afiada, endireitou improvisando uns espetos e convocou seu Zé.
Explicou o plano, eles iam subir no paiol e prestar atenção aos ruidos do deslocamento dos ratos pra localizá-los, então era só espetar por entre o santa fé! Dito e feito! Acharam uma diversão para os dias chuvosos, ficavam lá espetando, vez por outra o guincho de um rato acusava que tinham acertado o alvo, divertiam-se e afugentavam os roedores que vinham roubar os grãos armazenados!
Ainda guri, a pedido do padrinho dele, Tio Américo, seu Zé acabou deixando a chácara e veio morar em São
Luiz Gonzaga onde seria mandalete do padrinho e poderia estudar.
Tio Américo era representante comercial de várias empresas atacadistas e também de periódicos da capital e o seu Zé foi sendo treinado pra fazer a venda das revistas e tirar os pedidos que os varejistas encaminhavam, tudo isso em troca de casa, comida e escola, o que, na época, não era pouco. Ia de porta em porta oferecendo as revistas ( Tico-Tico, Detetive Comics, Gibis, Revista do Clube Militar e outras) e ao fim do dia estava com o bolso cheio de moedas(réis ou merréis), que entregava ao padrinho. Havia um militar que era freguês, comprava revistas caras e pagava à vista; seu Zé gostava de vender pro homem, mas tinha um porém, na casa morava um cão policial enorme e mal encarado. Um dia, tendo chegado da capital revistas novas, seu Zé saiu a distribuí-las aos fregueses habituais. Chegou na casa do militar, chamou, ninguém atendeu, viu que a porta estava entreaberta e resolveu abrir. O cão estava atrás da porta e num upa segurava seu Zé pelo braço com aqueles dentes enormes! Seu Zé gelou, o cão segurava e a cada mínimo movimento rosnava ameaçador, resolveu ficar imóvel e em silêncio, lá pelas tantas a empregada estranhando o silêncio resolveu dar uma olhada e encontrou a insólita cena, seu Zé com um maço de revistas numa mão sendo segurado no outro braço pelo cão. Imediatamente ralhou com o cachorro que soltou o assustado vendedor mirim, pegou e pagou as revistas encomendadas e quando ia agradecer seu Zé já tinha se mandado pra casa!
Outra vez, já mais taludo, repassava o comércio tirando pedidos de secos e molhados, confecções e outros produtos; época de guerra, escassez de alguns produtos o que atiçava a cobiça dos comerciantes por maiores lucros  e  seu Zé chegou num bolichão pronto pra tirar pedido. O bolicheiro pedia e seu Zé anotava, pelas tantas o homem tascou: "tem sal?" (sal nem pra remédio) seu Zé (ignorando a escassez do produto) respondeu: "tem", e o bolicheiro piscando o olho pros circunstantes: " então me mande um vagão de sal". Seu Zé arregalou os olhos, tava feito, ia ganhar um rio de dinheiro de comissão (já ganhava comissão pelas vendas), anotou os demais pedidos e se mandou pra casa! Lá chegando comunicou ao padrinho a espetacular venda que tinha feito! E tio Américo desatou a rir, deixando o noviço vendedor confuso!
Depois de rir bastante explicou, sal está em falta a muitos dias, o bolicheiro sabia e te aplicou!
Seu Zé murchou, não seria desta vez que ia ganhar uma gorda comissão.