quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O Poder da Palavra

Quando criança, íamos todos os domingos à Escola Dominical da Igreja Metodista. Lá foi que pela primeira vez ouvi que as palavras tem poder. Tem poder de curar, de abençoar e outras coisas cristãs. Fui crescendo e lendo, ou ouvindo que as palavras, em sua essência, tem poder para o bem ou para o mal.
Tive oportunidade de usá-las, uso-as muito atualmente, já que como professor é uma ferramenta de trabalho e, no meu mister, tenho o poder de encaminhar alguém para o sucesso ou para o fracasso com meia dúzia de palavras bem colocadas.
Mas muito cuidado! Uma palavra mal colocada, dita em hora errada, dúbia, pode gerar problemas enormes, até gerar inimizades!
Exemplos: Ano de 1977, eu era funcionário de uma siderúrgica estatal, como Instrutor de Treinamento ministrava cursos de aperfeiçoamento para os operários da usina, pessoal da manutenção e da produçao na área de mecânica. Numa dessas formaram uma turma para um curso rápido, por causa de uma parada para manutenção, vieram todos os operários de um setor da produção. Primeiro dia, os alunos chegando, nisso entra um sujeito, magro, muito alto e, com o cabelo vermelho todo arrepiado no cocuruto. Não me contive e exclamei: Mas tu parece um pé de milho, tchê!
O cara ficou todo encabulado e a galera, todos do mesmo setor, se deitou a rir.
Passaram a chamá-lo pé de milho, ele enfurecia-se com isto até que um dia, alguns meses depois, ele apareceu no trabalho armado com um 38 engasgado de balas. Chegou pros colegas e disse: O primeiro que me chamar de pé de milho morre, e depois vou lá na escolinha (era como os peões chamavamo centro de treinamento) matar aquele professor fdp que me botou esse apelido! Fui avisado pra me cuidar, se visse o pé de milho indo pro meu lado era pra correr!
Hoje chamam isso de buliing.
Outro caso, quando nasceu minha filha, nós morávamos em Charqueadas, vieram todos os avós no dia do nascimento, a minha mãe e meu pai, minha sogra e meu sogro. Eu estava trabalhando quando Vivi nasceu, fui avisado e corri pra casa onde estavam todos. Quando cheguei lá, feliz com o nascimento da filha exclamei: Mas tem avó até demais nessa casa! Era pra ser entendido como brincadeira.
Não demorou meia hora minha sogra e meu sogro se mandaram embora! E a velha ficou de mal comigo um ano! Até que um dia ela me perguntou o que eu queria dizer com aquilo, fiquei abismado, expliquei que era uma expressão do pessoal do interior, uma brincadeira, aí nos entendemos.
Descobri que tenho essa má sina de às vezes, mesmo não querendo, ofender, magoar, entristecer as pessoas com palavras irrefletidas. Depois de feito, isso me dói muito, mas aí, como voltar?
Alguém disse que tem coisas que não tem volta: a pedra atirada, a palavra proferida e o tempo transcorrido. Outro alguém disse que quando vamos falar de alguma pessoa, devemos pensar: isso vai construir ou destruir? e evitar palavras destrutivas.
Hoje é o terceiro dia que venho refletindo sobre isso, por ter proferido palavras que não me aumentaram nada em sentido nenhum, não embelezaram nada ao meu redor, não troxeram luz, calor ou alegria para ninguém e estou me sentindo muito mal com isso.
Espero que a pessoa atingida por essas palavras impensadas me perdôe.
Fim

2 comentários:

  1. Há um ditado indiano q diz "cuida para que quando falares, tuas palavras sejam melhores do que o silêncio"... quando me lembro sigo isso, mas não é fácil... é tão bom conversar, jogar conversa fora, falar bobagens, e às vezes a gente extrapola... tudo normal!!! Mas às vezes ofendemos, sim, azar!!!

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