quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Marcos e Paulo



Eu e meu irmão, apesar do mesmo sangue somos diferentes em quase tudo.
Eu sou gordo, altura mediana, ele é magro e alto, eu sou moreno ele é claro.
Eu gosto de cantar, ele desafina até pra espirrar.
Eu leio muuiito, ele lê bem menos que eu.
Eu já votei da extrema direita até a estrema esquerda, e não resolveu, ele só vota na estrema direita, e também não resolveu.
Eu nunca me filiei a partido nenhum, ele já se filiou em dois, e não resolveu.
Eu sempre fui empregado, ele resolveu ser empresário, ambos com relativo (in)sucesso.
Eu casei com uma gringa, ele com uma japonesa, eu casei com uma alemoa, ele com uma russa, eu continuei trocando de mulher, ele parou.
Eu, quando guri, era brigão, ele arrumava brigas pra mim.
No futebol, eu fazia gols, ele era armandinho.
Na religião, eu sou meio desligadão porém crente, ele dá testemunho mas é meio fariseu.
Temos uma grande paixão em comum, o S.C. Internacional, que segue firme pro bi mundial.
Eu gosto muito de dançar e danço bem, maninho dançando parece que engoliu um espeto.
Eu decidi ter uma vida mais tranquila, com pouco dinheiro, ele segue correndo atráz do money.
Mas de tudo isso fica uma coisa, apesar de todas essas diferenças, eu gosto muito do meu irmão.
Na real, gosto de todos os meus irmãos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Prá criança




Olá amiguinhos! Nós somos a Lytzi, Pytzi e Kytzi, as gatinhas mais bonitas do Bairro Alvorada!
Nós moramos com mamãe Mietze na casa do Marcão, um ser grandão, de duas pernas, barrigudo, que faz uns barulhos estranhos e dá sustos em nós.
Mamãe nos ensinou a ter medo dele, porquê os filhotes que ela teve a tempos atráz, sumiram misteriosamente da casa, ela nunca mais os viu. Então quando ele vem em nossa direção nós corremos e nos escondemos!
Mas no fundo nós gostamos dele, mamãe disse que o treinou direitinho e fez demonstrações pra nós, quando ela foi nos ensinar a a comer coisas sólidas, nos chamou e disse: miiiuuu (olhem o que eu vou fazer!)
Dirigiu-se até os pés do Marcão, esfregou-se nele e disse miiaaaauuuu (nos dê comida!) e ele, obedientemente, colocou comida com gosto de peixe em nosso potinho! Depois ele encheu o nosso outro potinho com água fresquinha , a comida dá uma sede!
Nós nascemos no porão da casa do Marcão, dentro de uma caixa cheia de trapos de malha, depois nos mudamos pro sofá da sala que nossa mãe rasgou no lado, ficou um esconderijo bem legal.
Mas um dia a Nica, a faxineira do Marcão, pegou a nossa casa e levou para fora rasgou o pano do fundo dizendo: "Que horror, que fedor de cocô de gato", e lavou com muita água e sabão, depois colocou no sol pra secar; perdemos o esconderijo! Nesse dia nos escondemos no porão, com medo da Nica, um ser gordo, de duas pernas, que arrasta móveis, mexe com água, faz muito barulho e anda por toda casa!
Agora nós temos uma caixinha com areia, que Marcão colocou pra fazer cocô e dormimos no tapete colocado em cima da caixa de lenha.
Nós adoramos brincar e correr pela casa, subimos na estante de livros do Marcão e até derrubamos alguns! Agora estamos aprendendo o quê é "lá fora", saímos e descobrimos outro ser chamado "Batatinha" que tem quatro patas como nós, mas não é gato. é um ser assustador, com uma boca enorme e salta e corre ao redor de nós, e balança o rabo de forma diferente. Mamãe diz que "ela" é amiga mas nós temos medo e nos arqueamos e fazemos "ppffff" pra ela. Mamãe também treinou o Marcão pra abrir a porta prá irmos "lá fora", ele é muito obediente!
"Lá fora" é legal, tem sol, grama, arbustos pra se esconder, árvores pra afiar as unhas. pena é a chata da Batatinha pulando ao redor de nós. e tem uns bichinhos chamados passarinhos que dá vontade de pegar e comer!
Estamos desconfiadas, Marcão anda olhando de forma estranha pra nós, achamos que ele quer sumir com a gente.
Tem um outro ser chamado Mônica. que vem quase todas as manhãs, ela faz carinhos em Lytzi ( a filhote persa) e tenta pegar as outras duas, mas nós fugimos!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mis viejos no parque


Sábado levei "mis viejos" pra almoçar na EXPOIJUÍ, tive que insistir um pouco, pois a tendência deles é de querer ficar em casa no sossego, mas valeu a pena.
O seu José tinha vindo uma vez, a serviço da prefeitura, em tempos idos, bem no princípio( como diz um amigo meu: "nos primórdios") da feira, ficou impressionado com o tamanho e a pujança alcançada por este empreendimento.
Dª Mimi, mais passeadeira, tinha vindo várias vezes em companhia de Tia Ruth e Tia Eva, mas também já fazia tempo, pelo menos uns 15 anos.
Pena não ter podido mostrar todos os lugares pois "mi madre", com problemas nos joelhos, pouco consegue andar e, pra quem conhece o parque, alcançamos a Casa Espanhola com a velhita "pedindo água".
Resolvemos almoçar ali mesmo, entramos, a casa ainda vazia, faltava meia hora pra servirem, ficamos conversando e tomando sangria, que pro causo é uma delícia.
Eu tinha um intento na escolha dos espanhóis, era o de fazer eles provarem a famosa paella, prato típico servido junto ao buffet, pelo fato de que eu não posso comê-la por causa dos malfadados camarões.
Aberto o buffet, lá fomos nós, antes deles se servirem perguntei se alguém tinha alergia a crustáceos, disseram que não então deixei que se divertissem e comessem o que quisessem.
Dª Mimi até repetiu, ambos provaram a paella e gostaram, havia também a miga uma farofinha com bacon e farinha de milho com azeite de oliva, que os imigrantes gostavam muito.
Almoçados e sobremesados, tentei fazer com que caminhassem mais um pouquinho, mas não deu, devido ao cansaço materno tivemos que retornar e encerrar o passeio, eles percorreram duas ruas do parque achando tudo muito bonito. Se for possível ano que vem vou levá-los a outra casa típica para jantar, quem sabe de noite eles andem um pouco mais.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sufrir


postado por len em Mis poemas
Se sufre demasiado por amor, ésa es la verdad. Incluso los que se vanaglorian de estar perfectamente acoplados a su pareja, en lo más recóndito de su ser a veces albergan dudas, inseguridades o pequeños ...

Pena que Len não escreveu mais, não consigo mais acessar seu blog....

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Expoijuí-Fenadi

Todo ano, desde que voltei pra Ijuí, a cada feira, pelo menos uma vez vou lá e janto em uma das casas típicas, a fim de saborear os pratos típicos de cada etnia.
É uma riqueza que só os ijuienses tem o prazer de aproveitar, mas que oferecem alegremente pra todo visitante que chegar.
Quando eu era guri, achava que por toda parte era assim, uma mistura de povos de origens diferentes. Com o passar do tempo fui descobrindo que não, a politica de colonização era diferente, enfiavam uma leva de imigrantes do mesmo país tudo num lugar só e por isso temos os gringos na serra, os alemães nos vales, etc.
Com Ijuí foi diferente, eram outros tempos, precisavam acomodar os descendentes das colônias velhas e haviam levas pequenas de imigrantes de toda Europa que fugiam das guerras.
Mal sabiam esses dirigentes a riqueza que estavam legando a essa cidade; então ao lado dos alemães e italianos, temos holandeses, letos, russos, polacos, árabes, austríacos, suecos, negros, espanhóis, portugueses, e os gaúchos, representando o caldeamentos dessas raças que formaram nosso povo.
Costumes e crenças diferentes, alimentação, tradições, cultura formaram um caldeirão que gerou um povo diferenciado, somos bem diferentes da população das cidades ao redor, todas colonizadas práticamente por descendentes de portugueses. Nada contra meus patrícios, mas dá pra ver nitidamente a diferença no desenvolvimento, na cultura, na educação.
Lembro de meus colegas de CEAP, no "ginásio", Guimarães, Bergson, Fluck, Schmidt, Steinke, Wickert, Grammachek, Kaminski, Kriskzun, Ceratti, Benitez, Karlinski, Boger, Montagner, François, Garay, Fontoura, Vontobel, Schroer, Krutul, Witzke, Khun, Ketenhuber, Van der San, Faust, Schneider, Muller, Kirst, Bergel, Piccinin, Reufsaat, Thomé da Cruz, uma salada de sobrenomes das mais diferentes origens.
Mas voltemos à Exposição/Feira, desta vez não pude saborear o carro chefe da culinária típica espanhola, a famosa Paella porque nela temos crustáceos como o camarão e, assim como meu primo Dudu é alérgico a ovo, eu sou alégico a camarão e afins, e apesar de adorar o malfadado camarão, se comê-lo vou direto pro hospital. Me contentei com pratos menos perigosos e, depois, saboreando uma Heineken geladinha, assisti as apresentações das danças.
A graça das meninas, agitando saias, elaborando filigranas com as mãos e tocando castanholas é algo de uma beleza fenomenal. Diga-se de passagem, as danças mais sensuais e de uma plástica excepcional são, pela ordem: as Árabes, as Espanholas e as Afro; as demais interessam por mostrar através da dança o cotidiano de cada país, como a dança dos lenhadores alemães.
Outra coisa interessante são as vestimentas tipicas de cada país, revelam a riqueza e a criatividade desses povos.
Por fim, na feira só jantei porquê os preços dos objetos à venda são proibitivos para esse humilde e assalariado professor.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Há pessoas

Há pessoas que são como que ... iluminadas! Uma luz interior, um brilho sem luz, mas que é percebido, principalmente por quem dela necessita. Falo de Chica (Dª Maria Francisca), uma das colegas pacientes, internadas junto com minha frau.
Falei rápidamente dela anteriormente, uma mulher que apesar da depressão e da bipolaridade não parava um minuto quieta e fazia todo mundo sorrir.
Outro dia tive oportunidade de conversar mais longamente com ela e aí pude constatar toda a extensão do drama por ela vivido.
Imagine uma mãe que tem seu filho, um segurança de carro forte, atingido por tiros num assalto, um tiro na virilha, um tiro no estomago e um tiro na cabeça. Não morre, fica meses hospitalizado, recupera-se porém perde a visão de um olho. Ela cuidou dele este tempo todo.
Depois descobre estar com problemas sérios de saúde, diabetes, pressão alta e as artérias do coração comprometidas. Submete-se a três pontes de safena.
Depois tem uma série de microderrames (AVC´s) que continuam acontecendo, as safenas entopem, colocam stents, que também não funcionam, é necessário um transplante de coração.
Ontem ela foi para o Instituto do Coração, estava sentindo-se mal. Estamos torcendo para que tudo fique bem com ela!
A bipolaridade se manifesta se ela vir, ouvir ou deparar-se com alguma injustiça real ou possível de acontecer.
Houve um caso desses, dias atrás. Há um internado, por consumo de crack, do mal, já matou e estuprou; inventou de comentar em voz alta sobre as mulheres internadas: " tem muita mulher boa de bunda e de coxas aqui, essa noite vou atacar..."; pra quê! A Chica ouviu e, como diz o gaúcho, trepou num porco! Enfurecida, socando a mesa e chutando portas, ela exigiu de enfermeiras e monitores medidas para conter o tarado. Teve de ser sedada para acalmar-se. Mas funcionou, o cara, a noite foi sedado e amarrado à cama!
Entretanto, o normal dela é ser folienta, agitar a todos e fazer todo mundo rir!
Em tom jocoso, os pacientes falavam que o hospital iria segurá-la por uns dois meses, pois ela, melhor do que os remédios e médicos, curava os pacientes ou fazia com que melhorassem muito.
É uma pessoa especial, que apesar de problemas enormes, preocupa-se com as outras pessoas, faz tudo para vê-las felizes.
Saúde Chica!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Gente

Na minha profissão, lido com pessoas, muitas pessoas; alunos, colegas, pais. Me acostumei a ver ouvir, dialogar, observar, analisar e entender os mais diversos tipos de pessoas.
Porém esta semana, por força da internação de minha frau, interagi com um grupo inteiramente diferente de tudo que já tinha visto em minha existência. São pessoas que lutam contra as mais diversas dificuldades que a vida lhes apresentou; drogas, alcool, depressão, síndromes as mais diversas, fobias. Em tempo, acho que minha frau está com a Sindrome de Burnout, a doutora dela ainda não definiu o que ela tem e está fazendo uma série de exames pra ter certeza.
Uma prática do tratamento consiste em fazer com que todos se conheçam e participem de atividades que os envolvem, formando uma rede de relacionamentos. Lógico que alguns se esquivam, mas são chamados para irem ao pátio tomar sol e conversar e por fim todos se conhecem. Por força das visitas acabei conhecendo-os e a suas histórias de vida. E tem cada tipo!
Há os viciados em drogas, crack principalmente, todos jovens, a maioria da classe média e com um histórico de rebeldia, contestação e problemas familiares; uma exceção, rapaz pobre e viciado em crack, rouba da família, assalta outras pessoas, mata. É o único a tentar fugir, está ali contra sua vontade, rebela-se, tem que ser amarrado à cama e sedado.
Um caso bem curioso, menino, 13 anos no máximo, está ali porque é viciado em computador, foi a um extremo tão grande que esquecia de comer, dormir, estudar, estava a tanto tempo defronte a máquina que não conseguia mais caminhar e está tão desnutrido que parece um esqueleto coberto com a pele, fiquei impressionado.
Um tipo clássico, homem, meia idade, já gostava de beber. Ao falecer a esposa, atira-se à bebida de forma violenta e em um ano está num estado lastimável, delirium tremens, fica tão fraco que tem que ser carregado, hoje, já bem melhor, ao assistir à pregação de uma pastora é o último a sair da sala, dialogam, acredito que haverá uma conversão.
Outro caso clássico, moça romântica conhece homem sedutor, a moça tem bens e dinheiro, apaixona-se, o maganão permanece com ela até vender todos os bens herdados e gastar a grana toda. Consequencia, depressão profunda, perda total da auto estima; a moça bonita, elegante e bem vestida, quase para de piscar, engorda 40kg e passa a ter problemas de saude diversos. O mais impressionante é o olhar parado e um piscar lento depois de vários minutos. Assustador.
Um menininho bipolar, quando surtava, gritava, chutava, mordia machucando coleguinhas e professoras, já foi internado várias vezes, desta vez já está a 40 dias internado, alterna momentos em que é um menino normal, calmo e carinhoso, com outros em que é turbulento, barulhento e agressivo.
Os drogados, depois de um período de desintoxicação, são enviados para as "fazendas" ONG´s destinadas a recuperar essas pessoas.
Uma pitoresca, apelidada de Chica, é a animadora da turma, brinca, conta piadas, diz bobagens e faz todo mundo rir, seu problema? Depressão!
Outro. Pequeno comerciante, trabalha a vida toda, faz o pé de meia, educa os filhos encaminha-os. Decide comprar uma casa na praia, para curtir uma aposentadoria na sombra e água fresca. Ao comunicar a cara metade surpresa! Ela decretou que não arredava o pé e que ele fosse sózinho se quizesse! Revolta e depressão!
Um homem baixinho e barbudo, trabalhava como uma mula, ignorado pela família tem a sensação de ser transparente e que todos são surdos porque ninguém o ouve e nem o vê. Passa o tempo todo tentando ligar pra família, acho que bloquearam o seu celular. Depressão!