quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Alzheimer, lya luft‏

Recebi este e-mail de alguém que quero muito bem (minha tia Nara), estou republicando, pois é isto que vou passar nos próximos anos com meu querido e amado pai!


Lya Luft

Almocei com um amigo semanas atrás e, quando perguntei a razão de seu abatimento, ele me disse sem rodeios: "Esta manhã recebi o diagnóstico de minha mãe: é Alzheimer". Imaginei essa senhora, alegre e vital, enveredando pelas sombrias trilhas de uma enfermidade diabólica, e entendi a tristeza de meu amigo como se fosse minha. Minha própria mãe morreu aos 90 anos, depois de bem mais de uma década sendo paulatinamente envolvida na mortalha mental e emocional do Alzheimer. Uma bela mulher ativa tornou-se inexoravelmente uma estranha, raramente ostentando uma vaga semelhança com a que fora minha mãe.
A doença se manifesta em geral muito sutil: um esquecimento aqui, uma confusão ali. Uma atitude estranha aqui, outra ali, intercaladas por fases de aparente normalidade. A sociabilidade muda, os bons modos parecem esquecidos, o controle do dinheiro se torna caótico, e é dificílimo interferir. Há enorme resistência dos familiares em aceitar essa enfermidade. Para mim, minha mãe sofria episódios naturais de esquecimento. Só o choque de um dia a encontrar com uma pintura bizarra no rosto, ela tão recatada, me fez cair na duríssima realidade. Ela já não sabia – ou em longos períodos não sabia – o que estava fazendo. Algumas pessoas mais chegadas tinham me avisado: eu havia me recusado a ver.
O que eu disse a meu amigo, disse a mim mesma nos muitos longuíssimos anos daquela jornada: o doente em geral não sofre. A família, sim. O que se pode fazer? Muito pouco, além de cuidar para que ele esteja bem alimentado, bem abrigado, medicado e tratado com carinho. Nada de criticar quando não sabe mais quem somos, porque no fim não sabe mais quem ele próprio é. Quando já não se porta à mesa como antes, quando faz "artes" às vezes perigosas, ele precisa ser protegido, não mais ensinado. Não vai mesmo aprender. Como sempre nas doenças graves, devemos lembrar que a vítima não somos nós: é o outro. Nesse processo, que em geral dura muitos anos, não há nada de bom, de belo, de encantador, a não ser o exercício da ternura, da paciência e dos cuidados, sem esperar muito retorno, pois em breve seremos chamados de senhor, senhora, moça, não mais de filha, filho, meu querido. O ser amado se distancia, sem volta, sem saber, sem querer e sem que nada possa evitar: agora havia ali uma velhinha da qual eu cuidava como podia. Por fim, para a proteger de si própria, por insistência dos médicos ela foi posta na melhor clínica que pude assumir. Jamais esquecerei a dor e a culpa que me assaltaram, contrariando qualquer raciocínio. Milhares de vezes tentei me convencer de que minha mãe nem existia mais, era apenas uma velhinha de quem eu tinha de cuidar. Como ficção, funcionava; como realidade, a cada uma das centenas de visitas meu coração se partia outra vez.
Cuide de sua doente, eu disse a meu amigo, da melhor forma. Não alimente nenhuma esperança vã, pois tudo é triste, infinitamente desalentador. Uma coisa que ajuda, um pouco, é tentar entrar no universo do doente, em lugar de querer que ele retorne ao nosso. Mas cuide também de si mesmo. Tente pegar-se no colo, proteja-se da culpa insensata que nos espreita, siga sua vida. Na natureza morrem árvores jovens, e velhas árvores tortas vivem muito além da última floração. Estamos mergulhados no mistério: isso torna a vida possível mesmo quando não a entendemos.
Lya Luft é escritora



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Uma do Wimutt!

"Um homem gravou o número da sua amante com o nome de BATERIA FRACA e sempre que a amante liga, na ausência dele, a esposa pega o celular e põe para carregar" !!!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Impressões de viagem - Acampar (3)

Nessa semana onde eu e Moniquinha saímos pelo mundo sem nos preocuparmos muito com o destino final, tivemos a oportunidade de apreciar algumas coisas, depreciar outras e tirar algumas conclusões ou pelo menos impressões do que vimos.
Deliberadamente saímos sem pressa, até porque não sabíamos quando seria a primeira parada, então me mantive entre os 80 e, no máximo, 100km/h, eventualmente um pouco mais ao fazer uma ultrapassagem.
Primeira constatação; não sei se por causa da campanha e blitzes contra beber e dirigir, os motoristas estão mais comportados. Exceções: proprietários de camionetes, que acreditam ser a lei só pros outros e a praga do verão: motoristas castelhanos, estes ignoram olimpicamente toda e qualquer lei de trânsito brasileira, dirigem em alta velocidade, fazem ultrapassagens temerárias, uma loucura!
Impressionou, até porque fiquei pulando de uma BR para outra, a quantidade de pedágios, tá certo os caras procuram manter a estrada melhor conservada, mas também, com o rio de dinheiro que arrecadam todos dias até eu! Soube que os pedágios serão desativados na medida que os contratos forem vencendo, só espero que a manutenção das estradas não vá pro beleléu!
Nossa primeira parada, foi no Parque das Tuias, no município de Fontoura Xavier, não chegamos a entrar, já na portaria recebemos a notícia de que o empreendimento, em função de restrições impostas pela fiscalização, não permitia ou retringia uma série de coisas que para um campista são normais, tipo, fazer sua própria comida, assar um bom churrasco, pescar, restrições com armas (faca de churrasco é uma arma), enfim tudo tinha que ser comprado do parque. Frustrados desistimos.
Seguimos subindo a serra e, em Marques de Souza encontramos vários campings/balneários, e aí mais uma dificuldade, os donos destes locais estavam optando por não mais receber campistas, mantendo a frequencia apenas nos fins de semana e somente durante o dia. Justificativa: os jovens ( magrinhagem, na definição de um proprietário) acampavam em bandos, promoviam arruaças, bebedeiras e som alto madrugada afora, ou seja, muito incômodo. Por sorte, um deles ainda recebia campistas, depois de verificar a faixa etária e intenções, como já passamos do peso e da idade pra fazer bagunça fomos aceitos.
O local aprazível, organizadinho, limpo, bem gramado, com boa sombra, tomadas de energia, torneiras, banheiro, só falta colocar umas mesas fixas ao lado das churrasqueiras. Se o dono não desistir recomendo.
Havia chovido antes de chegarmos ali, então a grama estava úmida, ficamos um dia e resolvemos partir, seguir adiante. Resolvemos ir para a Costa Doce, mais precisamente Tapes, onde a décadas eu já havia acampado.
 No caminho propus pra Mônica atravessarmos o Rio Jacuí de balsa em Barão do Triunfo, como ela aceitou, lá fomos nós!
Depois desta aventura, um momento de volta ao passado, visitei minha antiga casa em Charqueadas, onde residi e trabalhei por nove anos. A vila residencial está mudada, mais casas, não está mais padronizada, com casas iguais em cada núcleo habitacional, no entorno da vila muitas construções, cresceu!
Lagoa dos Patos ao entardecer

Então demo via a Tapes. Chegamos aí pelas 18h, depois de alguns desencontros afinal entramos no Camping Fagundes (secretamente alimentei a curiosidade de saber se o Nico, o Bagre ou o Neto frequentavam o local) onde fomos recebidos por vários velhotes e instados a nos instalarmos pra depois "fazer a ficha". Assim fizemos, quando voltei na portaria, a pergunta: mas vocês são de Ijuí mesmo? Estavam admirados de alguém viajar uns 600km pra acampar ali, a freguesia é da grande Porto Alegre.
Os velhotes são moradores fixos do local, tem suas barracas e ficam ali o ano todo recebem um desconto no aluguel por ajudarem a manter o camping. Um a um vieram até nós, puxaram assunto, puseram-se a disposição pra caso necessitássemos. Ao nos instalarmos, nos demos conta que devíamos ter trazido extensões, rabicho com lâmpada e precisávamos de uma mesa! Um caixote de madeira abandonado por alguém acabou servindo de mesa, o vizinho (Seu Paulo e Dª Geni, de Guaíba) da barraca ao lado emprestou um rabicho com lâmpada e, como paxás estávamos instalados! Depois fomos descobrir que o chão de areia é muito duro e decidimos melhorar o item colchonetes para as próximas aventuras.
Ficamos 5 dias, em todos os dias houve sol, pescamos, caminhamos na praia, visitamos a cidadezinha, tiramos fotos, cozinhamos, comemos em restaurantes, fizemos compras, espiamos a internet (sem jogar) enfim descansamos a cabeça naquela paz e tranquilidade.
 A exceção foi o domingo!
Domingo pela manhã, levantei, tomei café e me dirigi ao banheiro pra escovar os dentes. Quando voltei, o susto, haviam invadido nossa praia! Cerca de 50 pessoas se aboletavam ao nosso redor (um ônibus de excursão inteiro!), e começaram a chegar carros com mais gente e todo mundo se instalou ali. Conversas, risos, gritinhos de uhuuu, alguém colocou um som (sertanejo universitário, mas tudo bem), o tempo foi passando o pessoal se espalhou, alguns foram ao banho na lagoa, outros começaram a preparar o churrasco dominical e nós a preparar o almoço. Foi aí que uma galera decidiu radicalizar! Meteram um funk da pesada! As rimas da letra (?) da musica (?) eram positivamente qualquer coisa! Tipo moda/f.da e assim por diante. Diante da impossibilidade de ficar ali sem acabar matando um ou dois funkeiros, comemos às pressas, preparamos o mate e fugimos para a extremidade da praia oposta à que esse povo estava e lá passamos quase toda a tarde! De lá deu pra assistir cenas de sexo explícito dentro dágua, enquanto crianças brincavam ao redor.
Felizmente as 16:30 a coordenadora da excursão deu sinal de recolher e às 17h já estava de volta a paz e a tranquilidade do local.
Outro fato ocorreu na sexta- feira. Três rapazes, um maior e dois menores, instalaram uma barraca fora da área do camping e levaram para lá três meninas ( idades de 12 a 14 anos), convém dizer que as meninas foram por livre e expontânea vontade, passaram a noite lá. A mãe de uma delas chamou a polícia e fez a denúncia. Pela manhã a brigada militar prendeu os rapazes e conduziu todo mundo pra delegacia, os dois menores foram liberados depois dos registros de praxe e o maior recolhido à cadeia ( pelo pouco que sei, manter relações com menor de idade, mesmo consentido, é considerado estupro).
Que côsa.
Mas tirando esses fatos, que apimentaram um pouco o passeio, foi um bom período de descanso!

Põr do sol em Tapes











Acampar (2)

Balsa no Rio Jacuí

Balsa

Chegada a Tapes

Mudamos a barraca para a sombra!

!º passeio na praia da Costa Doce

Inaugurando o bikini

Ao fundo, a direita,  uma figueira, árvore típica do Sul

Pegando uma cor

sem comentários

Já tostadinhos

Corpo atlético!

Sereia 

Escuna Bucanero

Feliz de chapéu novo

Como não podia deixar de ser!

Caixote improvisado de mesa

Entrada do camping - Tapes

Kit sobrevivência: chimarrão, cigarro, notebook e de chapéu novo! E as varas de pescar!

Saímos de Marques de Souza com destino a Tapes, na Lagoa dos Patos. Quando estávamos na Tabaí-Canoas, propus à Mônica uma travessia de balsa no Rio Jacuí e ela aceitou. Entramos numa estradinha secundária com destino a Barão do Triunfo para fazer a travessia. Cruzamos o rio, passamos por Charqueadas, onde trabalhei e morei por longos 9 anos. Aproveitei pra mostrar a minha antiga casa, na Vila Residencial da Aços Finos Piratini.
Pegamos a BR 290 até Guaíba e depois a BR 116 até Tapes, sem contar com a estradinha pavimentada e esburacada que vai da BR até a cidade. Havia placas avisando pra ter cuidado, mas consertar os buracos nada! Procuramos pelos campings e chegamos num local onde há três um ao lado do outro. Óbviamente fui naquele que parecia mais organizado e limpo a 1ª vista. A mulher da portaria perguntou se eu era sócio, enquanto eu respondia entrou um carro com um velhão, cara de milico invocado me olhando com cara de poucos amigos, me medindo de cima abaixo. Aí a mulher explicou que aquele era um camping de militares e só dava acesso a sócios. Dã! Pedimos informações sobre os outros dois, encobertos pelas árvores. A mulher perguntou, vocês querem descansar ou agitar?
Descansar! Respondemos em uníssono. Então vão no Fagundes, disse ela. E lá fomos nós.
Depois de passar pela portaria onde nos inscrevemos, procuramos lugar propício pra acampar, achamos um local espaçoso e só com duas barracas por perto e nos instalamos. Detalhe, o chão era pura areia!
Para colocar a barraca, arrumei uma madeira de a fim de "patrolar" a areia nivelando-a, assim a cama ficava mais confortável. Logo vieram nos visitar uns velhões, moradores do local explicaram, que ajudavam a cuidar do camping em troca de descontos no pagamento da mensalidade. Colocaram-se a disposição para qualquer coisa que precisássemos. Ao mesmo tempo procuraram tirar informações sobre quem éramos, se vinhamos de Ijuí mesmo, etc.
Descobrimos depois que vários casais de idosos(aposentados), montaram suas barracas no camping e moravam lá o ano inteiro, é como estar de férias o ano todo diz um dos moradores.
Depois de instalados fomos caminhar na praia, areia grossa, ondas pequenas, brisa constante da lagoa para a terra, mesmo com sol forte fica sempre fresquinho e no entardecer fica meio friozinho.
Pescamos, pegamos alguns peixinhos, mas não fritamos, demos os maiores pras crianças que pescavam por ali e usamos os pequenos como isca, na esperança de pegar um peixe grande. Não conseguimos.
Tomamos muito chimarrão, descansamos, namoramos um pouco (que ninguém é de ferro!) e fomos duas vezes à cidade procurar restaurante pra comer peixe. O único restaurante que serve peixe como prato principal só funciona sextas e sábados! Ficamos na vontade.
Fizemos amizade com um casal de Guaíba, Seu Paulo e Dª Geni, gente boa, nos emprestaram um rabicho com lâmpada pra não termos que ir dormir com as galinhas. Os dias passaram rápido, todos dias com sol, quando vimos estava na hora de ir embora. Voltamos por Sta. Maria, pra não fazer o mesmo roteiro.
Chegamos a Ijuí com chuva.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Acampar! (1)

Viajamos com o intuito de acampar. A primeira parada foi no Parque das Tuias, município de Fontoura Xavier, na portaria recebemos informações  sobre o funcionamento do camping e  um folheto institucional sobre o hotel e demais atividades do empreendimento. Mas nos decepcionamos, embora tenhamos que concordar que eles estão ali para isso. A coisa toda está formatada pra ganhar dinheiro, então: não pode cozinhar, não pode trazer carne pra assar, não pode entrar com faca ou arma, tudo é pago, passeio, água, ingresso no parque, pesque e leve (não limpam os peixes)... etc; refeições, até um copo de água você tem que pagar.
Parque das Tuias - Entrada

Parque das Tuias - Aquário Gigante

Assim seguimos em frente, chegando na serra, em Marques de Souza, há vários campings e balneários, fomos passando de um por um e em todos a mesma resposta; em função das festas de fim de ano estavam desistindo do camping e passando a funcionar somente nos finais de semana, durante o dia. Comentário de um dono de camping: "A culpa de estarmos desistindo é da magrinhagem, acampam, promovem bebedeiras, arruaças, som alto a noite toda, um caos!"
Vista aérea do camping
O camping é todo gramado
O homem indicou o único camping que ainda aceitava campistas, o Camping Riacho Doce, no km 333 da BR386   , e para lá nos mandamos.
Fomos atendidos por um alemão enorme , muito gentil, que antes de responder se dava pra acampar verificou quantos éramos, vendo que era só um casal respondeu positivamente, apertou a minha mão com sua manopla e disse para ficarmos à vontade. Se fosse rapaziada, disse o homem, não deixaríamos acampar porque tem dado muitos problemas! Local muito bem organizado, limpo, com energia elétrica, torneiras, chuveiros, churrasqueiras, muita sombra, à beira do Rio Forqueta (que eu cheguei a pensar que era o Rio  das Antas, né Sol/Eva ! kkkkkkk).
Só achei uma deficiência, em outros campings (e outra época) haviam mesas de cimento ou até de madeira rústica, próximo a cada churrasqueira o que facilitava muito, neste não havia; coisa que pode ser corrigida, com certeza. 
Já de cara constatamos algumas coisas, o fogareiro que reformei pra acampar deu problema em uma das bocas e preteia toda a panela, sempre teremos de trazer extensões e bicos de luz (ou dormir com as galinhas!), o colchonete é bem fino e (o chão) durinho


Preparando um "Arroz de china pobre", arroz com salame.

Camping arborizado

Cozinha campeira instalada!

Chimarrão e o "pito" não podem faltar!

Entrada do "Balneário"!

Vista do camping

Banheiros ( a direita), Recepção - Bar - Refeitório (a esquerda)

Rio Forqueta - Balneário




Ninho de marimbondos esquisito

No Face, ao lado da rede de volei

Lendo as últimas notícias


Nos instalamos. Não precisa muito tempo, a barraquinha se arma com duas varetas, colocamos as cobertas dentro, catei seis tijolos pra servir de base pro fogareiro, aquentamos a água pro mate, então ficamos mateando e apreciando a natureza ao redor. Silêncio e canto dos passarinhos eram nossa companhia, o camping, com exceção de alguns moradores, estava vazio.
Continua....




segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Os Gaúchos - Arnaldo Jabor

Parece que o cara ficou fã nosso!
Arnaldo Jabor       
   
     O Rio Grande do Sul é como aquele filho que sai muito diferente do resto da família. A gente gosta, mas estranha. O Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil . Até o começo do século XIX, espanhóis e portugueses ainda se esfolavam para saber quem era o dono da terra gaúcha. Talvez por ter chegado depois, o Estado ficou com um jeito diferente de ser.

     Começa que diverge no clima: um Brasil onde faz frio e venta, com pinheiros em vez de coqueiros, é tão fora do padrão quanto um Canadá que fosse à praia. Depois, tem a mania de tocar sanfona, que lá no RS chamam de gaita, e de tomar mate em vez de café. Mas o mais original de tudo é a personalidade forte do gaúcho. A gente rigorosa do sul não sabe nada do riso fácil e da fala mansa dos brasileiros do litoral, como cariocas e baianos. Em lugar do calorzinho da praia, o gaúcho tem o vazio e o silêncio do pampa, que precisou ser conquistado à unha dos espanhóis.
 
     Há quem interprete que foi o desamparo diante desses abismos horizontais de espaço que gerou, como reação, o famoso temperamento belicoso dos sulinos.
     É uma teoria - mas conta com o precioso aval de um certo Analista de Bagé, personagem de Luis Fernando Veríssimo que recebia seus pacientes de bombacha e esporas, berrando: "Mas que frescura é essa de neurose, tchê?"
 
     Todo gaúcho ama sua terra acima de tudo e está sempre a postos para defendê- la. Mesmo que tenha de pagar o preço em sangue e luta.
     Gaúcho que se preze já nasce montado no bagual (cavalo bravo). E, antes de trocar os dentes de leite, já é especialista em dar tiros de laço. Ou seja, saber laçar novilhos à moda gaúcha, que é diferente da jeito americano, porque laço é de couro trançado em vez de corda, e o tamanho da laçada, ou armada, é bem maior, com oito metros de diâmetro, em vez de dois ou três.

     Mas por baixo do poncho bate um coração capaz de se emocionar até as lágrimas em uma reunião de um Centro de Tradições Gaúchas, o CTG, criados para preservar os usos e costumes locais. Neles, os durões se derretem: cantam, dançam e até declamam versinhos em honra da garrucha, da erva-mate e outros gauchismos. Um dos poemas prediletos é "Chimarrão", do tradicionalista Glauco Saraiva, que tem estrofes como: "E a cuia, seio moreno/que passa de mão em mão/traduz no meu chimarrão/a velha hospitalidade da gente do meu rincão." (bem, tirando o machismo do seio moreno, passando de mão em mão, até que é bonito).

    Esse regionalismo exacerbado costuma criar problemas de imagem para os gaúchos, sempre acusados de se sentir superiores ao resto do País.
 
     Não é verdade - mas poderia ser, a julgar por alguns dados e estatísticas.
     O Rio Grande do Sul é possuidor do melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, de acordo com a ONU, do menor índice de analfabetismo do País, segundo o IBGE e o da população mais longeva da América Latina, (tendo Veranópolis a terceira cidade do mundo em longevidade), segundo a Organização Mundial da Saúde. E ainda tem as mulheres mais bonitas do País, segundo a Agência Ford Models. (eu já sabia!!! rss) Além do gaúcho, chamado de machista", qual outro povo que valoriza a mulher a ponto de chamá-la de prenda (que quer dizer algo de muito valor)?
     Macanudo, tchê. Ou, como se diz em outra praças: "legal às pampas", uma expressão que, por sinal, veio de lá.

     Aos meus amigos gaúchos e não gaúchos, um forte abraço!
 
     Arnaldo Jabor - Os Gaúchos
Arnaldo Jabor

O Rio Grande do Sul é como aquele filho que sai muito diferente do resto da família. A gente gosta, mas estranha. O Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil . Até o começo do século XIX, espanhóis e portugueses ainda se esfolavam para saber quem era o dono da terra gaúcha. Talvez por ter chegado depois, o Estado ficou com um jeito diferente de ser.

Começa que diverge no clima: um Brasil onde faz frio e venta, com pinheiros em vez de coqueiros, é tão fora do padrão quanto um Canadá que fosse à praia. Depois, tem a mania de tocar sanfona, que lá no RS chamam de gaita, e de tomar mate em vez de café. Mas o mais original de tudo é a personalidade forte do gaúcho. A gente rigorosa do sul não sabe nada do riso fácil e da fala mansa dos brasileiros do litoral, como cariocas e baianos. Em lugar do calorzinho da praia, o gaúcho tem o vazio e o silêncio do pampa, que precisou ser conquistado à unha dos espanhóis.

Há quem interprete que foi o desamparo diante desses abismos horizontais de espaço que gerou, como reação, o famoso temperamento belicoso dos sulinos.
É uma teoria - mas conta com o precioso aval de um certo Analista de Bagé, personagem de Luis Fernando Veríssimo que recebia seus pacientes de bombacha e esporas, berrando: "Mas que frescura é essa de neurose, tchê?"

Todo gaúcho ama sua terra acima de tudo e está sempre a postos para defendê- la. Mesmo que tenha de pagar o preço em sangue e luta.
Gaúcho que se preze já nasce montado no bagual (cavalo bravo). E, antes de trocar os dentes de leite, já é especialista em dar tiros de laço. Ou seja, saber laçar novilhos à moda gaúcha, que é diferente da jeito americano, porque laço é de couro trançado em vez de corda, e o tamanho da laçada, ou armada, é bem maior, com oito metros de diâmetro, em vez de dois ou três.

Mas por baixo do poncho bate um coração capaz de se emocionar até as lágrimas em uma reunião de um Centro de Tradições Gaúchas, o CTG, criados para preservar os usos e costumes locais. Neles, os durões se derretem: cantam, dançam e até declamam versinhos em honra da garrucha, da erva-mate e outros gauchismos. Um dos poemas prediletos é "Chimarrão", do tradicionalista Glauco Saraiva, que tem estrofes como: "E a cuia, seio moreno/que passa de mão em mão/traduz no meu chimarrão/a velha hospitalidade da gente do meu rincão." (bem, tirando o machismo do seio moreno, passando de mão em mão, até que é bonito).

Esse regionalismo exacerbado costuma criar problemas de imagem para os gaúchos, sempre acusados de se sentir superiores ao resto do País.

Não é verdade - mas poderia ser, a julgar por alguns dados e estatísticas.
O Rio Grande do Sul é possuidor do melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, de acordo com a ONU, do menor índice de analfabetismo do País, segundo o IBGE e o da população mais longeva da América Latina, (tendo Veranópolis a terceira cidade do mundo em longevidade), segundo a Organização Mundial da Saúde. E ainda tem as mulheres mais bonitas do País, segundo a Agência Ford Models. (eu já sabia!!! rss) Além do gaúcho, chamado de machista", qual outro povo que valoriza a mulher a ponto de chamá-la de prenda (que quer dizer algo de muito valor)?
Macanudo, tchê. Ou, como se diz em outra praças: "legal às pampas", uma expressão que, por sinal, veio de lá.

Aos meus amigos gaúchos e não gaúchos, um forte abraço!

Arnaldo Jabor - Os Gaúchos

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O casório do Dudu!

O meu primo Eduardo Ritter (mais conhecido como Dudu, que me chama de tio, afinal sou o primeiro neto dos Carvalhos e um pouco de hierarquia não faz mal, hehehehehe!) parou de enrolar a Crys e casou! Ele é um do trio de alemões (que não são alemões) blogueiros, e que, curiosamente, no ano de 2012 arrumaram parceiras (Dudu, que casou com a Crys e Gerson que uniu-se à Patsy e à "Nitole", filhinha dela, eu já tinha a Mônica, embora não fosse o Cebolinha).
Da direita pra esquerda, José e Noemi (dindos) e Marcos
A cerimônia religiosa foi na Catedral Ângelopolitana e contou com a presença de familiares do Noivo e da Noiva além de amigos do casal. Cerimônia bonita, músicas escolhidas a dedo, padre bem humorado, tudo beleza! Ah! Também esteve presente um casal de andorinhas que ficavam voando pra lá e pra cá, na nave central enquanto Dª Mimi, preocupada observava as evoluções.
Depois a festa, na casa do Sr Claiton, mais conhecido como "o pai da noiva", buffet no capricho, chopp e refri geladinhos à vontade, tabuleiro de docinhos e  o bolo da noiva, enquanto a Larissa e outros pequerruchos "ferviam" entre os convidados, Laurinha, com aftas sofria solitária e heroicamente.


Dudu e Crys cortando o bolo e Larissa enfiando o dedo no merengue!

Chegou a hora fatal, em que a noiva joga o buquê e a mulherada solteira (mais ou menos desesperada) tenta pegá-lo pra ser a próxima a casar. Detalhe, eu e a Mônica estamos juntos (as vezes mais, as vezes menos) a  seis anos,  pra incomodar, tive a infeliz idéia de incitar a parceira pra que pegasse o tal buquê.
Pois não é que a Crys jogou o buquê bem em cima dela?

A Mônica estava lá atrás!



Ela pegou o buquê e jogou no meu colo dizendo: " Te vira agora!"
O buquê fatídico!
Me lasquei!
Mais algumas fotos.

Discurso

Os Carvalhos

Priminhos

Tia Nara e o casal
Na praça do Jacaré


O amor é lindo!



Temporal!

 A entrada do ano novo foi singular e muito bonita! Eu e Mônica fomos para uma elevação perto da casa dela de onde podíamos ver as luzes da cidade de Ijuí, em toda sua extensão. Estávamos a seis km  da cidade, numa estradinha que corta plantações de soja, a oeste do centro.
Assistimos deste lugar privilegiado aos fogos que saudavam a entrada de mais um ano, nos desejamos feliz ano novo, brindamos, etc...
Depois de um tempo voltamos para a casa da Mônica, onde iríamos dormir para na manhã seguinte buscarmos Seu José e Dª Mimi, a fim de comemorarmos junto com a família de meu irmão.

Por pouco os carros não foram atingidos
 Então começou o pesadelo. Pela internet, Mônica tomou conhecimento de temporal que atingia o estado, mais precisamente Santa Maria e que se deslocava para oeste. Pensei , mas não comentei, vai passar por aqui. Mas continuamos com os preparativos pra dormir. Então faltou energia, que foi e voltou rápidamente umas 3 vezes. Mônica ainda foi fumar um último cigarrinho, enquanto espiava pela janela e eu deitei. Primeiro começou uma chuva, depois o vento, que foi aumentando de intensidade em proporções geométricas. Deitado eu sentia as telhas da casa vibrarem com a força do vento, então ouvi um som de pancada e vidro se quebrando, era o vidro da porta da cozinha que havia estourado (ainda não sabíamos, mas a porta fora atingida pelo pedaço de telhado arrancado do galpão que fica a uns 20m da casa), Mônica gritou pra que eu levantasse, vestisse uma roupa, porquê poderíamos ter que sair a qualquer momento.
A casinha do galinheiro tombou
Meio sonolento e um pouco atarantado, saí catando roupas e calçados no escuro, ouvindo o vento gritar jogando água em rajadas para dentro de casa. O vento era tão forte que emitia um ruído parecido com o uivo, tanto que perguntei se eram os cães que estavam uivando daquele jeito, ela disse: não, é o vento!
Nós tinhamos guardado um balcão que estava na área, de forma que, com espaço, estacionamos os carros bem pra dentro dessa área coberta que fica na frente da casa. Foi nossa sorte, outro pedaço do telhado do galpão foi arrancado, girou no ar, atingiu as telhas da área, girou no ar novamente e caiu sobre a cerca.
 Ouvíamos estrondos de galhos se quebrando (o terreno onde fica a casa, de mais ou menos 1ha, tem uma parte com muitos eucaliptos de grande porte) e assístíamos pela fresta da janela os clarões dos relampagos e a chuva quase na horizontal devido à força dos ventos.
Decidimos então, esperar a tormenta amainar para irmos até a cidade ver como estavam meus velhinhos e se a casa deles não fora atingida pela tempestade.
Galhos do eucalipto tombado, o tronco está mais à direita
Tentei ligar para meu irmão mas ele não atendeu,
 meus pais também não atenderam.
Quando a chuva e o vento diminuíram, saímos
 e começamos a ver os estragos (as fotos mostram a extensão dos danos), no galpão, na casa e também na escola que fica em frente. Quando tentamos sair a rua estava bloqueada por dois enormes troncos de eucalipto, manobramos o carro para tentar sair pela outra extremidade da estradinha, mas também estava bloqueada por diversas árvores caídas.
A última parte da máquina de lavar encontrada
Quando voltamos, um vizinho desobstruia a rua com uma motoserra, enquanto esperávamos a Mônica começou encontrar coisas dela entre os galhos: a máquina de lavar roupa toda desmontada, baldes, o cesto de roupa, coisas que estavam do lado de fora que o vento carregou.
Sala de aula destelhada
Começaram a chegar carros vindos de Ijuí, nos informaram que a BR estava bloqueada por grande quantidade de arvores caídas, perto do posto da Polícia Federal, teríamos que ir até o trevo de Catuípe, entrar na RS pra poder chegar à cidade.
Assim fizemos. Preocupados, fomos até a casa do meu irmão, olhamos, parecia tudo em ordem. Fomos até a casa dos meus pais, entramos, acordamos os velhinhos, que já dormiam, disseram qua achavam não ter acontecido nada com a casa (no dia seguinte o vizinho, que consertava o telhado da casa ao lado avisou que havia telhas deslocadas pelo vento).
A quadra onde meus pais moram era uma desolação só, a casa em frente havia sido totalmente destelhada, em todas as casas havia danos de maior ou menor monta, na esquina da quadra seguinte outra casa destelhada.
Agora estou a cata de um pedreiro pra revisar e consertar o telhado!
Hasta!

Brinquedo foi arrastado e caiu sobre a cerca da pracinha

Eucalipto quebrou dentro do pátio e obstruiu a rua em frente

As telhas de zinco em dois pedaços grandes voaram por mais de vinte metros

As telhas foram arrancadas

O oitão inclinou com a força do vento!